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domingo, 7 de junho de 2015

Aumenta número de casos de vandalismo no Metrô do Recife

Créditos: JC Online/Divulgação

Nos últimos dois anos, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) gastou, aproximadamente, R$ 1,2 milhões com serviços de manutenção nos trens que compõem o sistema do Metrô do Recife (Metrorec). O dinheiro, que poderia ser investido em melhorias no sistema de transporte, foi utilizado em reparos de vidros de portas e janelas, quebrados em decorrência de atos de vandalismo. E, de acordo com a CBTU, a tendência é que esse valor cresça ainda mais, já que o número de casos de depredação registrados no Metrorec tem aumentado consideravelmente este ano.

Para se ter uma ideia, só entre os dias 12 e 14 de maio, foram contabilizados 20 vidros de trens quebrados, sendo 18 deles de janelas e 8 de portas. Em apenas três dias, os gastos totalizaram R$ 22 mil, segundo a CBTU. Pelo menos cinco composições precisaram ser tiradas de circulação para manutenção. 

“Ao cometer esses atos de vandalismo, as pessoas estão danificando o patrimônio público e também cometendo um crime contra a população. Cada trem que é tirado de ciculação para serviços de reparo fica parado por aproximadamente oito horas. Isso representa, pelo menos, 10 mil lugares a menos para a população em horários de pico”, explica o gerente de comunicação do Metrorec, Salvino Gomes, que destaca que os casos mais comuns são apedrejamentos e chutes.

O que tem chamado a atenção é que as ações de depredação não se restringem aos dias de jogos, quando normalmente se registra vários casos de vandalismo. Em dias comuns também estão sendo contabilizados diversos atos. “Não é só o futebol que está comprometendo nosso sistema. Não tivemos jogos importantes nesses últimos dias e várias composições tiveram janelas quebradas e portas danificadas”, afirma Salvino Gomes.

De acordo com dados divulgados pela CBTU, no ano de 2013, os prejuízos somaram R$ 500 mil reais. Já em 2014, o valor subiu para R$ 700 mil reais, um aumento de 40%. Este ano, o número deve ultrapassar R$ 1 milhão, já que só nos primeiros cinco meses de 2015 já foram empregados cerca de R$ 400 mil com esse tipo de manutenção. “Se o valor continuar crescendo, a circulação dos trens pode ficar comprometida, pois não vamos dispor de uma frota de segurança, que são aqueles trens que eventualmente entram para dar a assistência necessária para a população”, analisa o gerente de comunicação. 

As imagens das câmeras de segurança instaladas na estações do metrô estão sendo coletadas e encaminhadas à polícia para tentar identificar os responsáveis pelas ações criminosas. A população também pode ajudar, denunciando casos de vandalismo por meio da ouvidoria da CBTU, nos números (81) 2102-8580/2102-8556. Não é preciso se identificar.

SEGURANÇA - Mesmo depois da morte do músico Jessé de Paula, que foi atingido em março deste ano por um trem na estação Largo da Paz, em Afogados, após ultrapassar a faixa de segurança, os usuários do Metrorec continuam sem respeitar o limite de distância entre o passageiro e a composição estabelecido pela faixa amarela. Na última sexta-feira (15), a reportagem do JC esteve na Estação Central do Metrô e flagrou dezenas de usuários invadindo o espaço e colocando as próprias vidas em risco.

JC Online

sábado, 6 de junho de 2015

Metrô trava portas para ambulantes

Operação está sendo realizada, inicialmente, nos terminais que apresentam o maior índice de casos de comércio informal. Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) está fechando o cerco contra vendedores ambulantes que atuam ilegalmente dentro dos vagões e das estações do Metrô do Recife, por onde passam diariamente cerca de 400 mil passageiros. A empresa firmou parceria com a Prefeitura do Recife, Polícia Militar, e com o Grande Recife Consórcio de Transportes para intensificar as fiscalizações e coibir o comércio informal nas composições ferroviárias, prática proibida por duas leis – uma estadual e outra federal.

A ação está sendo articulada entre os órgãos desde o fim do ano passado e começou a ser colocada em prática na última semana. Os agentes da PM e fiscais da Diretoria de Controle Urbano (Dircon) estão atuando com seguranças da CBTU. Quem é flagrado comercializando qualquer tipo de mercadoria dentro dos vagões ou nas estações tem o material apreendido.

De acordo com a CBTU, a operação está sendo realizada, inicialmente, nos terminais que apresentam o maior índice de casos de comércio informal, como a Estação Central do Recife e a Estação Joana Bezerra. A expectativa é de que a fiscalização seja ampliada e chegue a todas as estações que compõem o sistema Metrorec.

Nos terminais, os efeitos da operação já começaram a ser sentidos pelos passageiros. “Uso o metrô todos os dias e já percebo muita diferença nas estações desde que essa ação foi iniciada. Os ambulantes não estão atuando com tanta frequência. O barulho, provocado pelos gritos dos vendedores, também diminuiu bastante”, comenta a estudante Renata Virgínia, 30 anos. 

Para o coordenador de operações da CBTU, Murilo Barros, o reflexo do reforço na fiscalização nas estações é visto de maneira positiva. “Os passageiros reclamam muito da ação dos ambulantes. Eles comercializam todo o tipo de produto e acabam ocupando o espaço destinado aos usuários. Com a operação, as estações estão mais limpas e com menos barulho”, avalia o coordenador.

O Grande Recife Consórcio de Transportes também intensificou a fiscalização nos terminais integrados para coibir a entrada de ambulantes. Por enquanto, a operação está concentrada no TI Xambá, TI Joana Bezerra, TI Barro e TI Recife. Ação será estendida a outros terminais e estações de BRT (ônibus de trânsito rápido).

JC Online

Cinco perguntas e respostas sobre o transporte coletivo na RMR

Créditos: Sérgio Bernardo/JC Imagem

Não são poucos os questionamentos dos usuários de transporte coletivo na Região Metropolitana do Recife (RMR), onde o sistema é tão falho. Atrasos, ausência de articulação entre os modais, investimento de dinheiro público sem retorno para a população. Esses são só alguns dos problemas que geram dúvidas.

O JC Trânsito procurou o Grande Recife Consórcio de Transportes e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), além de matérias publicadas pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) abordando o tema, para responder a cinco delas.

1 - Por que não existem linhas de ônibus entre a zona sul e a zona norte?

Quem está em Casa Forte, na Zona Norte, e quer chegar a Boa Viagem, na Zona Sul, realmente não tem como pegar só um ônibus, o que é motivo de muita reclamação. O Grande Recife Consórcio de Transportes alega que os passageiros devem recorrer aos terminais integrados para não pagar mais de uma passagem nesses trajetos. No entanto, os próprios terminais também são alvo da indignação dos usuários. Filas grandes e ônibus lotados, destacam os passageiros, fazem parte da rotina dos TIs e dos veículos que circulam por esses lugares.

A partir deste sábado (6), será possível ir do Parque da Macaxeira ao Pina, com a linha opcional Apipucos/RioMar, mas isso é insuficiente, ao custo R$ 4,60. Uma rota possível para o exemplo entre Casa Forte e Boa Viagem é pegar a linha Alto Santa Isabel na Avenida 17 de Agosto, descer no Derby e pegar a Aeroporto/Tacaruna - outras podem ser conferidas em aplicativos como o Moovit. Com sorte e sem engarrafamento, o que é muito difícil, o trajeto é feito em 40 minutos.
 
2 - Por que ninguém organiza as filas nos terminais?
 
O Grande Recife Consórcio afirma que 194 facilitadores de acesso ficam nos terminais integrados de maior demanda, como Barro, na Zona Oeste, e Macaxeira, na Zona Norte. Policiais militares também ficam distribuídos por esses terminais nos horários de pico. Porém, essas ações não têm resultados efetivos.

Nesse caso, no entanto, os próprios passageiros podem contribuir respeitando as filas. Cerca de 250 mil pessoas passam por esses TIs.

3 - Por que o sistema para saber os horários dos ônibus nunca funcionou?

Três anos após o fracasso para informar aos usuários o horário dos ônibus na Região Metropolitana, o Grande Recife Consórcio está em fase de testes para instalar um novo sistema. A promessa é de que ele esteja disponível para os passageiros até o fim do ano, através de painéis de LCD instalados nos terminais, aplicativo de celular e do site do órgão.

Em 2012, o Sistema Inteligente de Monitoramento da Operação (Simop) durou 18 dias, até apresentar falhas e o Governo de Pernambuco rescindir o contrato de R$ 20 milhões com as empresas Cittati, Midiavox, Cercap.

A nova licitação, vencida no início do ano passado pela espanhola Etra, responsável pelo sistema de ônibus de Bogotá, na Colômbia, duplicou o investimento, que agora é de R$ 40,2 milhões. O Grande Recife Consórcio alega que o monitoramento agora será maior, permitindo, além da prestação do serviço aos usuários, o planejamento e a fiscalização dos ônibus.

A ideia é que esse sistema possa verificar as 26 mil viagens realizadas pelos três mil ônibus que circulam na RMR, coibindo práticas irregulares, como o hábito que alguns motoristas têm de andar em comboio. Além disso, em casos de quebra dos veículos, por exemplo, será possível acionar a empresa imediatamente. Resta saber se agora vai sair do papel e, principalmente, durar.
 
4 - Por que os ônibus ainda não têm ar condicionado?
 
A licitação para os novos veículos prevê alguns deles com ar-condicionado: os BRTs (Bus Rapid Transit); os do tipo padrão especial, como o que circula na linha Aeroporto (Opcional); e os ônibus articulados de linhas troncais, que são aquelas que vão dos terminais para o Centro.

O processo foi dividido em sete lotes, dos quais apenas o 1 e o 2 foram licitados, assinados e já estão nas ruas. Esses grupos correspondem aos corredores Norte/Sul e Leste/Oeste do BRT, além de ônibus que trafegam em Olinda, na Região Metropolitana, e de linhas alimentadoras, que trazem os usuários do subúrbio até o terminal integrado mais próximo. Deles, apenas os BRTs são refrigerados.

Os contratos de 3 a 7, que compreendem corredores como as avenidas Norte, Abdias de Carvalho e Domingos Ferreira, ainda estão sendo revistos antes de serem assinados. As alterações deverão passar pela ampliação do prazo para aquisição de parte da frota de ônibus com ar-condicionado e pela flexibilização das exigências dos modelos de veículos que serão adquiridos.

Não há previsão de quando esses lotes chegarão às ruas - os poucos veículos que estão sendo vistos com ar-condicionado, entre eles alguns das linhas Avenida Norte (Macaxeira) fazem parte da renovação de frota feita de forma independente pelas empresas, se antecipando à licitação.

5 - Por que o metrô não chega à zona norte nem a Olinda?

Completando 30 anos com apenas três linhas, que não chegam a esses lugares, o metrô não tem previsão de expansão. Por enquanto, continuará ligando apenas a área central do Recife a Camaragibe e a Jaboatão dos Guararapes na linha Centro, que tem dois ramais; na Sul, o Largo da Paz, na Zona Oeste, a Cajueiro Seco em Jaboatão; e, na Diesel, essa estação ao Cabo de Santo Agostinho.

No entanto, segundo a CBTU, este é um desejo da empresa, que tem algumas propostas. No Recife, novas linhas sairiam da Avenida Agamenon Magalhães até a PE-15, na Avenida Norte, do aeroporto até o Terminal Integrado da Macaxeira e do Largo da Paz até a sede da prefeitura. Há ainda a ideia de uma linha para Suape e outra passando em São Lourenço da Mata.

Em nota, a Companhia afirmou que, para fazer os estudos e ampliar o modal, é preciso alinhar esses planos aos do Governo de Pernambuco, que forneceria recursos e infraestrutura para isso. O Estado e a União passam, entretanto, por um período de redução nos investimentos - e os recursos não foram disponibilizados antes também.

Apesar de mais rápido e confortável que o sistema de ônibus, enquanto eles atendem 1,7 milhão passageiros por dia, os trens transportam 400 mil - 260 mil na Centro e 120 mil na Sul, as duas maiores. Veja o mapa dos locais atendidos:


NE 10

Olhares do Recife pela janela dos ônibus entram em exposição no posto do VEM

Créditos: Bia Ribeiro/Divulgação


Das linhas Alto Santa Isabel e Dois Irmãos (Rui Barbosa), a designer Isabela Faria, 44 anos, via um Recife que muitas vezes passa despercebido. São pontos como o Cinema AIP, no Centro da cidade. Então, em agosto do ano passado, publicou a primeira foto na sua página pessoal no Facebook. O título era "Da janela do meu ônibus". Virou série, página, perfil no Instagram. E, na última terça-feira (2), chegou como exposição no posto do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM), na Rua da Soledade, área central.

Catorze painéis com fotos postadas nas redes sociais ficam expostos no horário de atendimento do posto: de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h30h, exceto nos feriados. A mostra deverá ficar aberta por pelo menos três meses, com entrada gratuita.

"Agora, de fato, está aberta ao público. Está no lugar certo", afirma a criadora do projeto, que acredita que esse início no mundo offline pode gerar mais engajamento nas redes sociais.
Mesmo sem experiência como fotógrafia, Isabela passou a tirar fotos de lugares com os quais tinha identificação no Centro do Recife, onde começou a trabalhar após passar um período com home office. Já usando o título que virou nome do projeto, postou as fotos. A pedidos de amigos, fez uma série organizada em álgum, ainda no Facebook pessoal. Porém, foi ao transferir tudo para uma fanpage na rede social que passou a receber contribuições e o que era quase um relato sobre o Recife ganhou abrangência mundial. A primeira foto de fora foi enviada por uma amiga que vive em Zurique, na Suíça. Depois, recebeu uma foto de um amigo que mora em Moscou, na Rússia.

O ritmo de colaborações cresceu quando Isabela decidiu criar uma conta no Instagram e repostar o conteúdo no Facebook. "Fiz isso alguns meses depois. O Insta tem muito mais a cara desse projeto e diariamente tem novos curtidores, enquanto o Facebook é mais engessado", afirma a designer, que recebeu uma foto enviada da Noruega nesta terça-feira, dia de abertura da exposição. São mais de 100 cidades retratadas.

Por dia, Isabela posta cerca de quatro fotos, escolhidas entre as marcadas com o perfil @dajaneladomeuonibus e pela hashtag #dajaneladomeuonibus. Para a exposição, teve que selecionar 14 entre mais de 500 posts através de critérios como a qualidade da foto para impressão. "Eu criei o projeto, mas não sou autora, me sinto mais mediadora", afirma.

Isabela afirma que ficou um pouco surpresa com a repercussão do projeto, mas não esconde o orgulho. "Mas, ao mesmo tempo, sou tão fã dele, acho tão fantástico, que não me surpreendeu", diz. "Se qualquer pessoa tivesse criado, eu acharia ótimo. Todo mundo estava querendo falar sobre isso, só falei no momento certo."

Dez meses depois da primeira foto, a designer voltou a trabalhar em casa, o que provocou a criação de uma nova página: a Calçadas que andei. Nessa, em que os internautas têm liberdade para postar o conteúdo que quiserem, seja de protesto pelas condições dos passeios ou de contemplação da beleza que há em algumas delas, não é mediadora. "Meu trabalho tem muito a ver com essa coisa ligada à cidade, à coletividade, ao espaço público, cotidiana. Acho lindo ter todo mundo envolvido", afirma.

Isabela quer agora ampliar a abrangência do #dajaneladomeuonibus fora da internet. Para isso, inscreveu no último edital do Funcultura projetos de um site e de uma exposição na Galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu, na Zona Sul, e aguarda o resultado. A designer também planeja fazer oficinas, workshops e criar uma loja virtual para capitalizar o projeto. "Quero conscientizar as pessoas a olharem a cidade, pertencerem a ela e cuidarem dela."

NE 10