Das 13 unidades de integração no Grande Recife, maioria está em péssimo estado, o que prejudica quase 500 mil usuários
Superlotados, sujos e desorganizados. Essas três palavras definem bem alguns dos principais terminais de ônibus do Sistema Estrutural Integrado (SEI), modelo de transporte com integração atemporal que deu fama a Pernambuco e garante o deslocamento diário de 800 mil passageiros. Construídos do meio para o fim dos anos 80, quando o SEI foi criado, alguns dos terminais integrados (TIs) foram projetados para uma demanda de passageiros ultrapassada há muito tempo. Hoje, são quase 500 mil pessoas circulando pelos 13 TIs do SEI espalhados pela Região Metropolitana do Recife. Com exceção de dois deles, Pelópidas Silveira, em Paulista, e José Faustino dos Santos, no Cabo de Santo Agostinho, recém-construídos, o restante está apertado e sem estrutura para acomodar a quantidade de passageiros que recebe, comprometendo a eficiência da operação do sistema.
O pior deles, atualmente, é o Terminal Integrado da Macaxeira, localizado entre a Avenida Norte e a BR-101 e a principal ligação entre o Norte e o Sul do Grande Recife. Como a maioria dos TIs, sofre com a falta de espaço físico para crescer. Isso porque, no passado, foi instalado num local amplo para a época, mas que hoje tornou-se pequeno. Opera com 12 linhas, 60 mil pessoas passam por ele todos os dias e já deveria ter, pelo menos, duas novas linhas em funcionamento. Mas não há espaço para elas. Há ligações, inclusive, em que os passageiros esperam pelo ônibus expostos ao sol e à chuva.
Nos horários de pico, a população literalmente briga para conseguir entrar no veículo. A equação gente demais e ônibus de menos fragiliza ainda mais a falta de infraestrutura dos TIs. Quando os passageiros se acumulam nas baias, porque os coletivos atrasam, o aperto dos terminais é potencializado e as confusões começam. Em algumas linhas, o jeito é forçar a entrada antes mesmo de o ônibus parar para o embarque. É uma luta diária. “Passamos por isso todos os dias. A infraestrutura é péssima, o terminal vive lotado”, criticou Dário Félix, 37 anos, um dos que na última quarta-feira tentaram invadir o coletivo.
Fisicamente, o TI que mais tem problemas é o do Barro, também localizado às margens da BR-101. Além de sujo, pequeno para os 50 mil passageiros diários que recebe, o terminal sofre com a desorganização do comércio ambulante. Barracas sujas, improvisadas com sacos e lonas velhas, se incorporaram às grades do TI. Há até ambulantes morando no local. A falta de baias para receber os passageiros é visível. Os usuários também ficam expostos ao sol e à chuva. Há buracos por toda parte e a degradação é gritante.
Germano Travassos, consultor de transporte, afirma que os terminais são necessários para o bom funcionamento do sistema, permitindo a integração de linhas saídas de locais diferentes. Mas ressalta que algumas das unidades em operação no Grande Recife já deveriam ter sido ampliadas e contar com áreas para estocagem de frota reserva, o que evitaria a queda da qualidade do serviço e transtornos diários.
Na maioria dos terminais, entretanto, faltam até banheiros e locais para descanso e refeição dos motoristas e cobradores. Em alguns TIs, passageiros e rodoviários são obrigados a urinar pelos cantos. Todos sofrem. E, mesmo assim, o Estado diz que gasta, em média, R$ 1 milhão por mês para manter as estações.
Roberta Soares, do Jornal do Commercio
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