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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CASO BUSSCAR: Justiça analisa plano de recuperação

Encarroçadora propõe descontos que variam de 15% a 95% nos valores das dívidas. Após análise completa do juiz, os credores terão seis meses para realizarem assembléias e decidirem se aceitam propostas.

Ônibus da Busscar. Empresa apresentou plano de recuperação que será analiso pela Justiça. As dívidas da encarroçadora se aproximam de R$ 700 milhões. O ponto mais polêmico do plano é em relação aos descontos sobre os débitos propostos pela empresa que variam de 7% a 95%.


A Justiça em Joinville, Santa Catarina, começa a análise do plano de recuperação da Busscar, encarroçadora de ônibus em crise financeira desde 2008, que já atrasou 19 meses de salários e acumula dívidas gerais de cerca de R$ 700 milhões. O ponto mais polêmico do plano de recuperação é o desconto proposto pela empresa da família Nielson sobre as dívidas.

Estes descontos variam entre 7% e 95%. Os menores descontos serão sobre as dívidas dos trabalhadores que acumulam R$ 110 milhões. Funcionários das empresas do grupo, Tecnofibras e Climabuss, não terão descontos. Já os trabalhadores desligados com processo de execução finalizado terão, de acordo com a proposta, desconto de 37%. A carência para início de pagamento também varia de acordo com a situação do trabalhador na empresa, podendo chegar a seis meses.
Confira os descontos apresentados aos trabalhadores: http://www.setpesc.org.br//prb12799981.pdf Para os ex – sócios da empresa que têm a receber, os descontos sobre as dívidas podem chegar a 95%.
Já para os bancos, os maiores credores da Busscar, com débitos de pouco mais de R$ 300 milhões, o desconto proposto é de 60%, com exceção do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -, entidade pública. A carência para o pagamento no caso dos bancos é de 48 meses, com 96 meses para a conclusão.

FATURAMENTO DE MAIS DE R$ 1 BILHÃO

O estudo para a elaboração do plano foi feito com a participação da consultoria Delotite. Em 2012, a Busscar espera faturar R$ 335, 6 milhões e produzir 1 mil 800 unidades. No entanto, para iniciar as produções, a empresa, que já chegou a empregar cerca de cinco mil pessoas, precisaria de R$ 100 milhões. O dinheiro viria com a participação de investidores novos e outras formas de financiamento.
Para a captação destes recursos, é levantada a possibilidade de venda da empresa Tecnofibras, que produz acessórios de plástico e fibra de vidro para caminhões e ônibus.

A empresa também quer a inclusão no programa de exportação de ônibus para a Guatemala, gerido pelo BNDES. O programa é de R$ 400 milhões e a Busscar quer a participação com financiamentos de R$ 130 milhões. A venda de um terreno no valor de R$ 7 milhões em forma de leilão foi bloqueada na Justiça a pedido do Sindicato dos Mecânicos de Joinville.

A Busscar só ficaria com as contas positivas, ainda seguindo esta projeção, em 2014, quando poderá produzir o equivalente a um saldo de R$ 30,2 milhões, já descontados os pagamentos, custos de produção, salários, impostos e demais encargos.  Em 2016, a empresa prevê um faturamento de R$ 1,1 bilhão com a produção de 4,5 mil ônibus.  Os descontos desagradaram vários credores.

“Estamos falando de pessoas que estão há dois anos sem salários, de pessoas que estão endividadas e que não vão conseguir desconto nas suas dívidas porque a Busscar não vai pagar o valor integral dos seus débitos” – disse o presidente do Sindicado dos Mecânicos de Joinville, João Bruggmann. A partir da conclusão da análise do plano de recuperação pela Justiça, os credores podem fazer assembléias e discutirem a posição judicial. O prazo para isso é de 6 meses.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Ônibus Brasil

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