O aumento da venda de veículos comerciais brasileiros foi uma das propostas para equilibrar a balança do setor automotivo entre os dois países.
As negociações em torno do acordo automotivo entre o Brasil e o México prometem vários capítulos, mas algumas idéias têm surgido. Em 2011, na relação entre os dois países, o Brasil teve um déficit de US$ 1,17 bilhão, o que acendeu o sinal de alerta brasileiro. Houve até ameaça de rompimento do acordo que prevê isenção de taxas de importação sobre os veículos mexicanos. Apesar do déficit, tal rompimento também não seria extremamente vantajoso para o Brasil.
Uma das idéias apresentadas nesta quarta-feira, dia 08 de fevereiro de 2012, entre representantes dos governos mexicano e brasileiro, numa reunião em Brasília, engloba justamente o segmento de ônibus.
De acordo com a proposta, para equilibrar as relações, os embarques de ônibus, caminhões e veículos comerciais brasileiros para o México devem receber mais incentivos. Assim, mais ônibus brasileiros seriam vendidos para o país até agora parceiro.
As matrizes das indústrias tanto instaladas no Brasil como no México são as mesmas, mas a escolha do tipo de produção que elas dão às filiais é o que tem gerado impasse entre os dois países. A produção acertada em 2003 previa que no Brasil fossem feitos carros compactos e básicos e no México os de maior valor agregado.
A ideia no início era de que o Brasil ganhasse na demanda, vendendo mais carros baratos, e o México no valor, vendendo menos, porém com maior preço. Mas o crescimento da renda de parte do consumidor brasileiro, além de facilidades em financiamentos, fez com que a parcela do mercado em busca de carros com maior valor crescesse, o que desafiou a lógica do acordo.
Além de refazer este tipo de acordo de produção, a ideia de exportar para o México mais ônibus e mais caminhões ganha diversas justificativas. A primeira delas é que este tipo de veículo, mesmo com incentivos fiscais, já possui maior valor agregado, mesmo nas versões mais básicas. Outra argumentação é que a indústria brasileira de ônibus e caminhões é maior que a mexicana.
Apesar de não ter havido um acordo decisivo e as negociações continuarem, as propostas envolvendo os ônibus e caminhões brasileiros ganham força. Pelo Brasil, as negociações são conduzidas pela secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. As negociações pelo México estão a cargo do subsecretário de Comércio Exterior, Francisco Rosenzweig, além do subsecretário de Relações Exteriores, Rogélio Granguillhome.
Inicialmente, por ser extremamente vantajoso para o México, o governo do país não quis abrir mão do acordo ACE 55 (Acordo de Complementação Econômica). Para o setor de produção de ônibus, a alternativa não vem em melhor hora. Em 2011, houve antecipação na renovação de frota para os empresários aproveitarem as unidades mais baratas que seguiam normas antigas de restrição de emissão de poluição, e há estimativa de desaquecimento do mercado interno. Essa queda de produção poderia ser compensada em parte com o mercado externo.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.
Ônibus Brasil
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