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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Desempenho da MAN tem expressiva queda e não estão descartadas mais demissões

Situação da MAN Latin America preocupa. Queda de vendas de ônibus e caminhões da marca Volkswagen tem sido constante e empresa pode realizar mais cortes, além das 400 demissões de maio.


Painel de ônibus Volkswagen 17-230. A MAN Latin America, dona da marca Volkswagen Caminhões e Ônibus no Brasil, acompanha tendência de queda na produção e venda de veículos pesados, mas situação da empresa preocupa. A redução da venda de caminhões no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado foi 12,9% e a retração no setor de ônibus da marca foi de 30,2%. E maio, a MAN realizou 400 demissões e não descarta outros cortes. Foto: Karoline Dea Falcão.

O setor de caminhões e ônibus tem amargado uma queda nas vendas, de acordo com dados da Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.  Entre junho deste ano e junho do ano passado, no período de doze meses, a queda nas vendas e distribuição de ônibus foi de 31,54% e de caminhões acumulou perdas de 27,63%.

Uma das companhias que mais tem acompanhado esta queda no segmento de veículos pesados é a MAN Latin America, dona da marca Volkswagen Caminhões e Ônibus.  O primeiro semestre da montadora registrou queda de 30,2% no setor de ônibus, com 3.778 veículos vendidos contra 5.415 no mesmo período do ano passado. A queda das vendas de caminhões foi um pouco menor, mas expressiva também: 12,9% com 21,955 unidades este ano contra 25.220 no primeiro bimestre de 2011.

O mercado de ônibus e caminhões como um todo espera reação no segundo semestre. No caso da MAN, a perspectiva é a mesma, mas entre o penúltimo e o último mês do bimestre, a queda continuou significativa.
Em maio deste ano, a Volkswagen Caminhões e Ônibus emplacou 3 .543 caminhões e, em junho, o número foi de 3.452 caminhões, uma queda de 2,3%.

A queda de maio para junho nas vendas / distribuição de ônibus da marca foi de 16,9%, com 645 ônibus em maio e 536 em junho.  Em maio, a MAN Latin América, em sua unidade de Resende, no Rio de Janeiro, realizou um corte de 400 postos de trabalho e encerrou o terceiro turno de produção.

A empresa vai tentar evitar, mas não descarta a possibilidade de novos cortes.  O mercado de ônibus e caminhões sente ainda os efeitos da mudança de legislação ambiental para motores diesel.  Baseada no conjunto de normas Euro V, a fase 7 do Proconve – Programa Nacional de Controle de Poluição por Veículos Automotores, exige desde janeiro deste ano motores mais tecnológicos, que emitem 60% menos NOx – Óxidos de Nitrogênio e 80% menos materiais particulados.

Por conta de serem mais avançados, estes ônibus e caminhões são mais caros também, entre 10% e 15% em comparação aos veículos com base na Euro III, que só puderam ser fabricados até 31 de dezembro de 2011.  Prevendo isso, donos de caminhões e ônibus, autônomos, pequenos empresários e grandes frotistas, anteciparam as renovações de frota, o que explicou os números recordes de venda e produção do ano passado.

Assim, parte desta queda na verdade é um ajuste de mercado, pelas vendas acima do normal no ano passado.  O que não pode é a recuperação não vir no ritmo esperado.  E pode ocorrer este ano exatamente o contrário do ano passado. Enquanto em 2011, os empresários anteciparam as renovações, neste ano, eles podem postergar. E o principal motivo não é o preço maior dos veículos, mas as inseguranças em relação às dificuldades de se encontrar o diesel S 50 (obrigatório nos motores novos), o preço do combustível, maior em relação ao diesel que pode abastecer os motores antigos, e também a oferta não suficiente ainda (apesar do crescimento) e o preço do ARLA 32, Agente Redutor Líquido Automotivo, um fluido obrigatório nos veículos Euro V com a tecnologia de Redução Catalítica Seletiva.

Além de fatores inerentes ao setor, o contexto geral da economia preocupa. O PIB – Produto Interno Bruto, a soma de riquezas que o país produz, que deveria fechar o ano em 3,5%, agora tem previsão de ficar em torno de 2,2%. Com economia menos aquecida, menores são as vendas e os níveis de produção. Com menos produtos, a demanda por caminhões para transportá-los cai. A estimativa positiva para os caminhões tem sido o setor de construção civil.

Já em relação à movimentação da economia, um grande influenciador no segmento de ônibus é o nível de emprego e renda. Quanto mais empregada for a população, mais ela vai precisar se deslocar para o trabalho e terá condições também de realizar viagens, estimulando a demanda por ônibus urbanos e de fretamento e rodoviários e de turismo.  Neste aspecto, a macro-economia ainda não deve guardar grandes sustos.  A Volkswagen continua em segundo lugar na venda de ônibus e liderando o setor de caminhões.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Blog Ponto de Ônibus

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