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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ônibus voltam a atrair passageiros do avião

Passageiros voltam a optar pelo ônibus. Elevação nos preços das passagens áreas, estrangulamento dos aeroportos e mais conforto nas viagens terrestres têm contribuído para que mais pessoas deixem o avião e voltem para o ônibus.
Créditos: Guto de Castro/Acervo

Crescer sem estrutura não dá. É justamente o que tem ocorrido com o setor aéreo que depois do “efeito Gol” ter registrado um crescimento na demanda, agora perde passageiros que voltam para as viagens de ônibus rodoviários.
As tarifas aéreas, mesmo contando com isenção do ICMS, o que não ocorre com as passagens de ônibus, estão decolando e chegando às alturas (permita o trocadilho). O “boom” do preço baixo parece ter, mesmo que momentaneamente, perdido efeito. No início dos anos 2000, um novo conceito de transporte aéreo surgia principalmente depois da criação da Gol Linhas Aéreas Inteligentes. Os serviços oferecidos eram os básicos, o avião começou a transportar mais gente, com segurança, é claro, mas com menos conforto.
As empresas aéreas começaram a ganhar na demanda. Não passou muito tempo até que o número de pessoas transportadas nos aviões ultrapassasse o número de transportes por ônibus em distâncias acima de 500 quilômetros.
Mas este crescimento parece não ter recebido a estrutura necessária e agora os números estão revertendo. É o que revela reportagem dos jornais Folha de S. Paulo e Agora São Paulo.
A tendência de o número de passageiros de ônibus voltar a crescer começou em setembro deste ano. Em outubro, a alta na demanda foi de 20% em relação ao mesmo período de 2011.
Só na linha mais movimentada do País, a Rio – São Paulo, o crescimento em relação a outubro do ano passado foi de 15%. A linha é operada pelas empresas Auto Viação 1001 e Expresso do Sul, ambas do Grupo JCA, e pela Expresso Brasileiro e Itapemirim.
Em 2006, o número de passageiros transportados por ônibus em linhas interestaduais era de 61,5 milhões por ano. Em 2010, o número foi o mais baixo, com 49 milhões. Em 2011, subiu para 67 milhões e a tendência neste último trimestre é de crescimento.
A diminuição na concorrência do setor aéreo, com a compra da WebJet pela Gol, o crescimento dos custos da aviação e a situação financeira difícil das companhias aéreas fizeram com que as passagens do setor subissem em alguns casos mais de 100%, o que espantou os passageiros. Algumas ligações foram cortadas também.
A propaganda de que é mais barato viajar de avião nem sempre é real. As passagens mais baratas sempre corresponderam às promoções, compras feitas com muita antecedência ou horários de baixa demanda. Quem precisa viajar com urgência sempre pagou caro.
Com o ônibus, independentemente de quando o passageiro compre o bilhete, o preço será o mesmo. Além disso, a falta de estrutura do serviço aéreo fez com que muitas pessoas repensassem em freqüentar aeroportos.
Já saturados, muitos aeroportos se tornam locais de verdadeiros aborrecimentos. Longas filas, falta de conforto e muita, mas muita burocracia para entrar no avião. Isso sem contar os constantes extravios nas bagagens ou a forma como elas são colocadas no avião: às vezes jogadas lá dentro.
No país, onde na área de transportes, mais de R$ 50 bilhões serão investidos no trem bala somente para atender a linha Rio – São Paulo, qualquer problema, como a quebra de um trem de pouso como ocorreu em Viracopos, é suficiente para parar qualquer aeroporto por mais de um dia inteiro.
Mas a concorrência entre o ônibus e o avião ajudou o passageiro. Com exceção de algumas empresas, boa parte não investia em melhorias. Estava acomodada com um mercado tipicamente concentrado.
As empresas de ônibus começaram a melhorar os serviços, exigindo das encarroçadoras e montadoras veículos melhores, mais confortáveis. Elas oferecem serviços como internet a bordo, compra de passagem pelo computador ou telefone e atendimento mais qualificado na viagem.
Hoje, enquanto num avião o passageiro precisa pagar R$ 5,00 por uma barrinha de cereal, no ônibus tem direito a lanche e água a vontade. Para o passageiro não é interessante que o ônibus, o avião e quem sabe o trem bala seja um melhor que o outro, mas que todos sejam bons de acordo com os serviços para que haja liberdade de escolha.
De acordo com as empresas de ônibus, o maior crescimento de passageiros neste trimestre tem sido registrado nas linhas interestaduais entre 500 quilômetros e 1 mil quilômetros de distância.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Com informações da Folha de São Paulo

Blog Ponto de Ônibus

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