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quinta-feira, 21 de março de 2013

Biblioteca pública fecha por falta de patrocínio

Primeira biblioteca pública instalada em um terminal de ônibus, o Pelópidas Silveira, em Paulista, encerrou as operações desde o final do ano passado.

 Créditos: Juliana Leitão/Diário de Pernambuco

O acesso democratizado à cultura, ao entretenimento e à educação é sempre lembrado como pilar importante na construção de uma sociedade mais justa. Algumas iniciativas, como a criação de bibliotecas públicas compactas em locais com grande fluxo de pessoas, como estações de metrô, seguem nessa direção. O fechamento de um desses projetos, o Leitura Integrada, localizado no Terminal Pelópidas Silveira, em Paulista, preocupou internauta que registrou sua queixa no Cidadão Repórter, fórum colaborativo do Pernambuco.com, a fim de entender os motivos para a paralisação dos serviços.

José Alexandre Carneiro, de 45 anos, trabalha como segurança e passa frequentemente pelo terminal de passageiros. Lá, costumava locar livros variados três a quatro vezes por mês. “Pegava todo tipo de livro, especialmente sobre a história do Brasil e sobre as coisas de antigamente. Me tornei sócio, porque eles tinham ótimos livros, obras de bons autores”. O Terminal integrado de passageiros Pelópidas Silveira foi o primeiro do país a receber uma biblioteca pública, inaugurada em 2010. A ação foi realizada em conjunto pelo Grande Recife Consórcio de Transporte, a Fundação Gilberto Freyre e o Instituto Brasil Leitor (IBL).

O segurança conta que no início de dezembro foi à biblioteca devolver um exemplar e lá foi informado que não poderia retirar outro. “Até achei que poderia ser algo temporário, férias dos funcionários ou algo assim. Mas das outras vezes que fui, continuava fechado. Depois vi que os adesivos com os nomes dos grupos responsáveis pela biblioteca tinham sido removidos”. José afirma lamentar o fechamento, pois usufruía do conteúdo do local e pretendia levar sua filha para se cadastrar também. “É essencial para a nossa cultura e educação que existam programas como esse. É uma pena que se acabem, porque é muito importante pra gente”. O acervo da biblioteca possuía autores clássicos e variados como Gilberto Freyre, Machado de Assis e Fernando Pessoa, além de livros de história, sociologia, filosofia e matemática.

Iniciativa semelhante pode ser encontrada na Estação de Metrô Recife, no bairro de São José, em funcionamento há sete anos. Com o Projeto Leitura nos Trilhos, os passageiros do transporte público podem retirar livros, podendo permanecer com o exemplar por até 10 dias e renová-lo se o tempo não for suficiente para finalizar a leitura. A biblioteca foi fechada por cerca de um ano por falta de patrocínio, sendo reinaugurada em 2011. Para realizar o cadastro no projeto, é necessário a presença de original e cópia do documento de identidade, comprovante de residência, CPF, além de foto 3x4. O Leitura Nos Trilhos continua em funcionamento e é gratuito.

Em nota, o Grande Recife Consórcio de Transporte informa que o convênio de cooperação entre a Fundação Gilberto Freyre o Instituto Brasil Leitor está vencido, por isso o término das atividades. No entanto, o Consórcio acrescenta que existe diálogo entre as instituições em busca de interesse para renovação de contrato. O Instituto Brasil Leitor também afirmou, em nota, que o término das operações da biblioteca se deu por conta da falta de patrocínio, essencial para seu funcionamento.


Diário de Pernambuco

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