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terça-feira, 19 de março de 2013

Custos de ônibus elétricos são 75% menores, segundo estudo internacional

Estudo internacional cidades mostra que ônibus elétricos gastam 75% menos que ônibus a diesel. Foram realizados testes com 16 ônibus em quatro capitais de diferentes países.

 Trólebus da extinta CTU, em Olinda.
Créditos: Sérgio Martire/Acervo

Os ônibus elétricos totais ou puros, como os trólebus ou os veículos a bateria, e os ônibus elétricos híbridos, cuja geração de energia depende de um motor a combustão, trazem diversas vantagens ambientais, como a diminuição da poluição sonora e da poluição atmosférica.

Pelo fato de os veículos usarem uma fonte de energia mais abundante em diversas regiões e terem equipamentos mais duráveis e desgastarem menos as peças, economicamente, o uso dos ônibus elétricos é vantajoso também.

E estes ganhos foram apurados num inédito estudo mundial feito pelo BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, pela Fundação Clinton para cidades sustentáveis e pela rede C 40, que é o Grupo das Cidades Líderes pelo Clima.

Entre junho de 2011 e outubro de 2012 foram testados 16 ônibus com diferentes tecnologias em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Santiago (no Chile) e Bogotá (na Colômbia). Os resultados mostraram que os ônibus com tecnologia limpa, elétricos, têm custos de operação até 75% menores que os veículos a diesel, mesmo em relação aos mais modernos.

O diretor da Rede C 40 no Brasil, Adalberto Maluf, que acompanhou o estudo, disse que a aquisição inicial dos ônibus elétricos tem custos maiores, mas que este investimento a mais é coberto pelos gastos menores em consumo de combustível e manutenção, já que os equipamentos dos trólebus e híbridos tendem a se desgastar em tempo maior. Além disso, pela elevação tecnológica e aumento de escala, os ônibus elétricos têm ficado mais baratos.

Trólebus da extinta CTU, rodando na Av. Dantas Barreto, centro do Recife.
Créditos: Sérgio Martire/Acervo

Em nota a imprensa, Adalberto Maluf, disse que a partir do sexto ou do sétimo ano de uso, a compra de ônibus elétrico se torna mais barata em comparação a aquisição de um ônibus convencional, levando em consideração os custos operacionais.

“Se pensarmos em um ciclo de vida completa, os ônibus elétricos já são mais econômicos do que os ônibus a diesel. A partir do sexto ou sétimo ano de operação, os elétricos já se tornam muito mais baratos considerando todos os custos de operação. Além disso, existe um grande beneficio para a saúde pública, já que eles não emitem poluentes e também reduzem muito o barulho e desconforto dentro dos ônibus, porque, em geral, eles têm piso baixo total”, afirma Adalberto.

Adalberto Maluf ainda defende que os corredores de ônibus, que apresentam viário melhor, o que pode reduzir a possibilidade de queda das alavancas dos trólebus, e espaço para ônibus maiores, abriguem redes de ônibus elétricos.

“Os corredores podem ter um lado ruim se operados (somente) com ônibus a diesel, já que podem concentrar poluentes. Por isso, o uso de tecnologias mais limpas tem o beneficio de reduzir emissões de poluentes nos corredores, além de ter um custo operacional menor por veículo se contabilizada toda sua vida útil”. – diz ainda em nota.

NO MUNDO:
Diversas cidades em todo o mundo já adotaram ônibus elétricos híbridos ou ônibus elétricos totais/puros nos sistemas de BRT – Bus Rapid Transit (corredores de ônibus modernos e segregados) ou mesmo nas vias compartilhadas com os carros.

Na China, por exemplo, quase todas as médias e grandes cidades possuem sistemas com ônibus elétricos.
Na Europa, mesmo com grandes redes de metrô e trens de subúrbio, os ônibus elétricos e híbridos são presentes. Na Inglaterra, até algumas unidades dos veículos de dois andares, marcas que caracterizam o País, já são de tecnologia elétrica – híbrida.

Estados Unidos e Canadá contam também com milhares de unidades elétricas e a intenção destes países é aumentar ainda mais esta frota.

NO BRASIL:
O País tem um potencial enorme para o retorno em maior número de ônibus não poluentes. Na esteira da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, há diversos sistemas de BRT em todo o País em construção. Estes espaços poderiam abrigar ônibus que poluem menos e duram mais, na visão de Adalberto Maluf.

O Brasil, que já esteve entre os 20 países com a maior rede de trólebus do mundo, hoje possui apenas 3 sistemas, todos no Estado de São Paulo: na Capital, operado pela Ambiental Trans basicamente na zona Leste e no Centro, no Corredor Metropolitano ABD, servido pela Metra na Capital e ABC Paulista, e, em Santos, com poucos veículos operados pela Viação Piracicabana.

Mesmo assim, a demanda por trólebus e ônibus elétricos híbridos tem aumentado, devido a encomendas internacionais e à renovação de frota, em especial de São Paulo e do ABC Paulista.

De acordo com a fabricante brasileira Eletra, localizada em São Bernardo do Campo, nos últimos doze meses, a produção mensal saltou de dois para quinze ônibus elétricos. O número de funcionários quase quadruplicou, passando de 20 empregados para 76 neste período.

O Brasil possui condições técnicas, reconhecidas até mesmo internacionalmente, para se tornar um dos maiores produtores de ônibus com tecnologia limpa no mundo. No ano passado, a Volvo começou a fabricar ônibus elétricos híbridos, em Curitiba, no Paraná, e já fez entregas para a cidade e em breve, deve ter veículos circulando na Capital Paulista.

Faltam ainda visão e sensibilidade do poder público de criar sistemas de ônibus de alta capacidade, mas que sejam menos poluentes e barulhentos. Embora é importante destacar que, mesmo movido a diesel , o ônibus já traz vantagens ambientais, pois um único veículo convencional pode substituir 40 ou 50 carros de passeio, o que reduz o trânsito e a poluição. Por passageiro, qualquer tipo de ônibus polui muito menos que um carro de passeio. Imagine então um ônibus elétrico?

Adamo Bazani
, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Blog Ponto de Ônibus

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