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sábado, 25 de maio de 2013

Transporte rodoviário não quer perder demanda

Em busca de competitividade no mercado, empresas transporte terrestres apostam em conforto, flexibilização de horários e serviços diferenciados para conquistar o público.


Créditos: J. Santos/Diário de Pernambuco

Viajar de ônibus era a principal forma que grande parte da população brasileira optava para se locomover pelo  país, especialmente nas décadas de 1980 e 1990. Com o crescimento do setor aéreo e o barateamento dos bilhetes de  avião, as empresas de transporte rodoviário viram a demanda diminuir nos últimos anos. Em busca de  competitividade no mercado, elas estão apostando em diferenciais para conquistar o público. Conforto,  flexibilização de horários e serviços diferenciados são alguns atrativos oferecidos.


De acordo com o diretor da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati),  Paulo Lima, houve uma redução de aproximadamente 20% na demanda do setor. “Essa queda aconteceu principalmente  nas rotas interestaduais de longa distância, por conta da diminuição do tempo das viagens ocasionada pelos  aviões”, pontua. 

Em contrapartida, o setor se fortaleceu nas rotas regionais de curta e média distância. Isso porque, nos últimos anos, as empresas de transporte rodoviário estão investindo agressivamente na melhoria da qualidade do serviço. Um levantamento realizado pelo Instituto Vox Populi, em 2010, revelou que 61,1% dos usuários de linhas interestaduais estavam satisfeitos com o serviço. “As poltronas desconfortáveis estão dando lugar a assentos com reclinação total. Além disso, a qualidade dos serviços de bordo também se destaca entre as empresas”, enfatiza Paulo. Aliadas ao conforto, estão as ofertas promocionais e os programas de fidelidade.

É o caso da empresa pernambucana Princesa do Agreste, que na última década viu a demanda cair em 10%. “Além da  concorrência com os aviões, outro fator que pesa contra nós é a malha rodoviária do país”, explica. As más  condições das estradas elevam os custos com a manutenção dos veículos, impactando diretamente no preço do  bilhete. Para tentar se adequar à nova realidade, a Princesa do Agreste vem investindo, nos últimos três anos, em  uma frota mais moderna e equipada. “Estamos melhorando a qualidade dos nossos veículos e implantando alguns  serviços, como a internet sem fio (wifi)”, exemplificou.

De acordo com o gerente comercial da Viação Itapemirim, Alex Barbosa, não houve uma queda da demanda, mas sim uma  substituição. “Se por uma parte do nosso público foi para o setor aéreo, havia outra parcela da população que  sequer tinha acesso ao ônibus rodoviário”, explica. Nesse sentido, o aumento da renda e os baixos índices de  desemprego estimulam uma demanda que, até então, estava reprimida. Recentemente, a empresa decidiu investir em  ônibus com dois banheiros, separados por gênero, para aumentar o conforto dos passageiros.

Para o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em transportes, Maurício Pina, os  ônibus são mais vantajosos para curtas distâncias devido à flexibilização de horários. “Para ir de avião, é  preciso estar no aeroporto com uma hora de antecedência. No rodoviário, o tempo de embarque é bem menor e, em  alguns casos, a frequência para determinados destinos é alta”, avalia. Como nessas rotas os preços são  equivalentes, conforto e praticidade são o que pesam na balança.


Infraestrutura e tributos são outros desafios do setor

Além da concorrência com as companhias aéreas, as empresas do setor rodoviário enfrentam outros obstáculos: a  isenção da cobrança do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que atualmente é de 18% por  passageiro transportado, e a falta de infraestrutura em alguns terminais rodoviários do país. De acordo com o  levantamento da Vox Populi, os terminais do Recife e Caruaru receberam as piores notas (6,62 e 5,52,  respectivamente) em um ranking com 20 rodoviárias de todo o país.

A representante de cosméticos Priscila Rodrigues costuma utilizar o transporte rodoviário a trabalho, e viaja  para diversos estados do Nordeste. “Acho que a infraestrutura dos terminais precisa melhorar bastante”, comentou.  A reportagem do Diario esteve no Terminal Integrado de Passageiros (TIP), e constatou que a iluminiação do local  estava precária. Nos setores de embarque, passageiros colocavam bagagens nos assentos, dificultando os demais.

De acordo com a diretora de gestão da Empresa Pernambucana de Transporte Coletivo Intermunicipal (EPTI),  responsável pelo TIP, já foram iniciadas medidas para recuperar a infraestrutura do terminal. “Estamos  trabalhando junto à Socicam (empresa que administra o terminal) para requalificar o local”, diz. Serão investidos  cerca de R$ 2,1 milhões na melhoria dos sanitários, tratamento da fachada, pintura, recuperação de estruturas,  entre outros.

Ainda de acordo com ela, o governo estadual já investiu mais de R$ 4,5 milhões para a reforma de 11 terminais  rodoviários nas seguintes cidades: Afogados da Ingazeira, Agrestina, Barreiros, Canhotinho, Carpina, Catende,  Custódia, Glória do Goitá, Macaparana, São Caetano, Venturosa. Está previsto o investimento de R$ 2 milhões para  requalificação das rodoviárias de Cabrobó, Goiana, Ouricuri, Santa Maria da Boa Vista, São Bento do Una,  Gameleira e Quipapá.

Diário de Pernambuco

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