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terça-feira, 2 de julho de 2013

Dissidência política mostra força dos motoristas de ônibus do Grande Recife

Créditos: Helia Scheppa/JC Imagem

Era para ter sido um greve fraca como aconteceu nos últimos dois anos. Em 2011 e 2010 os rodoviários tentaram cruzar os braços, mas as garagens das empresas de ônibus amanheciam repletas de candidatos ao emprego – mesmo ele sendo mal remunerado, estressante e insalubre. As duas últimas paralisações dos rodoviários na Região Metropolitana do Recife foram assim. No início da manhã havia poucos ônibus, mas com o decorrer das horas a oferta de coletivos tornava-se razoável. Mas este ano foi diferente. E a leitura para tal mudança é  política: a criação de um grupo de oposição a quase vitalícia direção do sindicato dos motoristas, cobradores e fiscais de ônibus. É claro que o Brasil vive um momento atípico, de reivindicação, com as pessoas sentindo-se estimuladas a protestar e a exigir mais qualidade nos serviços públicos. Mas há um fato novo na greve dos motoristas de ônibus de 2013 – cito o ano porque sempre vivemos uma greve dos rodoviários ou a ameaça dela nos meses de junho/julho, data máxima para o dissídio da categoria.

Há anos os motoristas e cobradores reclamam do presidente do Sindicato dos Rodoviários, Patrício Magalhães, que há mais de 30 anos está à frente da entidade. Quem vive o setor de transporte conhece as reclamações contra o líder, acusado de fazer conchavos com o setor empresarial e de não representar a categoria porque parou de brigar por ela há muito tempo. Mas ninguém assumia a liderança da oposição.  Este ano isso mudou, com o surgimento da Oposição Rodoviária, que conta com a experiência da Conlutas em manifestações populares.  Ou seja, a força da greve dos motoristas este ano está mesmo na dissidência política. Sabemos do impacto que uma greve de ônibus provoca no deslocamento e na segurança da população. Mas há muitos anos os rodoviários não demonstravam força como categoria. Vamos torcer para que, com o tempo, essa oposição não se torne situação e adquira os mesmos vícios daqueles que atualmente tanto critica.

Blog De Olho no Trânsito

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