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sábado, 26 de outubro de 2013

Veja as infrações cometidas por ônibus escolares do interior de PE

Créditos: Globo Nordeste/Reprodução

A última reportagem da série que denuncia o uso de ônibus escolares para transportar pacientes do interior pernambucano a hospitais do Recife mostra que o percurso geralmente tem saldo recheado de infrações. Um dos flagrantes exibidos no NETV 2ª Edição desta quinta-feira (24) mostra um veículo a 100 km/h, em pista de velocidade máxima permitida de 70 km/h. No cruzamento entre as avenidas Abdias de Carvalho e General San Martin, na Zona Oeste da capital, o motorista ainda entra na contramão.

O mesmo ônibus segue viagem parando de porta em porta nos hospitais. Na Fundação Altino Ventura, na Boa Vista, área central da cidade, o coletivo se encontra com outro ônibus, de Tamandaré, no Litoral Sul do estado. Pela placa, o Detran informa que que ele tem uma multa por estacionamento proibido no Recife e outra por excesso de velocidade na BR-101.

O viaduto em frente à antiga Fábrica Tacaruna, no limite entre Olinda e Recife, virou conhecido ponto de estacionamento para ônibus que aguardam o retorno de  pacientes de hospitais do bairro de Santo Amaro. A reportagem mostrou um do município de Joaquim Nabuco, na Mata Sul, parado no local bem no horário de aula dos estudantes. O motorista já foi multado por avançar o sinal vermelho na capital, segundo o Detran.
Outro ônibus que está no local é de Cupira, no Agreste, e já tem multa por excesso de velocidade na BR-232. Na hora de recolher os pacientes e levá-los de volta ao interior, o motorista conversa pelo celular durante o trajeto. O Ministério da Educação gastou R$ 1,1 milhão com seis ônibus destinados ao transporte de estudantes em Cupira, entre eles, esse mostrado na reportagem.
Falta de preparo
Enquanto muitas cidades do interior usam ônibus escolares para transportar pacientes para hospitais do Recife, estudantes passam sufoco para chegar às salas de aula. Em São Joaquim do Monte, no Agreste, mais um flagrante: uma caminhonete que levava alunos da zona rural para o Centro carrega também uma carga de garrafas de bebida e muitos sacos de trigo. O motorista José Ivanildo Marcelino não tem habilitação. “Mas quem traz [os estudantes] é meu sobrinho, que estava doente. Eu não dirijo todo dia”, explicou.
Para ser motorista de transporte escolar, a pessoa precisa ter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH] na categoria "D", não ter cometido infração grave nem gravíssima e ser aprovado em um curso especializado oferecido por entidades credenciadas pelo Detran. "É um risco e também vira crime conduzir sem habilitação. É preciso fazer um curso, em especial, para transporte escolar, porque exige mais cuidado, atenção e responsabilidade por transportar crianças”, disse a presidente do Conselho Estadual de Trânsito, Simíramis Queiroz.

Mais flagrantes
De volta ao Recife, a reportagem flagra mais ônibus escolares em frente a hospitais, com alguns vindos de Caetés, no Agreste, Água Preta, na Mata Sul. Há um microônibus de Cortês, na Mata Sul, estacionado em cima da lombada, com duas pessoas dentro.
A secretária de Educação de Cortês, Maria Eterilda de Assis, explicou o uso do veículo. “Foi um equívoco o que aconteceu. Houve um problema na [Secretaria de] Saúde. O carro que faz o transporte dos pacientes semanalmente teve um problema. Eles autorizaram a contratação de outro transporte para levar esse pessoal nesse dia, mas o funcionário não fez como foi orientado e mandou o ônibus escolar. Ele está sendo notificado por nós”, disse.
Cortês tem quatro ônibus do Programa Caminho da Escola, do governo federal. No entanto, eles não são suficientes para transportar todos 3,5 mil alunos do município. Só na Zona Rural são mais de mil. Eles vão para o Centro da cidade em caminhonete. De acordo com a secretária de Educação, a empresa contratada para fazer o transporte de quem não tem acesso ao ônibus usa 14 caminhonetes. “Elas estão adaptadas conforme resolução do Tribunal de Contas, que diz que os carros não podem ser abertos, os alunos não podem ficar expostos e todas as frotas são de fato fechadas”, explicou.
A secretária afirma que os carros oferecem segurança. Mas a reportagem encontrou um ônibus em más condições, com pneus carecas, bancos quebrados, velocímetro quebrado. Quem o dirigia era José Roberto, 73 anos, que calçava chinelo e disse que tinha esquecido os documentos e a habilitação em casa. Os passageiros sabem que correm risco.

G1 PE

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