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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Eleição do sindicato dos motoristas de ônibus é suspensa e novos protestos cancelados

Patrício Magalhães pediu o cancelamento da eleição prevista para os dias 10 e 11/2. Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

A população escapou de mais um transtorno provocado pela briga sindical entre os motoristas de ônibus da Região Metropolitana do Recife. A eleição da nova direção do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, prevista para acontecer nos dias 10 e 11 de fevereiro (próximas segunda e terça-feiras) foi cancelada  e não há data definida para acontecer. Pelo menos por enquanto. Assim, os protestos realizados na semana passada pelos rodoviários que fazem oposição à atual gestão sindical não se repetirão. A promessa, inclusive, era de que seriam ainda maiores e trariam ainda mais transtornos para a cidade caso a eleição se confirmasse.


A disputa foi suspensa pelo próprio Patrício Magalhães, que há mais de três décadas se perpetua à frente do Sindicato dos Rodoviários. “Eu suspendi porque estavam acusando a direção do sindicato de ser antidemocrática, de fazer as coisas na calada da noite para evitar a concorrência. Por isso a diretoria se reuniu e decidiu suspender. E mais: solicitamos ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que coordene um novo processo eleitoral, definindo um prazo para a inscrição de chapas que concorram com a nossa. Assim, não podem me acusar de ser antidemocrático”, atacou o presidente.


O procurador do MPT Renato Saraiva, que desde o início desta semana está responsável pelo caso, confirmou que a decisão de suspender a eleição partiu do sindicato. “O presidente me comunicou que estava cancelando a disputa para evitar qualquer problema. E que gostaria que o MPT ficasse à frente do novo processo eleitoral, definindo prazos para inscrição de novas chapas, por exemplo. O objetivo é fazer um processo democrático. Foi ele quem nos procurou. Eu ainda ia analisar a petição”, afirmou o procurador.


Renato Saraiva explicou que pretende reunir situação e oposição para tentar realizar um processo claro e democrático, mas ainda não há data definida para as eleições acontecerem. “Aproveito para já dar um recado: as possíveis chapas que venham surgir na disputa terão que ser compostas por rodoviários de fato. Não adianta inscrever pessoas que não sejam comprovadamente da categoria. Todos têm que ser motoristas”, disse.


OPOSIÇÃO
Aldo Lima, que está à frente da Oposição Rodoviária de Verdade CSP/Conlutas, viu o recuo da atual direção do sindicato como uma vitória. Para ele, Patrício Magalhães voltou atrás e o fez porque sentiu a pressão dos motoristas na semana passada e porque temeu ser obrigado pelo MPT a suspender a eleição. “Ele recuou antes que fosse obrigado, para não sair com a imagem tão desgastada. Foi pura estratégia. Há mais de 30 anos que o processo de eleição do sindicato é feito de forma antidemocrática, absurda mesma. Ele sabia que se não recuasse nós iríamos conseguir uma decisão favorável à anulação”, criticou.

Aldo Lima comanda a Oposição Rodoviária e briga por novas regras para a eleição.
Foto: Guga Matos/JC Imagem


Segundo acusações de Aldo Lima, reforçadas pelo professor Hélio Cabral, que faz parte da Executiva da CSP/Conlutas, o processo eleitoral é tão irregular que, pelo estatuto criado por Patrício Magalhães, é dado o prazo de apenas dois dias para que outras chapas se inscrevam na disputa e todo o controle do processo é do presidente. “É uma verdadeira ditadura. É o presidente quem indica as pessoas que apuram e guardam os votos, por exemplo. Isso é um absurdo, especialmente quando ele é candidato à reeleição”, disse. Provavelmente, quando a nova eleição for definida, deverão disputá-la três chapas: duas da oposição (uma da CSP/Conlutas e outra da CUT) e uma da situação. É esperar mais um capítulo dessa briga sindical que tem extrapolado os limites do sindicato e chegado às ruas, prejudicando milhares de pessoas.

Blog De Olho no Trânsito

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