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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Ônibus interestaduais se envolvem em acidentes a cada 16 horas no país




Um acidente envolvendo ônibus interestaduais é registrado a cada 16 horas, em média, nas rodovias do país. É o que mostra levantamento feito pelo G1 com base nos dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de 2013.

Foram registrados 549 acidentes no ano passado, um aumento de quase 15% em relação a 2012, quando houve 480 registros. O Distrito Federal lidera a lista, com um terço do total (186). Uma das explicações da Polícia Rodoviária Federal para o índice do DF é o alto número de viagens feitas pela população de cidades do entorno, como Valparaíso de Goiás, para Brasília em ônibus com características urbanas, mas que são considerados interestaduais por cruzarem a divisa.

Goiás teve 67 acidentes com ônibus de passageiros. Já Minas Gerais, que tem a maior malha rodoviária do Brasil, aparece na terceira posição no ranking, com 65 registros.

Ao todo, 149 pessoas morreram e outras 837 ficaram feridas. As ocorrências são repassadas à ANTT pelas empresas. A legislação obriga que elas informem o registro de acidentes e assaltos envolvendo serviços de transporte rodoviário interestadual. Há hoje 255 empresas operando no país em 2.647 linhas diferentes.



Entre as rodovias, a BR-116, em São Paulo, é a campeã de acidentes envolvendo ônibus interestaduais (16 em 2013). A estrada abriga um trecho crítico, na Serra do Cafezal, único com pista simples. As obras de duplicação, que chegaram a ser adiadas mais de uma vez, só começaram após uma licença emitida pelo Ibama em 2013.

Conhecida como Régis Bittencourt e apelidada no passado de "rodovia da morte", ela foi palco de um violento acidente na véspera de Natal no ano passado, quando 15 pessoas morreram. A polícia acredita, no entanto, que o motorista do ônibus, que ia de Curitiba para o Rio, tenha dormido ao volante, já que ele trafegava na parte duplicada da via e num local sem curvas perigosas.

Para o médico e diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) Dirceu Rodrigues Alves Junior, essa é uma das principais causas de acidentes envolvendo ônibus. “Alguns motoristas têm jornadas longas, de 10 a 12 horas, e muitos viram a noite na estrada. A gente sabe que, fisiologicamente, após oito horas de direção, o motorista já tem déficits de atenção, tornando a possibilidade de um acidente duas vezes maior.”

Alves Junior diz, no entanto, que a alta velocidade ainda é a causa número um, em razão da vontade de se chegar mais rápido ao destino. “Tem também a questão da droga, que tem sido muito utilizada em substituição ao álcool, devido aos testes de bafômetro. As mais usadas são a maconha e a cocaína.”

O inspetor Stênio Pires, da Polícia Rodoviária Federal, afirma que a corporação tem reforçado a fiscalização para coibir os acidentes. Segundo ele, no ano passado foram adquiridos 130 novos equipamentos – uma espécie de pistola-radar – para flagrar os veículos acima do limite nas vias. Pires afirma ainda que o fato de motoristas estarem deixando de beber demonstra que as blitze têm dado resultado. "O que a PRF tem feito em conjunto com alguns estudiosos agora é testar equipamentos para detecção de outras drogas que estão sendo usadas. Mas é algo que ainda está sendo trabalhado. Talvez no ano que vem a gente possa utilizá-los."

Sobre o número de acidentes, o inspetor da PRF diz que é preciso levar em conta que o número de viagens tem aumentado. "Nos últimos anos, com o aumento da renda, as pessoas estão viajando mais e muitas não têm condição de ir de avião. É natural, portanto, que ocorram mais acidentes de ônibus. Mas o número de vítimas fatais tem diminuído ainda assim. E isso tem relação com a fiscalização intensa da PRF e com o próprio trabalho que a ANTT tem feito com a segurança de infraestrutura dos ônibus."

Os dados da ANTT mostram, de fato, que em 2013 houve apenas três mortes a mais e 12 feridos a menos que em 2012, apesar da alta nas colisões.

BR-101
Em número de mortes, a BR-101, na Bahia, aparece na primeira posição entre as estradas. Foram 25 óbitos em seis acidentes registrados. Pires diz que, às vezes, um só acidente de ônibus acaba deixando várias vítimas, mas lembra também que a BR-101, que liga o Sul ao Nordeste, abriga um fluxo muito grande de veículos por conectar cidades turísticas.

Se forem contabilizados todos os acidentes envolvendo ônibus e micro-ônibus nas rodovias federais, o número é bem maior. Foram 10.692 em 2013, de acordo com a PRF, número similar ao registrado em 2012 (10.629). O dado equivale a 5% do total de acidentes no ano passado (186.583).

Nesta semana, um ônibus capotou da Rio-Santos (BR-101), deixando cinco mortos e 17 feridos. No Rio Grande do Sul, um micro-ônibus colidiu com um caminhão. Seis pessoas morreram.

Passageiros
Para Alves Junior, da Abramet, os passageiros devem observar as atitudes do motorista e o alertar, especialmente se ele estiver acima do limite de velocidade. Mas mais importante ainda, diz, é utilizar o cinto de segurança.

Créditos: Divulgação

“Normalmente nos ônibus ninguém usa. Por isso, quando há uma colisão, as lesões são graves, porque uma capotagem faz com que o sujeito seja jogado contra as paredes, contra o teto. O equipamento de segurança deve ser usado permanentemente, porque não é possível prever quando haverá uma freada brusca ou uma batida.”

G1

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