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sábado, 6 de dezembro de 2014

Na volta da praia, ônibus cheios e cassetetes em punho

Créditos: Úrsula Freira/Leia Já Imagens


Ir à praia é um típico programa de domingo dos recifenses. A volta para casa em ônibus abarrotados também. Nos finais de semana, as linhas de ônibus reduzem sua frota cerca de 60%. Lotadas, as paradas dos bairros do Pina e Boa Viagem acabam dando dor de cabeça para quem tinha tirado o dia apenas para relaxar. Enquanto isso, as empresas de transporte estão colocando seguranças, alguns armados, para evitar evasão de renda e danos materiais.

Para fugir do sufoco, alguns acabam optando por outros meios. A dona de casa Cláudia Gomes, de 27 anos, estava esperando o ônibus na primeira parada da Avenida Engenheiro Antonio de Góes, no Pina. “Eu acabo voltando a pé ou pegando um táxi. O ônibus só vem lotado”, criticou. “Ele para lá no início, antes da parada, quando eu chego lá já está lotado”, disse.

O auxiliar de serviços gerais Igor Anderson, 19, não precisa nem ir à praia para viver a mesma situação. Ele trabalha ao lado dela. Segundo o jovem, a situação começa a piorar já nas sextas-feiras. “Eu fico esperando vir um mais vazio. Olha para aí [aponta para ônibus com um aglomerado de pessoas se esforçando para subir], não tem condições. Algumas vezes eu vou andando até o Shopping Rio Mar”, disse Anderson.


Essa grande demanda de passageiros também atinge as empresas de ônibus. Quando os veículos chegam à parada da Antônio de Góes, as pessoas saem correndo para subir e muitas entram pelas portas de trás e pelas janelas, sem pagar. Para evitar o prejuízo financeiro e o vandalismo, vigilantes e fiscais de trânsito passaram a trabalhar no local.

A empresa Borborema coloca três funcionários no ponto de ônibus. Quando o carro chega, eles correm para as portas, impedindo que alguém ouse invadir. “Se a gente deixar, as pessoas quebram as portas e os carros não saem”, relatou o fiscal Isaque Ferreira. Segundo ele, os fiscais também são responsáveis por pedir reforço policial, caso seja necessário.

Logo ao lado deles, no mesmo ponto, seis vigilantes trabalham para a Mobibrasil Transportes, protegendo os veículos da empresa CRT. Ao contrário dos empregados da Borborema que não podem andar com armas, dois dos vigilantes carregam cassetetes. O grupo afirma que não usa os objetos, que só servem de intimidação. Na parada, a opinião geral é que a atuação desses profissionais é benéfica. “Se não fosse eles, teria mais barulho, briga, assalto. Quando alguém tenta entrar, eles pedem para descer...”, opinou o marceneiro Jackson Orico da Silva, 27.

A reportagem procurou a Polícia Federal para descobrir se os vigilantes da Mobibrasil teriam autorização para portar uma arma em uma parada de ônibus, inclusive porque eles não usam nenhuma identificação da empresa a qual pertencem, apenas um colete laranja. O órgão respondeu apenas que seria necessário uma denúncia para que os agentes investigassem o caso. No entanto, no próprio site da PF, estão listados uma série de documentos necessários para que uma empresa exerça a função de segurança privada.

Em junho deste ano, a câmara federal elaborou um projeto que visa implantar uma série de novas regras para o uso de cassetetes e armas perfurocortantes pelos agentes de segurança pública, ou seja, policiais devidamente fardados, em todo o Brasil. De acordo com o texto, da Comissão de Constituição e justiça (CCJ), que ainda será votado no plenário, os policiais não poderão usar cassetetes em festividades e celebrações, por exemplo.


Segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte, a redução na frota nos finais de semana e feriados se deve pela redução de demanda, o que ocasionaria prejuízo. Apesar da média de 40% de ônibus nas ruas nesses dias, o consórcio disse que para as linhas que trafegam na área do Pina e Boa Viagem, mais da metade dos ônibus continuam operando.

A Urbana-PE, sindicado das empresas de ônibus, afirmou que os "orientadores de tráfego" da Borborema já atuam há algum tempo e são funcionários da empresa. Porém, até a publicação da matéria, o sindicato não esclareceu a atuação dos funcionários da CRT e nem se eles tinham autorização para o uso da arma.

Portal LeiaJá

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