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Créditos: Sérgio Bernardo/JC Imagem |
Não são poucos os questionamentos dos usuários de transporte coletivo na
Região Metropolitana do Recife (RMR), onde o sistema é tão falho.
Atrasos, ausência de articulação entre os modais, investimento de
dinheiro público sem retorno para a população. Esses são só alguns dos
problemas que geram dúvidas.
O JC Trânsito
procurou o Grande Recife Consórcio de Transportes e a Companhia
Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), além de matérias publicadas pelo
Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) abordando o tema, para
responder a cinco delas.
1 - Por que não existem linhas de ônibus entre a zona sul e a zona norte?
Quem está em Casa Forte, na Zona Norte, e quer chegar a Boa Viagem, na
Zona Sul, realmente não tem como pegar só um ônibus, o que é motivo de
muita reclamação. O Grande Recife Consórcio de Transportes alega que os passageiros devem recorrer aos terminais integrados
para não pagar mais de uma passagem nesses trajetos. No entanto, os
próprios terminais também são alvo da indignação dos usuários. Filas grandes e ônibus lotados, destacam os passageiros, fazem parte da rotina dos TIs e dos veículos que circulam por esses lugares.
A partir deste sábado (6), será possível ir do Parque da Macaxeira ao Pina, com a linha opcional Apipucos/RioMar, mas isso é insuficiente, ao custo R$ 4,60. Uma
rota possível para o exemplo entre Casa Forte e Boa Viagem é pegar a
linha Alto Santa Isabel na Avenida 17 de Agosto, descer no Derby e pegar
a Aeroporto/Tacaruna - outras podem ser conferidas em aplicativos como o
Moovit. Com sorte e sem engarrafamento, o que é muito difícil, o
trajeto é feito em 40 minutos.
2 - Por que ninguém organiza as filas nos terminais?
O Grande Recife Consórcio afirma que 194 facilitadores de acesso ficam
nos terminais integrados de maior demanda, como Barro, na Zona Oeste, e
Macaxeira, na Zona Norte. Policiais militares também ficam distribuídos por esses terminais nos horários de pico. Porém, essas ações não têm resultados efetivos.
Nesse
caso, no entanto, os próprios passageiros podem contribuir respeitando
as filas. Cerca de 250 mil pessoas passam por esses TIs.
3 - Por que o sistema para saber os horários dos ônibus nunca funcionou?
Três anos após o fracasso para informar aos usuários o horário dos ônibus na Região Metropolitana, o Grande Recife Consórcio está em fase de testes para instalar um novo sistema.
A promessa é de que ele esteja disponível para os passageiros até o fim
do ano, através de painéis de LCD instalados nos terminais, aplicativo
de celular e do site do órgão.
Em 2012, o Sistema Inteligente de
Monitoramento da Operação (Simop) durou 18 dias, até apresentar falhas e
o Governo de Pernambuco rescindir o contrato de R$ 20 milhões com as
empresas Cittati, Midiavox, Cercap.
A nova licitação, vencida no
início do ano passado pela espanhola Etra, responsável pelo sistema de
ônibus de Bogotá, na Colômbia, duplicou o investimento, que agora é de
R$ 40,2 milhões. O Grande Recife Consórcio alega que o monitoramento
agora será maior, permitindo, além da prestação do serviço aos usuários,
o planejamento e a fiscalização dos ônibus.
A ideia é que esse
sistema possa verificar as 26 mil viagens realizadas pelos três mil
ônibus que circulam na RMR, coibindo práticas irregulares, como o hábito
que alguns motoristas têm de andar em comboio. Além disso, em casos de
quebra dos veículos, por exemplo, será possível acionar a empresa
imediatamente. Resta saber se agora vai sair do papel e, principalmente,
durar.
4 - Por que os ônibus ainda não têm ar condicionado?
A
licitação para os novos veículos prevê alguns deles com ar-condicionado:
os BRTs (Bus Rapid Transit); os do tipo padrão especial, como o que
circula na linha Aeroporto (Opcional); e os ônibus articulados de linhas
troncais, que são aquelas que vão dos terminais para o Centro.
O
processo foi dividido em sete lotes, dos quais apenas o 1 e o 2 foram
licitados, assinados e já estão nas ruas. Esses grupos correspondem aos
corredores Norte/Sul e Leste/Oeste do BRT, além de ônibus que trafegam
em Olinda, na Região Metropolitana, e de linhas alimentadoras, que
trazem os usuários do subúrbio até o terminal integrado mais próximo.
Deles, apenas os BRTs são refrigerados.
Os contratos de 3 a 7,
que compreendem corredores como as avenidas Norte, Abdias de Carvalho e
Domingos Ferreira, ainda estão sendo revistos antes de serem assinados.
As alterações deverão passar pela ampliação do prazo para aquisição de
parte da frota de ônibus com ar-condicionado e pela flexibilização das
exigências dos modelos de veículos que serão adquiridos.
Não há
previsão de quando esses lotes chegarão às ruas - os poucos veículos que
estão sendo vistos com ar-condicionado, entre eles alguns das linhas
Avenida Norte (Macaxeira) fazem parte da renovação de frota feita de
forma independente pelas empresas, se antecipando à licitação.
5 - Por que o metrô não chega à zona norte nem a Olinda?
Completando 30 anos com apenas três linhas,
que não chegam a esses lugares, o metrô não tem previsão de expansão.
Por enquanto, continuará ligando apenas a área central do Recife a
Camaragibe e a Jaboatão dos Guararapes na linha Centro, que tem dois
ramais; na Sul, o Largo da Paz, na Zona Oeste, a Cajueiro Seco em
Jaboatão; e, na Diesel, essa estação ao Cabo de Santo Agostinho.
No
entanto, segundo a CBTU, este é um desejo da empresa, que tem algumas
propostas. No Recife, novas linhas sairiam da Avenida Agamenon Magalhães
até a PE-15, na Avenida Norte, do aeroporto até o Terminal Integrado da
Macaxeira e do Largo da Paz até a sede da prefeitura. Há ainda a ideia
de uma linha para Suape e outra passando em São Lourenço da Mata.
Em
nota, a Companhia afirmou que, para fazer os estudos e ampliar o modal,
é preciso alinhar esses planos aos do Governo de Pernambuco, que
forneceria recursos e infraestrutura para isso. O Estado e a União
passam, entretanto, por um período de redução nos investimentos - e os
recursos não foram disponibilizados antes também.
Apesar de mais
rápido e confortável que o sistema de ônibus, enquanto eles atendem 1,7
milhão passageiros por dia, os trens transportam 400 mil - 260 mil na
Centro e 120 mil na Sul, as duas maiores. Veja o mapa dos locais
atendidos:
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