A proposta é um ‘Dia Mundial Sem Carro’, mas as ruas do Grande Recife enfrentaram o mesmo tráfego de sempre nesta quarta-feira (22). Desconhecendo a proposta-protesto por um transporte mais ambientalmente sustentável, criada em 1997, na França, a grande maioria da população enfrentou os usuais congestionamentos.
De um lado, um grande grupo de recifenses deixou o movimento de lado mais por não conhecê-lo do que por falta de vontade em aderir à causa, a exemplo do trainee administrativo Thiago Lima, de 21 anos. “Nunca ouvi falar, mas se soubesse acho que encontraria um jeito de participar”, garantiu o trainee administrativo Thiago Lima, de 21 anos. Um segundo e majoritário grupo buscou amparo no tradicional discurso da necessidade. “Somos quatro pessoas, trabalhamos em lugares diferentes, tenho que sair deixando o pessoal. Eu preciso do carro, não teria como participar”, explica o profissional autônomo Fábio Araújo de Melo, de 30 anos.
Mas houve quem aderisse à causa e buscasse chamar a atenção para o uso excessivo de automóveis e questionar a dependência criada em torno da mobilidade particular, a exemplo da integrante do Fórum Estadual de Reforma Urbana de Pernambuco (Feru-PE), Daniela Rodrigues, uma das defensoras do protesto. Para isso, ela teve que pegar quatro ônibus para ir de Jardim Paulista, na zona norte da Região Metropolitana do Recife, à Madalena, na capital, onde trabalha, em um trajeto total de 25,8 km e 1h32. “Acabei percebendo problemas que antes não conseguia enxergar. As calçadas não oferecem mobilidade, há semáforos quebrados e os coletivos vivem lotados. No fim, senti falta do meu carro”, afirma.
Em Jaboatão dos Guararapes, um grupo de 30 pessoas, entre estudantes e funcionários públicos, decidiu ir de bicicleta ao trabalho. A iniciativa marcou oficialmente a primeira adesão do município ao protesto, que já vem sendo colocado em prática, há sete anos em mais de 60 cidades, a exemplo de São Paulo. “Fomos da Praça de Candeias até a Prefeitura, um trecho que normalmente fazemos em 30 ou 40 minutos de carro e que hoje conseguimos pedalar em apenas 20. Acabou sendo mais saudável, responsável, barato e, surpreendentemente, também mais rápido”, defendeu o pastor Waldir Benebides.
A iniciativa na segunda maior cidade do estado rendeu frutos. De acordo com o secretário do Meio Ambiente, Marcio Mendes, o grupo, que protestava por uma ciclovia será atendido a partir do próximo sábado, quando 1,5 km de área reservada a ciclistas será inaugurada na cidade. “Nos próximos meses, essa faixa será interligada à ciclovia do Recife, facilitando ainda mais a mobilidade. É uma causa justa e que merece atenção”, garantiu.
Na rede de relacionamentos Twitter, o assunto também entrou na pauta coletiva. Usuários como @mecva defendiam a iniciativa: “Hoje, 22 de setembro, é o dia mundial sem carro. Pelo menos agora a tarde eu vim trabalhar a pé”, enquanto outros ironizavam as ações das pessoas que não conheciam o projeto, a exemplo de @simozzilli: “Parabéns ao candidato Mercadante que marcou carreata no Dia Mundial sem Carro”.
Por Ed Wanderley, da redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
sábado, 25 de setembro de 2010
Dia Mundial Sem Carro evidencia dependência de veículos particulares no Recife
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