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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Carrocerias “sentem” menos a crise da falta de renovação

Carrocerias “sentem” menos a crise. Queda foi de 8,39% frente a baixa de 25,4% dos chassis. Em números absolutos, país fabricou mais plataformas que carrocerias.


Créditos: Guto de Castro/Acervo

O setor de carrocerias de ônibus no País também sentiu o desaquecimento econômico nacional e a redução das renovações de frotas em 2012. No ano passado, de acordo com dados consolidados da Fabus – Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, foram feitas 32 548 carrocerias contra 35 531 unidades em 2011. A baixa na produção foi de 8,39%.

No entanto, a queda é menor em comparação com a produção de chassis, que teve baixa de 25,4% segundo a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Em 2012, foram feitos 36 844 chassis de ônibus e em 2011, 49 373 veículos de transportes coletivos sobre pneus.

Tanto chassis como carrocerias foram afetados pelo ritmo menor da economia brasileira e pela mudança de tecnologia de restrição a poluição. As fabricantes de motores e chassis foram desde janeiro de 2012 obrigadas a seguir novos parâmetros de emissão de poluentes, mais rigorosos, previstos pela sétima fase do Proconve – Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, que se baseia nos padrões internacionais Euro V.

Muitos empresários, sabendo que em 2012 entraria uma nova tecnologia que deixaria os ônibus menos poluentes, porém mais caros, anteciparam para 2011 as renovações de frota previstas para 2012 ou postergaram para 2013.

E é neste ponto que a diferença de números se explica. Muitos empresários compraram os chassis em 2011, principalmente no último trimestre, mas só encarroçaram seus veículos em 2012. Por isso a queda do setor de carrocerias foi menor.

Carrocerias e chassis sempre seguem a mesma tendência, mas o setor de encarroçamento normalmente “sente” depois a realidade do que ocorre com os chassis. E nesta diferença de tempo, pode se beneficiar caso a fabricação das plataformas e motores se recupere.

Em relação às diferenças de números absolutos, a lógica é a mesma. Muitos chassis comprados em 2012, principalmente nos últimos três meses, ainda não foram encarroçados. Além disso, o ritmo de exportações de chassis, em volumes, tende a ser maior que o de carrocerias.

EMPRESAS:

Créditos:Guto de Castro/Acervo

Em relação à posição das marcas no mercado, praticamente não houve alterações em relação a 2011, segundo a Fabus.

A Marcopolo continuou liderando o mercado geral, com 7451 ônibus. No entanto, o número da empresa é maior, já que deve ser somada a produção da Ciferal, que fabrica ônibus urbanos e pertence à marca. Assim, somando Marcopolo e Ciferal, em 2012, o grupo fabricou 12961 carrocerias.

Já em relação aos ônibus urbanos, a maior fatia do mercado, a liderança é da Caio Indusscar, com 8585 ônibus deste segmento. A quantidade de veículos urbanos fabricados pela Caio supera aos da concorrente Marcopolo, mesmo somando as 5517 unidades da Ciferal (do mesmo grupo) e as 992 com a marca Marcopolo, que atinge 6509 ônibus.

O segmento de micro-ônibus é liderado pela Neobus, com 2677 unidades. As vendas dos veículos que levam a marca e que são de pequeno porte, como a família Thunder não são tão expressivas. Mas no caso da Neobus, é levada em consideração a produção, em parceria com a fabricante de chassi Iveco, do modelo CityClass, um dos principais ônibus do segmento escolar e um dos mais vendidos para o Governo Federal que realiza o Programa Caminho da Escola.

RANKING: (marcas/unidades produzidas em 2012)
Marcopolo – 7541
Ciferal – 5517
Total do Grupo Marcopolo: 12968
Caio: 9127
Neobus: 4178
Comil: 3331
Mascarello: 2232
Irizar: 712

Nesta conta, não é levada em consideração, a produção das marcas Ibrava e Maxibus, que não são associadas da Fabus, porém, não respondem por grandes fatias de mercado.

SEGMENTOS:
Em relação aos segmentos, como já é histórico na produção de ônibus no Brasil, os veículos urbanos predominaram no mercado. De acordo com a Fabus, o segmento representou mais da metade da produção de carrocerias.

Veja a relação (segmento/unidades/porcentagem de mercado/empresa líder/ unidades da empresa líder)
Urbanos: 18636 – 57,26% / Caio – 8585
Rodoviários: 6626 – 20,36% / Marcopolo – 3812
Micro-ônibus: 4905 – 15,07% / Neobus – 2677
Intermunicipal: 2381 – 7,32% / Marcopolo – 1504

ESTIMATIVAS:
Acompanhando a mesma estimativa do setor de chassis, as fabricantes de carrocerias trabalham com a perspectiva de crescimento a partir deste ano. E se não houver nenhum fator econômico global muito forte, motivos para o otimismo não faltam:

- Recuperação de Mercado: No ano passado muitos empresários decidiram não renovar as frotas. Algumas compras foram antecipadas para 2011 e outras postergadas. Mas as trocas de ônibus devem continuar e o mercado se ajustar novamente. Além disso, mesmo que não plenamente satisfeito, o empresariado está mais seguro quanto ao diesel S 50 (mais limpo) e em relação ao ARLA 32 (Agente Redutor Líquido Automotivo, com 32,5% de uréia industrial), usados para que os ônibus padrão Euro V consigam atingir as metas de redução de poluição previstas pelo Proconve, do Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente.

- Mobilidade Urbana e Copa do Mundo: A Copa do Mundo de 2014 tem sido responsável pelos investimentos em melhorias de mobilidade urbana, não somente nas cidades-sede, mas também nos municípios ao entorno. Mesmo que tardiamente (e muito) e só para a Copa, o Governo Federal se mexeu ao participar das ações de mobilidade, que antes ficavam praticamente sobre as costas dos estados e municípios somente. O PAC Mobilidade, que agora contempla municípios maiores, será responsável por novos sistemas de ônibus, que vão exigir veículos urbanos e com mais categoria, portanto, maior valor agregado. A maior parte dos projetos do PAC, vale ressaltar, contempla corredores de ônibus do tipo BRT – Bus Rapid Transit.

- Licitações: Vários certames de diversos portes são aguardados para 2013 e 2014. A polêmica licitação da ANTT – Associação Nacional de Transportes Terrestres, mesmo que sob juízo, pode sair nos próximos meses. Ela vai mexer com um universo de cerca de 7 mil ônibus rodoviários e vai exigir idade média de 5 anos e máxima de 10 anos. Levando em consideração que ainda um percentual significativo da frota rodoviária tem mais de 14 anos, o ritmo de renovação será interessante para a indústria. Somam-se as licitações de transportes urbanos. Só a do Distrito Federal prevê a troca de 3 mil ônibus.

- Mercado Externo: As estimativas são de alguma reação do mercado internacional à crise global, que persiste desde 2008, o que pode trazer impactos positivos nas exportações de ônibus brasileiros.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Blog Ponto de Ônibus

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