Promessa de campanha, a implantação do bilhete único pelo governador eleito Paulo Câmara lhe exigirá uma decisão política que seu antecessor retardou por três anos: o reajuste das tarifas de ônibus da RMR. E com um agravante: desta vez, os operadores têm uma concessão que garante o equilíbrio financeiro do serviço prestado afirmando que se a receita não cobrir o custo, o Estado pagará a diferença.
Com a tarifa a R$ 2,15, admite o presidente da Urbana PE, Fernando
Bandeira, o futuro governo terá dificuldades para implantar o bilhete
único. Devido aos custos do desembolso para equilibrar toda a operação.
E, embora o presidente da Urbana não fale sobre o assunto, é fácil
deduzir que os dois consórcios que já operam os BRTs, sem estarem
operando integralmente os corredores, estão enviando suas faturas ao
governo cobrando a diferença.
O futuro governo, portanto, será chamado a remunerar a diferença. E o
mesmo princípio valerá para os demais seis contratos de concessão que
devem ser assinados com o setor para cobrir toda a operação de ônibus da
RMR, por onde trafegam dois milhões de pessoas. Um custo que, com a
tarifa de R$ 2,15, chega a R$ 300 milhões/ano, segundo a Urbana.
A solução é óbvia. A opção política de Eduardo Campos em deixar o
setor 36 meses sem reajuste na RMR obriga a uma decisão financeira de
reajuste que Paulo Câmara terá que tomar a partir de janeiro. E já com
um “pendura” dos dois BRTs se o governador João Lyra não quitar as
faturas emitidas pelos consórcios que operam os corredores Norte/Sul e
Leste/Oeste.
Enquanto a conta não chega na mesa de Paulo Câmara, a Urbana-PE faz
uma lista de sugestões que, além do reajuste da tarifa, alinhe os custos
em especial quanto ao tema gratuidade. A primeira constatação é que,
hoje, tem muita gente andando de graça. Na planilha oficial o índice é
1,59% do total de pagantes. Com a entrada da biometria, o contingente
chegou a 9,1%.
O número assustou até os então candidatos ao governo de Pernambuco.
No sistema gerido pela Urbana-PE estão cadastradas 37.884 pessoas que
não pagam passagem e mais 53.188 que tem direito, também, a
acompanhante. Desse total, 42% são incapacitados físicos e 45% mentais. A
operação mostra que há um uso intenso dos cartões dos dois grupos. E o
número de novos pedidos se mantém em 1.100 por mês. Para a Urbana-PE, o
governo do Estado deve regular essa concessão com maior precisão, pois
hoje os critérios são subjetivos e feito pelas prefeituras da RMR.
O custo da gratuidade não é só dos deficientes. No sistema, o
estudante só paga metade o que representa 14,48% em termos de redução de
receita bruta. Até o final do ano, todo o sistema terá biometria. E ela
já revela que, quem paga usa menos. Os estudantes secundarista usam, em
média, menos passagens pois só o dono do cartão passa na catraca
biométrica. O desafio da gratuidade existe também com os idosos. É um
direito constitucional. O problema é que acomodá-los está ficando
difícil pelo aumento de usuários. A Urbana sugere um sistema mais
ajustado. Como reservar os bancos da frente só para deficientes físicos
com os idosos usando a porta do meio.
Blog De Olho no Trânsito
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