segunda-feira, 30 de março de 2015

BRT no Grande Recife acumula atrasos e divide a opinião dos usuários

Créditos: Allan Torres/Diário de Pernambuco

No dia sete de junho de 2014 entrava em operação no Recife a primeira linha do BRT (Bus Rapid Transit). Com a criação de faixas exclusivas, rotas que interligariam parte da Região Metropolitana, construção de estações modernas e aquisição de ônibus mais equipados, o sistema prometia inovar o transporte coletivo no Recife - ainda a tempo da Copa do Mundo. Quase um ano depois de sua implantação parcial, no entanto, o BRT ainda não funciona plenamente e os usuários se dividem entre elgoios e críticas.

As obras do Corredor Leste/Oeste – que liga Camaragibe ao centro da cidade – devem custar R$ 168 milhões. A promessa é de que, quando o BRT estiver em pleno funcionamento, 155 mil pessoas sejam atendidas todos os dias, nas sete linhas previstas, pelos ônibus que devem trafegar a uma velocidade média de 20 km/h. Atualmente, apenas três estão funcionando.

No Coredor Norte/Sul – que vai de Igarassu ao centro -  e custará 187 milhões, o projeto pretende atender a 180 mil pessoas diariamente. A proposta é que as oito linhas previstas consigam circular a 16 km/h. Duas linhas estão ativas até então.

A professora Vilma Araújo, 57 anos, costuma sair do Terminal Integrado de Camaragibe com destino ao Derby e classifica o desempenho do BRT como “ótimo” neste roteiro. Se o destino final for outro, no entanto, a opinião também é diferente. “Se tiver de ir para outro trecho do centro, não compensa. Às vezes prefiro pegar o trânsito comum e passar mais tempo, do que andar tanto”, comenta. Isso porque das 26 estações previstas para o Corredor Leste/Oeste apenas 13 estão funcionando. No Norte/Sul são 11 pontos atendidos, dos 28 previstos no projeto. “Às vezes deixo de ir para o Centro por preguiça de andar tanto”, conta a dona de casa Berise Maria, 48, que usa o BRT saindo do Terminal Integrado da PE-15.

Além da distância entre estações ativas, as faixas exclusivas não estão presentes em todo o percurso, obrigando o BRT a dividir espaço com carros, motos e ônibus comuns. “De Via Livre, eu acho que ele não tem nada”, critica o funcionário público Natanael Souto Maior, 61, ironizando o nome recebido pelo sistema no Recife. Para o leiturista da Celpe Ramias Honorato, 42, é necessário intensificar a fiscalização para coibir que veículos particulares usem a faixa exclusiva. “Eles não respeitam, cometem um tipo de indisciplina, porque invadem a faixa do ônibus e no final vai ficar todo mundo congestionado”, conta. “Na minha opinião, deveriam ter colocado gelo baiano”, sugere o leiturista, que classifica positivamente o sistema, mas afirma que ele “não foi feito para brasileiros”.

Nem sempre há cadeiras disponíveis
A recepcionista Renata Gabriela, 28, compreende que o sistema não foi totalmente implantado e afirma que, mesmo incompleto, desde que começou a funcionar, o BRT deixou sua viagem mais rápida e refletiu em uma economia de cerca de 30 minutos no percurso entre Camaragibe e o Derby. “Só falta terminar de melhorar, para ir mais longe”, defende a recepcionista, que consegue seguir sentada na maioria das viagens. A fotógrafa Wanessa Neves, 22, não tem a mesma sorte. Ela costuma apanhar o BRT no Terminal Integrado da PE-15, mas raramente consegue ir sentada. “É muito espaço para pouca cadeira, então, sempre acabo indo em pé. Mesmo assim, prefiro ir em pé no BRT do que no calor”, dispara.

A proporção de cadeiras para cada passageiro é realmente menor, se comparada a um ônibus comum, explica o coordenador regional da Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP), César Cavalcanti. “Quando você aumenta a área livre, você diminui o custo por passageiro. Por isso que no metrô, por exemplo, o espaço útil é muito menor do que nos ônibus comuns. É uma maneira de baixar os custos”, esclarece.

Na visão do especialista, que também se define como “usuário casual” do sistema, a principal questão é que o BRT ainda não foi concluído. “É um super projeto que, quando concluído, vai trazer o benefício prometido. O que está acontecendo são atrasos, desvios, infelizmente comuns nesse tipo de intervenção”, defende. “A frota não está completa, as paradas não estão todas prontas, a infraestrutura também não e tudo isso afeta profundamente o funcionamento. Ainda nem é possível avaliar o serviço de verdade, se queixar do projeto em si, ainda nem faz sentido”, acrescenta.

Para Cavalcanti, o momento é de dar andamento às obras e corrigir as falhas já identificadas, como a invasão de veículos particulares nas faixas exclusivas. “Eu reajo à ideia de conscientização. Não estamos tratando com bebês, são adultos habilitados, que, hipoteticamente, devem conhecer o Código de Trânsito Brasileiro. Tem que multar. Temos um sistema de fiscalização eletrônica que deve ser usado, já que máquinas não podem ser subornadas. Se implantado, dentro de seis meses os casos de invasão iam ser pontuais, só por pessoas distraídas”, explica.

Um quesito não indicado pelos usuários, mas destacado por Cavalcanti é a segurança no transporte. “Cruzamento, faixas de pedestres, acesso dos usuários, tudo isso precisa ser muito bem executado. No BRT do Rio de Janeiro já tiveram acidentes graves e é preciso se adiantar a isso”, completou.

Obras só serão conluídas em 2017
Prevista para ser finalizada em junho de 2014, a implantação do BRT está com 80% de suas obras realizadas e só deve ser totalmente concluída em 2017. O prazo foi dado pelo secretário-executivo de Mobilidade, Marcelo Bruto.

Ele explica que, no corredor Norte/Sul, além das 11 estações já em funcionamento, sete estão concluídas aguardando ação do Consórcio Grande Recife para iniciar as operações. Todas as outras estão em obras e têm cronogramas específicos, que devem ir até maio. No trecho Leste/Oeste 10 ainda estão pendentes e sem previsão de continuidade, já que uma das empresas responsáveis pela obra, a Mendes Júnior, está impedida de continuar o serviço por ter sido citada nas investigações da Operação Lava Jato. “Ainda não podemos falar com convicção se vai ser possível continuar as obras com essa empresa”, explica, afirmando que dentro de algumas semanas a situação será resolvida e que talvez seja necessário recomeçar o processo de licitação. “Você está sujeito a isso, é um imprevisto.”

O problema com a empresa é apenas um dos enfrentados para a conclusão das obras. “As obras de mobilidade são, em geral, as mais desafiadoras em termo de cronograma, porque ficam em áreas conturbadas, no meio da cidade. Exige uma tarefa grande de desapropriação e remoção de interferências, processos jurídicos. Esse é um fator importante dos atrasos, mas têm outros, que escapam do nosso domínio”, justifica.

Apesar dos problemas para avançar na conclusão do projeto, Bruto afirma que o retorno dado pelos passageiros indica um sistema de sucesso, avaliado positivamente. “Você consegue transportar 60, 70 mil pessoas e atingir, por exemplo, uma velocidade média de 20 km/h, o que é bem interessante para uma cidade como Recife”, avalia.

Para Bruto, os desafios enfrentados no Recife são gerais e também vivenciados em outras capitais. “Existe uma dificuldade em conciliar a necessidade imensa, a demanda, com agilidade e qualidade do projeto”, comenta.




Diário de Pernambuco

Recife chega em 2015 sem concluir o seu plano de mobilidade urbana. O prazo termina em abril

Créditos: Roberto Ramos/Diário de Pernambuco

O Plano de Mobilidade Urbana do Recife enviado à Câmara Municipal pela gestão anterior e retirado pela atual gestão ainda está no limbo e a cidade segue sem definição das políticas públicas na área de mobilidade para os próximos anos. Faltando um mês para os municípios apresentarem seus planos, a situação é de total estagnação. E Recife, não é a única. Acompanhe a matéria abaixo do Portal Mobilize.

Termina agora, em abril de 2015, o prazo fixado pela Lei 12587/2012 para que os municípios brasileiros com mais de 20 mil habitantes elaborem seus Planos Diretores de Mobilidade Urbana. Caso contrário, essas cidades não poderão obter recursos federais para suas obras de transporte urbano.

Face o aperto do prazo, tramita no Congresso um projeto de lei propõe que os municípios tenham mais três anos para cumprir a exigência, ou seja, até abril de 2018. “A escassez de pessoal qualificado para realizar o trabalho, aliada a problemas financeiros que atingem grande parte dos municípios tem trazido uma imensa dificuldade para elaboração dos planos de mobilidade”, afirmou o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) na apresentação da proposta.

Consultado, o Ministério das Cidades informou que não há qualquer previsão de alargamento do prazo fixado pela Lei 12587, mas esclareceu que “o prazo estabelecido em Lei marca na verdade o início da obrigatoriedade dos planos como requisito para contratação de novas operações que utilizem recursos orçamentários federais”. Assim, na prática, os municípios obrigados pela lei ficarão temporariamente impedidos de celebrar novos contratos até que apresentem o plano, respondeu a assessoria do Ministério.

A assessoria do Ministério informou que ainda não tem um levantamento de quantas cidades conseguiram cumprir a exigência. Lembrou, apenas, que em 2012, segundo dados do IBGE, havia 210 municípios (4,8%) do total de 5.565 com planos de mobilidade urbana elaborados em todo o Brasil. Quanto à qualidade dos trabalhos já elaborados, o Ministério explica que a Política Nacional de Mobilidade não prevê a avaliação dos planos de mobilidade municipais, mas funcionários disseram que algumas cidades entregaram documentos sumários, “um deles com apenas uma folha”, para cumprir o rito previsto em lei. No entanto, para futuras seleções que envolverão recursos federais, os projetos cadastrados deverão estar de acordo com os planos apresentados. E apenas nesse momento será feita uma avaliação formal dos planos e projetos.

Cursos e publicações
Para atender às dúvidas das equipes municipais, a Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (SeMob) tem realizado uma série de Seminários Regionais da Política Nacional de Mobilidade Urbana, em várias cidades pelo país. Nesses encontros, são discutidos os mecanismos de financiamento, a participação popular, questões de sustentabilidade, acessibilidade e segurança, entre outros pontos importantes que devem constar nos planos.

A SeMob também está preparando um Curso de Capacitação para Elaboração de Planos de Mobilidade à distância, que será disponibilizado no site do Ministério das Cidades.

Portal Mobilize/Blog Mobilidade Urbana

domingo, 29 de março de 2015

V Encontro de Busólogos do Nordeste movimentou Caruaru neste final de semana

Créditos: Bruno Henrique/Acervo

Pelo 5º ano consecutivo, os busólogos se reuniram em Caruaru no último sábado (28), para o Encontro de Busólogos do Nordeste, evento tradicional que já entrou no calendário de atividades do hobby na região. 45 admiradores da capital do agreste e outras cidades como Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Maceió, Campina Grande e Natal estiveram presentes. Foi o maior público de todas as edições já realizadas.

Créditos: Bruno Henrique/Acervo

O encontro teve início em frente ao terminal rodoviário da cidade, onde os busólogos tiveram a oportunidade de conferir a movimentação de ônibus que chegavam para fazer um pit-stop antes de seguir para o espetáculo da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém. Em seguida, os participantes seguiram para a famosa feira de Caruaru, onde puderam fazer registros fotográficos.

Após uma pausa para o almoço no North Shopping Caruaru, os participantes seguiram para a concessionária da Volare na cidade, onde tiveram a oportunidade de conhecer de perto os novos modelos de microonibus da montadora, entre eles o Volare WL Ônibus. Também houve o sorteio de diversos brindes fornecidos pelos patrocinadores do evento.

Créditos: Bruno Henrique/Acervo

Para Bruno Henrique, organizador do encontro, o evento superou as expectativas: "Graças a Deus deu tudo certo, do jeito que foi programado. Agradeço a presença de todos que se esforçaram o máximo para poder comparecer, foi muito proveitoso em também rever amigos que a um bom tempo agente não via junto". 

Volare WL Urbano foi lançado durante o evento. Créditos: Bruno Henrique/Facebook

A 5ª edição do evento contou com o apoio de representantes do transporte coletivo de Caruaru, como as empresas Coletivo e Tabosa, que cederam brindes para o sorteio; a Bahia, que disponibilizou um dos seus ônibus mais novos para uma sessão de fotografias dos busólogos; e a Capital do Agreste, que contribuiu com um ônibus para o transporte dos admiradores pela cidade. Além disso, também colaboraram a Associação de Transportes de Passageiros de Caruaru - AETPC, por meio de seu presidente Ricardo Henrique, o North Shopping Caruaru, e a Caruaru Ônibus, representante Volare na capital do agreste, por meio dos seus representantes Inácio e Diogo.

Brindes sorteados durante o evento. Créditos: Bruno Henrique/Facebook


O Maxi Ônibus Olinda esteve presente pelo quarto ano consecutivo no encontro, e parabeniza os organizadores e patrocinadores pelo excelente evento!

Lixo se acumula nos trilhos do Metrorec

Créditos: Ricardo B. Labastier/JC Imagem

O grande volume de lixo nas estações, trilhos e trens do Metrô do Recife (Metrorec) dificulta o funcionamento do sistema metroviário e causa atraso generalizado nas viagens dos passageiros. Por ano, o Metrorec gasta R$ 9 milhões com a limpeza da estrutura. O valor exorbitante poderia ser reduzido e investido em melhorias no serviço da empresa, reformas e compra de novos equipamentos.

“O lixo obstrui as vias e impede a passagem da chuva, além de atrair roedores que rompem os cabos do sistema de comunicação do metrô. Os ratos, além de comer os detritos, roem os cabos de sinalização. É um problema de saúde pública”, destaca o gerente de comunicação do Metrorec, Salvino Gomes. Ele explica que o rompimento da fiação atrasa as viagens porque obriga o sistema a reduzir a velocidade dos trens.

Salvino Gomes informa que já foram encontrados sofás, vasos sanitários e carcaças de eletrodomésticos nas vias. “Infelizmente, os vãos se tornaram um grande depósito de lixo urbano. As pessoas jogam todo o tipo de entulho”, critica. De acordo com ele, além dos passageiros, cidadãos que moram perto das estações despejam detritos nos trilhos.

O comerciante José Francisco da Silva, de 48 anos, diz que vê diariamente as pessoas jogando lixo em locais impróprios, principalmente nos vãos das estações. “Eu sempre vejo isso em qualquer lugar no metrô. Enquanto isso, as lixeiras estão vazias”, comenta.

O padeiro Josenildo do Nascimento, 33, aponta o comércio ilegal dos ambulantes como uma das causas do aumento da poluição. “Parece uma feira. Os comerciantes vendem de um tudo: pipoca, água mineral, chocolate. As pessoas consomem os alimentos e jogam as embalagens no chão mesmo. Os ambulantes também fazem isso”, denuncia. “Eu acho que deveriam legalizar a profissão para haver mais controle”, opinou.

Para diminuir o volume de lixo, o Metrorec anunciou que pretende iniciar uma campanha de conscientização. Segundo a empresa, placas e cartazes de conscientização serão afixados nas estações.



JC Online

Ônibus atropela mulher na Av. Agamenon Magalhães

Créditos: Monitoramento CTTU/Divulgação

Uma idosa ficou ferida após ser atropelada por um ônibus na Avenida Agamenon Magalhães, na tarde deste domingo (19), em frente ao Hospital da Restauração, unidade de saúde para onde ela foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após receber os primeiros socorros.

O acidente aconteceu por volta das 15h50. Após ser atropelada, a mulher caiu poucos centímetros após a faixa de pedestres. A ambulância do Samu chegou poucos minutos depois e saiu às 16h20, pela contra mão, fazendo o percurso mais curto para chegar à entrada para emergências do hospital. Ainda não há informações sobre o estado de saúde da idosa.

Como o Código Brasileiro de Trânsito exige em acidentes com vítima, o ônibus ficou parado por cerca 40 minutos na via, aguardando a chegada do Instituto de Criminalística, órgão responsável pela perícia. Apesar de uma faixa ter ficado interrompida e do trânsito intenso no sentido Olinda/Boa Viagem da avenida, não houve retenções no tráfego.

NE 10

sexta-feira, 27 de março de 2015

Transporte Complementar sofre sem expansão. Sistema está estrangulado

Créditos: Fernando da Hora/JC Imagem

Um sistema estrangulado. Que precisa crescer, expandir-se. O serviço de Transporte Complementar da Região Metropolitana do Recife, operado por microônibus, criado em 2003 para acomodar os mal vistos kombeiros, há anos estagnou, sem cumprir o papel prometido. Linhas interligando os bairros não são mais criadas e a frota envelhece a olhos vistos. Entre as razões para a não expansão, a maior delas: a concorrência com o sistema de ônibus, proibida por lei e evitada de toda forma tanto pelo gestor do sistema, a Prefeitura do Recife, quanto pelo governo do Estado, responsável pelo serviço de ônibus.

Nesse cenário sobrevive o STCP (Sistema de Transporte Complementar de Passageiros do Grande Recife). Há 12 anos, na sua criação, era previsto que o serviço seria bem maior do que é. São apenas nove linhas interbairros (sete delas no sistema da capital e duas no metropolitano, que são pagas e interligam centros comerciais da periferia da RMR) e 18 alimentadoras (gratuitas, que levam passageiros de comunidades de difícil acesso para pequenos terminais de ônibus). A promessa inicial era de que a rede seria formada prioritariamente por linhas interbairros. As alimentadoras seriam suporte. Tudo mudou. 69 bairros da capital são atendidos, mas a qualidade deixa a desejar. E quem paga o preço é o passageiro do sistema, com um serviço que poderia ser mais confortável e abrangente. Sem falar que o sistema cobra o mesmo valor dos ônibus, R$ 2,45. São mais de cem mil usuários por dia, dos quais apenas 12 mil andam de graça nas linhas alimentadoras.





A frota de 150 veículos está, em sua quase totalidade, velha. Por serem veículos menores, a degradação dos microônibus parece ser mais evidente. Muitos dos veículos possuem ar-condicionado, mas nenhum é mais ligado durante as viagens para não aumentar o custo. “Gosto do serviço, principalmente porque ele atende três dos principais shoppings da cidade e passa por centros comerciais dos bairros que não são bem atendidos pelos ônibus. Mas os veículos estão muito velhos e andam muito lotados nos horários de pico”, reclama Maria Aparecida Luz, que três vezes por semana utiliza a linha Afogados–Campo Grande (Tacaruna), uma das principais do sistema.

A pressão do setor empresarial para que as linhas interbairros não concorram com o sistema por ônibus é fato, por mais que oficialmente se negue. Desde que as cobranças para expansão do serviço começaram, logo após a criação, as desculpas eram que a rede de transporte da RMR estava sendo revista para formatar a licitação do sistema. Mesmo a duras penas, a licitação foi concluída em 2014. “Agora, os argumentos são de que apenas dois dos sete lotes estão operando de fato. Enquanto isso temos várias ligações que poderiam ser criadas entre bairros. O sistema não tem como crescer com a rede que está aí. Precisa de novas linhas. Temos várias demandas, por exemplo, para o RioMar Shopping, no Pina”, diz o presidente do Sindicato dos Permissionários do Transporte Complementar da RMR (Sinpetracope), Manoel Francisco. Somente no Recife, mais de 150 permissionários aguardam serem chamados para trabalhar. A maioria desistiu da espera.

A CTTU e o Grande Recife Consórcio de Transporte, entretanto, reafirmam não haver qualquer expansão prevista para o sistema. Roberto Lyra, gerente de transporte da CTTU, diz que o equilíbrio financeiro seria comprometido. “A revisão da rede que fizemos em 2013 mostrou que o sistema está bem. Não há necessidade de mais linhas interbairros. Elas atendem bem à cidade. Já as alimentadoras sofrem com a dificuldade de acesso viário”, explicou. Por nota, o Urbana-PE, o Sindicato dos Empresários de Ônibus, defendeu que o transporte complementar seja pensado para o transporte de poucos passageiros.

Confira os números do sistema e algumas das linhas reivindicadas para serem criadas:
Infográfico por Ana Carolina Soriano (Loló)/Editoria de Artes JC



Blog De Olho no Trânsito

Comércio ambulante no metrô divide opiniões

Créditos: Allan Torres/Diário de Pernambuco

Não passa das 7h. As portas do metrô abrem e o ruído emitido pelo contingente que ganha a Estação Joana Bezerra é cortado pelo grito de "olha a água" de João*. Com a mochila nas costas, ele amanhece nos trilhos para vender o básico, água. Utiliza a voz para se destacar na multidão. Horas depois, a plataforma ganha novos versos em diferentes timbres. Termômetros, desentupidores de fogão, tesourinhas de unha, fones de ouvido, porta documentos, palavras cruzadas, balas de gengibre e as tradicionais pipocas fazem os cerca de 400 mil passageiros diários das linhas do sistema de transporte público se sentirem em uma verdadeira feira livre. Apesar da ilegalidade do comércio informal, é mais um dia comum nos trilhos urbanos do Recife.



Pela lei, o comércio ambulante dentro dos trens, estações e terminais é proibido. A norma, no entanto, divide opiniões entre os passageiros. Há quem defenda e encare como parte integrante da cultura do metrô, e há quem prefira a retirada dos vendedores. Para quem sobrevive do negócio, o trabalho é sério e mais rentável do que carteira assinada.

Em um cálculo simples, é possível entender os números por trás do descumprimento da legislação. Utilizaremos como exemplo a água mineral vendida por João ao custo de R$ 1. Ele compra um fardo com 12 unidades por R$ 4,50. De cada fardo, tem um lucro de R$ 7,50. Chega na estação às 7h e volta para a casa às 16h após vender 15 fardos, o que costuma acontecer em até cinco viagens entre a Estação Joana Bezerra e a Estação Recife. Diariamente, lucra R$ 112,5. Considerando  a venda de segunda a sábado, por mês, arrecada em média R$ 2,7 mil. "Eu só estudei até a terceira série. Lá fora, não consigo sustentar minha família. Aqui estou me acertando. Não estou matando nem roubando ninguém. Não acho errado o que faço", ponderou.

E de muitos João's se faz o metrô do Recife. Eletricista e motorista por formação, Francisco* circula entre os passageiros há 13 anos, mas gostaria que regularizassem o comércio informal. "Estamos aqui porque precisamos. É daqui que tiramos nosso sustento. Mesmo tendo muita concorrência, muita gente usa o metrô e tem cliente para todo mundo. Poderiam cadastrar, colocar farda e organizar o trabalho", sugeriu. "Eles podem até tentar, mas não têm como impedir a gente."

Enquanto as vendas continuam proibidas, os passageiros se dividem no apoio ao comércio informal e na retirada dos ambulantes. "Eles só estão trabalhando para ganhar o dinheiro deles e não mexem com ninguém. Eu sempre compro chocolate, bala, chiclete, confeito. Adoro", defendeu o estudante Deivid Ângelo Lima da Silva, 27. Ideia completamente repudiada por Túlio Barbosa, 27. "Se estou com fome, trago meu lanche de casa. Sou contra a presença deles e me sinto coagido. Eles passam gritando e empurrando todo mundo. Sem falar nos que ficam com um carrinho atropelando a gente. Além disso, ainda tem a questão do trabalho infantil. É só observar com calma. Está tudo errado", disparou.

Já o mecânico Isaac Antão, 52, não concebe o metrô sem os ambulantes. "Desde que sou pequeno é assim. Esses trabalhadores fazem parte da rotina do metrô, estão entranhados na nossa cultura. Mas claro que é preciso organizar, colocar lixeiras para evitar a sujeira", contou. A também ambulante Laudineide Araújo da Costa, 45, não hesita ao reclamar. "Os sacoleiros disputam lugar com os passageiros. É um absurdo. Daqui a uns dias, vou armar minha barraca aqui também para ganhar dinheiro", disse.

Procurado pelo Diario, o MetroRec, da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, administrador do metrô no Recife, informou que realiza blitze nas estações para tentar reduzir o transtorno. Segundo o órgão, o Ministério Público de Pernambuco, a Polícia Militar, a Secretaria de Direitos Humanos, o Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente e a Prefeitura do Recife (através de órgãos que podem apreender as mercadorias) atuam em parceria na contenção dos ambulantes.

O que diz a lei?
O comércio ambulante dentro dos trens, estações e terminais é proibido conforme o Decreto Lei do Governo Federal n° 1.832/96 e o Regulamento do Sistema de Transporte Público de Passageiros através do Decreto n° 14.845 de 1991.

* Para preservar a identidade dos entrevistados, foram utilizados nomes fictícios na reportagem


NÚMEROS SOBRE O METRÔ DO RECIFE

Área de 39,5 km
Composto por duas linhas: Centro e Sul

Linha Sul cobre 10,5 km
Linha Centro 29 km

Linha Sul transporta 120 mil passageiros por dia
Linha Centro transporta 280 mil diariamente

Linha Sul opera com 9 trens em intervalos de 6 minutos
Linha Centro opera com 15 trens em intervalos de 5 minutos

Linha Sul realiza 259 viagens por dia
Linha Centro realiza 317 viagens por dia

Diário de Pernambuco

Caruaru sedia 5º Encontro de Busólogos do Nordeste

Créditos: Bruno Henrique/Blog do Mário Flávio
 
Os apaixonados por ônibus estarão este fim de semana na Capital do Agreste para promover o 5° encontro dos Busólogos da Semana Santa em Caruaru. O evento ocorre neste sábado (28) a partir das 8h, no Terminal Rodoviário, e deve reunir mais de 30 estudiosos do Nordeste, sendo oito somente de Caruaru e os demais das cidades de Maceió, Recife, Campina Grande, Natal, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, entre outras.

“Há 5 anos junto vários busologos aqui em Caruaru, porque todos os ônibus de turismo que seguem para Fazenda Nova passam pelo município. Uma grande oportunidade”, disse Bruno Henrique, responsável pelo encontro.

O objetivo do encontro é apresentar novidades relacionadas aos ônibus de Caruaru e região, fotografar e debater sobre transporte público. A cada edição, são promovidas visitas a exposições de veículos e a feira de artesanato de Caruaru.

“O encontro tem o nosso apoio. É bom saber que temos pessoas preocupadas e inteiradas no Sistema de Transporte como um todo e são apaixonados por ônibus”, lembrou o diretor Institucional da AETPC, Ricardo Henrique.

Blog do Mário Flávio
 

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