Créditos: Fernando da Hora/JC Imagem |
Um sistema estrangulado. Que precisa crescer, expandir-se. O serviço
de Transporte Complementar da Região Metropolitana do Recife, operado
por microônibus, criado em 2003 para acomodar os mal vistos kombeiros,
há anos estagnou, sem cumprir o papel prometido. Linhas interligando os
bairros não são mais criadas e a frota envelhece a olhos vistos. Entre
as razões para a não expansão, a maior delas: a concorrência com o
sistema de ônibus, proibida por lei e evitada de toda forma tanto pelo
gestor do sistema, a Prefeitura do Recife, quanto pelo governo do
Estado, responsável pelo serviço de ônibus.
Nesse cenário sobrevive o STCP (Sistema de Transporte Complementar de
Passageiros do Grande Recife). Há 12 anos, na sua criação, era previsto
que o serviço seria bem maior do que é. São apenas nove linhas
interbairros (sete delas no sistema da capital e duas no metropolitano,
que são pagas e interligam centros comerciais da periferia da RMR) e 18
alimentadoras (gratuitas, que levam passageiros de comunidades de
difícil acesso para pequenos terminais de ônibus). A promessa inicial
era de que a rede seria formada prioritariamente por linhas
interbairros. As alimentadoras seriam suporte. Tudo mudou. 69 bairros da
capital são atendidos, mas a qualidade deixa a desejar. E quem paga o
preço é o passageiro do sistema, com um serviço que poderia ser mais
confortável e abrangente. Sem falar que o sistema cobra o mesmo valor
dos ônibus, R$ 2,45. São mais de cem mil usuários por dia, dos quais
apenas 12 mil andam de graça nas linhas alimentadoras.
A frota de 150 veículos está, em sua quase totalidade, velha. Por
serem veículos menores, a degradação dos microônibus parece ser mais
evidente. Muitos dos veículos possuem ar-condicionado, mas nenhum é mais
ligado durante as viagens para não aumentar o custo. “Gosto do serviço,
principalmente porque ele atende três dos principais shoppings da
cidade e passa por centros comerciais dos bairros que não são bem
atendidos pelos ônibus. Mas os veículos estão muito velhos e andam muito
lotados nos horários de pico”, reclama Maria Aparecida Luz, que três
vezes por semana utiliza a linha Afogados–Campo Grande (Tacaruna), uma
das principais do sistema.
A pressão do setor empresarial para que as linhas interbairros não
concorram com o sistema por ônibus é fato, por mais que oficialmente se
negue. Desde que as cobranças para expansão do serviço começaram, logo
após a criação, as desculpas eram que a rede de transporte da RMR estava
sendo revista para formatar a licitação do sistema. Mesmo a duras
penas, a licitação foi concluída em 2014. “Agora, os argumentos são de
que apenas dois dos sete lotes estão operando de fato. Enquanto isso
temos várias ligações que poderiam ser criadas entre bairros. O sistema
não tem como crescer com a rede que está aí. Precisa de novas linhas.
Temos várias demandas, por exemplo, para o RioMar Shopping, no Pina”,
diz o presidente do Sindicato dos Permissionários do Transporte
Complementar da RMR (Sinpetracope), Manoel Francisco. Somente no Recife,
mais de 150 permissionários aguardam serem chamados para trabalhar. A
maioria desistiu da espera.
A CTTU e o Grande Recife Consórcio de Transporte, entretanto,
reafirmam não haver qualquer expansão prevista para o sistema. Roberto
Lyra, gerente de transporte da CTTU, diz que o equilíbrio financeiro
seria comprometido. “A revisão da rede que fizemos em 2013 mostrou que o
sistema está bem. Não há necessidade de mais linhas interbairros. Elas
atendem bem à cidade. Já as alimentadoras sofrem com a dificuldade de
acesso viário”, explicou. Por nota, o Urbana-PE, o Sindicato dos
Empresários de Ônibus, defendeu que o transporte complementar seja
pensado para o transporte de poucos passageiros.
Confira os números do sistema e algumas das linhas reivindicadas para serem criadas:
Infográfico por Ana Carolina Soriano (Loló)/Editoria de Artes JCBlog De Olho no Trânsito
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