Créditos: Adamo Bazani/Ônibus Brasil
A esperança de trabalhadores quanto ao final imediato da situação que enfrentam por causa da crise da encarroçadora Busscar não deve ser concretizada por uma negociação direta para a compra da fabricante de carrocerias de Joinville.A Quarta vara de Justiça de Trabalho de Joinville, em Santa Catarina, negou proposta da Caio, encarroçadora de Botucatu, São Paulo, que queria arrematar o parque fabril (máquinas, equipamentos, infraestrutura, matéria-prima, etc) e o imóvel da empresa de 331,7 mil empregos.
A Caio havia oferecido em 23 de setembro de 2011, R$ 40 milhões por este patrimônio, o que não incluía a marca. A Justiça analisou o valor e a proposta e decidiu que parque fabril e imóvel devem ser arrematados em leilão.
A Caio não se pronunciou ainda sobre a posição da Justiça. Apesar de ter a proposta negada, a empresa pode participar de eventual leilão, segundo o poder judiciário. Inicialmente, levantamento feito com apoio do Sindicato dos Mecânicos de Joinville, mostrava que parque fabril e imóvel valeriam R$ 98 milhões. Mas o presidente da entidade, João Bruggmann, disse que o valor poderia ser revisto, já que muitas máquinas se depreciaram com o tempo.
A Busscar, empresa fundada pela família Nielson em 17 de setembro de 1946, como fabricante de móveis e esquadrias de madeira, chegou a ser uma das maiores produtoras de ônibus do País, além de exportar diversos produtos. Ela disputava pela liderança do segmento de rodoviários com a Marcopolo, e pela de urbanos com a Caio.
Em 2002 – 2003 enfrentou sua primeira crise. A direção da empresa atribuiu a crise às variações cambiais que prejudicaram negócios para o exterior. A empresa na ocasião chegou a receber diversos empréstimos, inclusive do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Apesar de voltar a produzir, a companhia, segundo analistas, não se manteve firme e sentiu o abalo de restrição de crédito que a economia global sentiu em 2008.
Dependendo de empréstimos que foram reduzidos e com administração considerada frágil, a empresa começou a atrasar salários. Na ocasião, a Busscar tinha cerca de 5 mil funcionários. Hoje conta com menos de mil, todos estão com 19 meses de salários atrasados e dois pagamentos referentes ao 13º salário e outros direitos. A empresa está produzindo não mais de 08 unidades por mês, número bem abaixo de sua capacidade.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Ônibus Brasil
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