Créditos: Guto de Castro/Acervo
Balanço divulgado nesta sexta-feira (1º) pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) contabiliza que, em 2013, 175 milhões de passageiros deixaram de usar ônibus nas nove capitais mais populosas do país (Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e São Paulo). Ou seja: 560 mil passagens deixaram de ser vendidas a cada dia, na comparação com o ano anterior.
Isso corresponde a uma redução de 1,4% no número de passageiros
transportados, entre 2013 e 2012. Esse percentual sobe para 30% se o
recorte for entre 1995 e 2013. De acordo com a NTU, essa queda se deve,
principalmente, à migração das pessoas para os transportes individuais
motorizados e ao alto custo do diesel, repassado ao valor da tarifa.
Na opinião do presidente da NTU, Otávio Cunha, não é a má qualidade
do transporte público o que tem resultado nessa diminuição da demanda
por ônibus – e na consequente migração das pessoas para os automóveis.
“É a baixa demanda o que tem resultado na má qualidade do transporte
público”, garante.
A baixa qualidade do transporte tem, segundo ele, suas explicações.
“Em primeiro lugar, faltou ao governo federal o estabelecimento de
políticas públicas de transportes. Falta inteligência para pensar o
transporte e também investimento e capacitação profissional”, disse ele.
O resultado dessa falta de políticas públicas para o setor,
acrescenta o presidente da NTU, “é a queda da velocidade operacional, o
aumento do custo dos insumos e a competição com transporte individual.
[Nesse cenário,] a velocidade média das viagens caiu em 50% nos últimos
dez anos, passando de 25 quilômetros por hora (km/h) para 12 km/h”,
completou.
Segundo o diretor administrativo da NTU, Marcos Bicalho “as pessoas
colocam o empresário como vilão por tentar aumentar a tarifa, mas nós
tentamos aumentar a tarifa apenas para manter o mesmo nível do
transporte público. As empresas fazem o que podem na gestão interna. O
que acontece é que a crise está muito mais motivada pela falta de
políticas públicas”.
Apesar da crítica, a diretoria da NTU avalia que os recentes
investimentos feitos em infraestrutura para mobilidade já começam a
apresentar resultados. “Os corredores [exclusivos para transporte público] recentes darão
melhorias significativas ao transporte. A partir de 2016 veremos
resultados muito significativos. Rio de Janeiro, Belo Horizonte já têm
demonstrado aceitação [por parte da população]. Esses corredores
obrigarão [a construção de] novos corredores que vão atrair mais
demandas. Todas cidades que migraram para esse tipo de política já
colheram resultados, e os investimentos feitos reverterão a situação
atual”, argumentou Cunha.
Cunha citou uma pesquisa do Datafolha relativa às reivindicações
feitas pela população durante o período de manifestações. “Segundo essa
pesquisa, 53,7% querem melhorias no transporte público e 40,5% querem a
redução da tarifa. Isso demonstra a importância que esse serviço tem
para a população”.
A fim de melhorar a qualidade do transporte público, de forma a
atrair mais passageiros, a NTU apresentou oito propostas. Em geral,
defendendo subsídios para que a tarifa não seja paga em sua totalidade
pelo usuário.
Entre os pontos defendem a priorização do transporte coletivo nas
vias; a elaboração de planos diretores, planos de mobilidade urbana por
todos municípios, e de uma política de mobilidade. Ressaltam a
importância de haver participação de representantes da sociedade civil
organizada, bem como de conselhos municipais nessas discussões, a fim de
definir qual é o serviço esperado e os valores de tarifa e de subsídios
a serem pagos.
De acordo com a NTU, os subsídios ao serviço poderia ser pago por
meio de fundo com recursos dos combustíveis, distribuídos aos municípios
de forma proporcional à população. Outro ponto defendido pela entidade é
a implantação de redes de transporte modernas, integradas, multimodais,
racionais e de alto desempenho.
JC Online
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