Créditos: Victor Soares/Leia Já Imagens |
Divididos entre a funcionalidade de um terminal integrado e os impactos causados pelo ruído e pela poeira, pacientes, familiares e servidores do Hospital Getúlio Vargas, na Zona Oeste do Recife, têm se perguntado como será a recuperação dos pacientes depois da inauguração da Perimetral III, terminal em que circularão os veículos do BRT que trafegam na Avenida Caxangá. Atualmente com poucos trabalhadores, a obra já foi motivo de manifestações dos funcionários do HGV e, apesar de ter finalização prevista para o mês de novembro, o prazo de conclusão da obra foi estendido para janeiro de 2015.
“Moro
em Jaboatão dos Guararapes e seria melhor descer numa parada mais perto
do hospital, porque os ônibus de lá pra cá demoram muito”, afirma Maria
do Carmo Barbosa, mãe de um paciente internado no HGV há apenas dois
dias. Quando questionada a respeito do barulho e do aumento no fluxo de
veículos nas proximidades do hospital, Maria afirmou não acreditar que o
terminal iria influenciar negativamente na recuperação dos pacientes da
unidade de saúde. “Já tem o trânsito normal das ruas perto do hospital,
não vai fazer diferença”, diz ela.
Entretanto, segundo
representantes do Sindicato dos Trabalhadores Públicos Federais em Saúde
e Previdência Social no Estado de Pernambuco (Sindsprev/PE), o terminal
influencia na recuperação de quem está internado. De acordo com o
Sindicato, o calor e a poluição sonora são alguns dos principais fatores
que irão prejudicar a saúde dos pacientes. Segundo o coordenador do
Sindsprev, José Bonifácio, a entidade já moveu uma ação no Ministério
Público de Pernambuco (MPPE) para a retirada da integração, mas sem
efeito. “Também tentamos fazer algum tipo de acordo para que o hospital
fosse climatizado. Também não conseguimos”, explica Bonifácio.
Servidores do hospital demonstram descontentamento em relação à
localidade do terminal. “Alguns pacientes já reclamaram durante o
período das obras. Quando os ônibus começarem a circular, a saúde dos
pacientes vai ser ainda mais prejudicada”, pontua o enfermeiro Marcos
Bento (foto à esquerda). Ainda segundo o servidor, o terminal de ônibus
fica localizado numa área próxima à UTI II, local que abriga pacientes
em estados mais delicados, e à ala em que são preparadas as refeições de
funcionários e pacientes.
O LeiaJá procurou o
Governo do Estado para saber mais detalhes sobre o estudo de impacto.
Abaixo, a entrevista com o Secretário Executivo de Mobilidade, Gustavo
Gurgel (à direita), sobre o assunto:
LeiaJá - Secretário, foi feito um estudo de impacto social para a implantação do terminal ao lado do hospital?
Gurgel
- Foi sim, fizemos um estudo de impacto de vizinhança. São dois volumes
de muitas páginas, nunca li por completo, mas têm as conclusões dele.
Quanto a questão da sonoridade, ali a Avenida San Martin por onde passam
os ônibus está mais perto do hospital que o próprio terminal. A
Perimetral tem menos impacto do que a própria rodovia. Da mesma forma a
poluição no ar. No Terminal ainda tem o atenuante de existir algumas
árvores entre o hospital e o Terminal. Portanto há atenuação tanto da
sonoridade, quanto da poluição, todos esses parâmetros foram
observados.
LJ - Foram escutados os pacientes, profissionais, etc?
Gurgel - Nesse estudo não vou saber te dizer se houve alguma coisa nesse sentido.
LJ - Mas houve debate com os profissionais do hospital que fizeram protestos e entraram na Justiça?
Gurgel
- Claro, nesse processo do MPPE, todas as partes envolvidas sentaram e
teve diálogo com eles, apresentamos estudos. De fato o terminal não tem
interferência mais significativa do que o próprio ambiente. O estudo
aponta que ele não gera impacto no hospital. O estudo conclui que
existem impactos positivos e negativos, mas que há medidas mitigadoras
que tornam a obra viável e necessária.
LJ - Quais seriam esses impactos negativos e as respectivas medidas mitigadoras?
Gurgel - Aí eu teria que ler todo o documento para te dizer, não saberia te informar agora.
LJ - Esse é um documento público? Nós da imprensa podemos vê-lo?
Gurgel - Teria que ver com a empresa se há alguma cláusula de sigilo, aí precisaria até de mais tempo para responder isso.
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