Reação: Mesmo em ano atípico, último trimestre é visto com otimismo por
fabricantes de ônibus Marcopolo registra crescimento de 13,9% no
acumulado dos nove primeiros meses e Mercedes Benz vai manter contratos
temporários ate março.
Créditos: Guto de Castro/Acervo
O setor de ônibus e caminhões no Brasil vive uma realidade atípica no
Brasil. Em janeiro deste ano, entrou em vigor a sétima fase do Proconve –
Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar por Veículos
Automotores (P 7) que tem como base os padrões internacionais Euro V de
restrição a emissão de poluentes.
Desde então, os veículos pesados a diesel estão bem menos poluentes.
Usando o diesel S 50 (com menor teor de enxofre), podem emitir 80% menos
materiais particulados e alcançarem uma redução de 63% de emissão de
Óxidos de Nitrogênio.
Mas em comparação aos veículos de tecnologia anterior, com base no Euro
III, são ônibus e caminhões mais caros. Por isso, para aproveitarem os
preços menores, os empresários anteciparam no ano passado as renovações
previstas para 2012. Isso provocou um desajuste do mercado, já que 2011
teve vendas acima da média e agora estão abaixo do registrado
anteriormente.
A expectativa é de retração em 2012 no mercado geral.
De acordo com os números da Fenabrave – Federação Nacional da
Distribuição de Veículos Automotores, a queda de emplacamentos de ônibus
na comparação entre o acumulado de 2011 e o acumulado de 2012 até
outubro, é 13,78%. Mas entre setembro e outubro deste ano, a alta é de
8,1%.
A Mercedes Benz, por exemplo, além de ter promovido paralisações na
linha de produção afastou 484 operários de São Bernardo do Campo com
contratos temporários. Também estão afastados mil funcionários com
contratos fixos.
Os contratos destes trabalhadores venceriam no próximo dia 18, mas
depois de acordo fechado nesta segunda-feira dia 12 de novembro, com o
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foram prorrogados até o dia 31 de
março do ano que vem. Em 31 de janeiro de 2013, estes empregados que
estão afastados devem voltar à ativa. Eles não terão mais o auxílio do
FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, mas vão receber todo o salário
líquido.
Em contrapartida, eles abriram mão da PLR – Participação nos Lucros e Resultados de R$ 3.500 referente a este ano.
A Mercedes informou que acredita em recuperação na produção e na vendas
para o próximo ano. Neste último trimestre, o mercado tem esboçado
reações.
As encarroçadoras também acreditam que a reação positiva na reta final
do ano não deve ser interrompida e vai ganhar proporções maiores em
2013.
A Marcopolo registrou crescimento de 13,9% em seus negócios de janeiro a
setembro deste ano e atingiu receita líquida consolidada de R$ 2,755
bilhões contra R$ 2,420 bilhões, obtidos no mesmo período do ano
passado. O desempenho é resultado do aumento das exportações e também do
crescimento das operações no exterior, que subiram 51,5% e superaram R$
1 bilhão.
No mercado brasileiro, apesar de a produção nacional de ônibus da
empresa ter caído 4,6% nos nove meses de 2012, as atividades da
Marcopolo mantiveram-se praticamente estáveis – queda de 0,5% na
receita. Os principais destaques para este resultado foram a retomada na
fabricação de miniônibus Volare, sobretudo no terceiro trimestre, 74,5%
maior do que a registrada no segundo trimestre de 2012, e o aumento das
exportações, 32,7% maiores do que no período anterior.
Segundo José Rubens de la Rosa, diretor-geral da Marcopolo, a
recuperação na produção dos miniônibus Volare se deu em razão do início
das entregas dos veículos escolares para atendimento do Programa de
Aceleração do Crescimento – Equipamentos (PAC – Equipamentos). “Já as
exportações cresceram em grande parte devido ao envio de cerca de 650
unidades comercializadas para clientes do Chile ao longo do ano para o
sistema BRT Transantiago”, salienta o executivo.
No mercado brasileiro, apesar da retração ocorrida depois da introdução
da legislação Euro 5, de acordo com José Rubens de la Rosa, entre os
motivos que permitiram a manutenção dos níveis de produção da Marcopolo
está a desoneração da contribuição patronal do INSS sobre a folha de
pagamentos, substituída pelo recolhimento de contribuição calculada em
1,0% sobre o faturamento do mercado interno, que passou a vigorar a
partir de agosto. “Estas condições mais favoráveis poderão impulsionar
os negócios no mercado nacional, sobretudo as exportações”, analisa de
la Rosa.
Segundo dados da Fabus – Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, a
participação de mercado da Marcopolo na produção brasileira é de 45,1%
ao longo dos nove primeiros meses do ano. Destaca-se a participação de
54,4% da companhia no total das exportações brasileiras neste período,
bem como o market share de 61,3% no segmento de ônibus rodoviários.
Lançamento do novo modelo Audace
Outro destaque no terceiro trimestre foi o lançamento, no mês de
outubro, do ônibus Audace, novo modelo para o segmento de rodoviários e
intermunicipais, que proporciona maior conforto, ergonomia e segurança
para o cliente, com menor custo de operação. O veículo deverá começar a
ser produzido no final de novembro e a empresa pretende comercializar
cerca de 700 unidades ao longo de 2013.
No mercado externo, entre as empresas controladas e coligadas, os
destaques do trimestre foram a Polomex, no México, e a unidade da África
do Sul, cujas produções aumentaram em 59,2% e 43,4%, respectivamente.
“A Índia segue sendo a principal operação fora do Brasil com 6.870
unidades fabricadas nos primeiros nove meses do ano (somente a
participação referente à Marcopolo), contra 5.074 do mesmo período de
2011, o que representa crescimento de mais de 35,4%”, destaca de la
Rosa.
Com relação ao desempenho para 2012, conforme revisão divulgada no dia
06 de agosto de 2012, a Marcopolo reitera a expectativa de atingir
receita líquida consolidada de R$ 3,8 bilhões e produzir 32.500 ônibus
nas unidades do Brasil e exterior. Os investimentos no ano deverão ficar
em R$ 220 milhões.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Texto sobre a Marcopolo: Secco Consultoria
Blog Ponto de Ônibus