Créditos: Blog Ponto de Ônibus/Acervo
A população brasileira não precisa de futebol. Precisa de um país que ofereça a estrutura mínima para a qualidade de vida e desenvolvimento. E até a Fifa, entidade máxima do futebol, reconhece isso, mesmo que não com todas as letras já que futebol significa lucro (e muito lucro) para ela.
O secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, tem visitado diversas cidades onde vão ser realizados os jogos da Copa do Mundo de 2014 para verificar as obras dos estádios e de infraestrutura. Nesta terça-feira, dia 27 de novembro, o dirigente esteve em Curitiba, no Paraná, e disse ter ficado satisfeito com as configurações do estádio Arena da Baixada, que terá lugar para 45 mil pessoas, assentos perto do gramado e cobertura oficial.
Mas o que chamou a atenção de Jérôme Valcke foi a estrutura de transportes na cidade. A mobilidade em Curitiba é baseada majoritariamente em ônibus, com destaque para os sistemas de BRT – Bus Rapid Transit, corredores modernos com pontos de ultrapassagem para evitar filas de veículos nas paradas, estações tubo com piso no mesmo nível do assoalho do ônibus garantindo a acessibilidade, proteção do passageiro em relação às intempéries, sistemas de informação e pré-embarque, que é o pagamento da passagem antes da entrada no ônibus, o que faz com que o veículo perca menos tempo nas paradas.
Jérôme Valcke também andou num ônibus híbrido da Volvo, movido por dois motores: um a combustão e outro elétrico, que pode reduzir em quase 90% o nível de emissões dependendo do poluente e em cerca de 35% o consumo de combustível.
A tecnologia é híbrido paralela. O motor elétrico dá partida no ônibus e faz o veículo se movimentar até 20 km/h, que são as ocasiões que um ônibus convencional polui mais. Depois disso, entra em operação o motor diesel ou biodiesel que também gera energia para ser armazenada em baterias, usada para o funcionamento do propulsor elétrico.
O dirigente da Fifa disse, em coletiva à imprensa, que todos os avanços de mobilidade causados pelas obras da Copa devem ser acompanhados pela preocupação sobre os impactos ao meio ambiente: “Quando se organiza um evento como esse, a sustentabilidade é uma necessidade evidente. É preciso se preocupar com o mundo. Estamos investindo muito nas arenas e em mobilidade, então, é preciso pensar no impacto sobre o Brasil e sobre o resto do mundo. Queremos uma Copa verde. Esse é uma questão que consideramos desde a candidatura do país e também como legado” – delcarou Jérôme.
No entanto, o que Jérôme obviamente não falou, mas que de tão óbvio deveria ser uma prática normal, muitas vezes é colocada de lado por quem recebe nossos impostos para admnistrar as cidades, os estados e o País: é que mobilidade não deve ser pensada apenas para Copa e sim para o dia a dia das pessoas. Os jogadores e torcedores depois de um mês se vão, mas a população fica sustentanto o poder público e merece serviços dignos.
Vários projetos têm focado os deslocamentos de torcedores, mas que depois da Copa perderão importância. Assim, os mesmos valores vultuosos deveriam ser aplicados em transportes em outras regiões das cidades, isso para não fugir do assunto mobilidade, já que também existem outras áreas prioritárias.
O ônibus híbrido é um exemplo desse tipo de solução além da Copa. Relativamente barato diante de outros modais e até mesmo em comparação ao ônibus convencional em trechos de boa trafegabilidade se for levada em conta sua vida útil que pode chegar a ser três vezes maior.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Blog Ponto de Ônibus
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