Créditos: Agência Estado
Um ano e três meses após os protestos de junho de 2013, a população ainda aguarda melhorias no transporte público. Persistem os ônibus lotados, longas filas, falta de informações e o trânsito travado. Somente na Região Metropolitana do Recife, quase mil viagens deixam de ser realizadas por dia em razão dos congestionamentos. Nem os R$ 50 bilhões disponibilizados pelo governo federal após os protestos pela melhoria do transporte no país tiveram resultados práticos.
Dos R$ 143 bilhões destinados a obras de mobilidade, apenas 10% foram
utilizados. O BRT, principal aposta de mobilidade na Copa, funcionou
com limitações na maioria das cidades-sede em decorrência de atrasos nas
obras. O Recife não conseguiu, ainda, operar 100% da capacidade dos
corredores, dois meses após o fim do mundial. Ainda engatinhamos nas
discussões sobre os salários dos rodoviários e o valor da tarifa, e não
avançamos na questão da qualidade do serviço, usado por cerca de 2
milhões de usuários/dia.
O modelo não atende mais às necessidades de uma clientela cada vez mais consciente, com menos tolerância para sofrer em um transporte que custa a andar. Até domingo, o Diario coloca em discussão o funcionamento do Sistema de Transporte de Passageiros na RMR.
O Brasil se surpreendeu com a explosão das manifestações de junho de 2013 pela melhoria do transporte público. Nunca a necessidade de melhoria do sistema foi tão evidente. As mobilizações começaram em São Paulo, pela revogação de um aumento de R$ 0,20 na tarifa. Mas já se sabia que a raiz do problema não estava no reajuste. Como não está até hoje.
O congelamento das tarifas não satisfaz quando o serviço não é satisfatório. E não há sinais de melhoria. Nem mesmo as desonerações tributárias oferecidas em alguns estados e municípios serviram para mudar o quadro atual. Há uma longa distância entre fazer o sistema funcionar aos trancos e barrancos e manter um serviço regular, eficiente, seguro e confortável.
O modelo não atende mais às necessidades de uma clientela cada vez mais consciente, com menos tolerância para sofrer em um transporte que custa a andar. Até domingo, o Diario coloca em discussão o funcionamento do Sistema de Transporte de Passageiros na RMR.
O Brasil se surpreendeu com a explosão das manifestações de junho de 2013 pela melhoria do transporte público. Nunca a necessidade de melhoria do sistema foi tão evidente. As mobilizações começaram em São Paulo, pela revogação de um aumento de R$ 0,20 na tarifa. Mas já se sabia que a raiz do problema não estava no reajuste. Como não está até hoje.
O congelamento das tarifas não satisfaz quando o serviço não é satisfatório. E não há sinais de melhoria. Nem mesmo as desonerações tributárias oferecidas em alguns estados e municípios serviram para mudar o quadro atual. Há uma longa distância entre fazer o sistema funcionar aos trancos e barrancos e manter um serviço regular, eficiente, seguro e confortável.
Enquanto espera por um ônibus comum em uma parada na Rua do Sol,
Centro do Recife, o biólogo Diogo Aguiar, 27, que usa três conduções por
dia, reclama do tempo que perde nos deslocamentos. “Eu gasto em média
uma hora e 20 minutos no trajeto, mas com a integração pago apenas uma
passagem de R$ 2,15. Eu não me importaria em pagar um pouco mais se o
serviço fosse melhor”, diz ele.
No modelo atual, as contas do sistema ficam nas costas dos usuários. O
consenso entre os especialistas é que não é mais possível custear todo o
sistema com a tarifa. O sinal de alerta acendeu e revela que a saúde do
sistema está comprometida. “O quadro é grave. O que se arrecada não é
suficiente. As empresas estatais estão tendo déficits crescentes com a
canibalização dos serviços e os equipamentos que não se renovam. É a
desorganização do sistema”, alertou o especialista Frederico Bussinger,
do Instituto de Desenvolvimento Logístico, Transporte e Meio Ambiente
(Idelt).
O anúncio de um déficit mensal de R$ 7 milhões pelo Sindicado das
Empresas de Transporte Urbano (Urbana-PE), não foi surpresa para os
especialistas. “Não é apenas o Recife que passa por essa crise. Esse
modelo é insustentável, e há o agravante das tarifas congeladas e sem
nenhuma outra fonte de receita”, disse o diretor-administrativo da NTU,
Marcos Bicalho.
A lógica é que a conta também seja dividida com os beneficiários do
transporte público, como os usuários de carros. “Quanto mais gente
estiver no transporte público mais espaço sobra para o carro. E não há
nenhum tributo para beneficiar o transporte público’, ressaltou o
urbanista em mobilidade sustentável, Nazareno Stanislau Affonso, do
Movimento pelo Direito ao Transporte (MDT).
A criação de um fundo para o transporte público e redirecionamento de
verbas para projetos a curto prazo são urgentes. “Com 10% dos R$ 50
bilhões oferecidos pelo governo, seria possível construir 4 mil km de
faixas exclusivas e isso traria um ganho significativo na redução do
tempo das viagens”, afirmou Otávio Cunha, presidente-executivo da NTU.
Saiba mais
10 propostas para melhoria do sistema de transporte
Instalar e ampliar faixas exclusivas nos corredores de transporte
Equipar paradas e abrigos de ônibus com informações das linhas
Cobrar pedágio urbano nos centros para estacionamento de veículos
Proibir estacionamento em todas as vias de corredores de transporte
Criar tributos na compra de veículos e na gasolina para fundo do transporte público
Ampliar as redes de integração do sistema de transporte
Destinar IPTU de imóveis de grande porte para o transporte público
Discutir a gratuidade em órgãos como Correios e Polícia Militar
Aumentar a eficiência da fiscalização dos beneficiários com a gratuidade
Fonte: ANTP;NTU e MDT
Diário de Pernambuco
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