Créditos: Estado de Minas/Acervo
Juninho Capai conta que a ideia de fazer um micro-ônibus fora de estrada está relacionada ao seu passado. Ele foi um dos idealizadores da Copa Sudeste de Off Road, na década de 1990, e no início pilotava moto, mas de tanto cair e se machucar pensou em mudar para um jipe. Comprou uma Rural e com ela participou de várias provas, consolidando sua paixão pelo fora de estrada.
Mas, como o sonho não acaba nunca e o desejo de mudança é latente, Juninho Capai começou a mexer as ideias para investir no setor de turismo rural, levando grupos de pessoas por trilhas e lugares distantes do estresse urbano. O primeiro passo foi comprar um micro-ônibus Volare A5 2003/2004, de 17 lugares, pelo qual pagou R$ 100 mil. Juninho revela que optou por esse modelo por ter um bom conjunto mecânico, com eixo traseiro com rodado duplo e a menor distância entre-eixos, característica importante para trafegar em trilhas e estradas com curvas fechadas.
Adaptações
O motor original, um MWM 2.8 litros turbodiesel, foi mantido, pois dá conta do recado com sobra. Mas ele sabia que o veículo precisaria de algo mais. Ele comprou o sistema de tração, a caixa de redução e o diferencial dianteiro de um caminhão militar QT de 1936. Com esses componentes, iniciou o processo de adaptação do microônibus. Foi preciso alargar os diferenciais e elevar as suspensões em 20cm, deixando o pequeno coletivo literalmente nas alturas. Para completar o conjunto lameiro, pneus importados reforçados com 10 lonas, também usados em caminhões de mineração.
Com os diferenciais alargados, as rodas ultrapassaram a linha da carroceria. A solução foi criar molduras de plástico nas caixas de rodas, detalhe que ajudou a compor o estilo off road do modelo. Para não ocupar espaço com as alavancas de mudança de tração e redução dentro do ônibus, Juninho criou um sistema rente ao assoalho, no qual é preciso apenas acoplar a vareta no momento necessário. Depois é só tirar e guardar. Tudo muito prático.
O processo de adaptação foi concluído em um ano, com gasto de R$ 60 mil em peças e acessórios. Ele ainda pretende instalar um sistema de roda livre no eixo dianteiro, para trafegar mais solto no asfalto, e adaptar o estepe na traseira, no mais puro estilo fora de estrada. O interior do ônibus não foi modificado e leva 16 passageiros com relativo conforto. O veículo conta ainda com alguns apetrechos necessários em aventuras na lama, como guincho e correntes. Juninho lembra que as suspensões foram reforçadas e o sistema de freios ganhou discos de Ford F-4000.
O micro-ônibus verde-musgo é visto com frequência rodando pelas regiões de Sabará, Caeté, Morro Vermelho, Itabira e Igarapé, Juninho Capai costuma levar grupos de amigos e conhecidos para passeios diurnos e noturnos. Com ele, nasceu a Dumatur, empresa criada para levar adiante o serviço de turismo rural, com a qual Juninho pretende chegar até o deserto de Atacama, no Chile, ou até onde a imaginação permitir.
Vrum
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