sábado, 6 de abril de 2013

Falta de prioridade ao transporte público também encarece ter carro

Falta de prioridade ao transporte público contribui para que São Paulo seja a segunda cidade do mundo mais cara para ter e manter automóvel. Levantamento é da Revista The Economist e leva em consideração os principais custos de um veículo.

Créditos: Veja/Acervo

Se o excesso de veículos nas cidades não é bom para o trânsito e para a o meio ambiente, em São Paulo, também é problema para o bolso. De acordo com levantamento da revista inglesa The Economist, São Paulo é a segunda cidade do mundo onde é mais caro comprar e manter um carro de passeio.

Os especialistas na revista levaram em conta veículos de porte médio, com 1800 cilindradas, para que a comparação entre as diversas cidades do mundo não fosse prejudicada pelas diferentes características dos veículos em cada região. Foram usadas as marcas Audi e Mercedes Benz.

Comprar e manter um carro na cidade de São Paulo por três anos faz o motorista desembolsar mais de US$ 120 mil dólares. O valor só é menor que na cidade de Nova Déli, na Índia, onde para ter e manter um carro por três anos, o cidadão gasta em média US$ 140 mil dólares.

Os dados levam em consideração diversos gastos, como aquisição, impostos, combustível, manutenção e taxas. Nos países em desenvolvimento, os gastos são maiores por causa da maior carga de impostos nestas nações.

Chama atenção o fato de que nas cidades onde não há investimento suficiente em transporte público, os custos para manter carros são maiores por diversos motivos. O primeiro deles é porque o uso do carro é maior, o que eleva os gastos para o proprietário do veículo.

Em Nova Iorque, por exemplo, onde para os deslocamentos cotidianos para a escola ou trabalho a maior parte das pessoas usa ônibus ou metrô, o dono de um carro gasta pouco mais de US$ 40 mil dólares em três anos. E a taxa de motorização da população é alta, mas o carro é usado eventualmente ou para passeios de final de semana.

Mas a falta de transporte público não deixa a manutenção do carro mais cara apenas pelo uso maior, mas pela forma de utilização do veículo. Sem rede de corredores de ônibus e metrô suficiente, as pessoas ficam mais tempo presas nos congestionamentos, o que aumenta ainda mais os gastos com os carros parados a toa nas ruas.

O transporte público consegue atender a uma grande quantidade de pessoas ocupando menor espaço urbano. Assim, a prioridade ao transporte urbano significa vias mais livres. Para o transporte público, no entanto se tornar interessante, ele deve ter baixo custo e velocidade maior.

Algumas cidades já restringiram algumas áreas para carros. É o que São Paulo fez recentemente na região do Largo Treze de Maio, na zona Sul de São Paulo, que nos horários de maior movimento da manhã e da tarde restringiu a circulação de carros de passeio em algumas ruas.

De acordo com a SPTrans – São Paulo Transportes, gerenciadora dos serviços, por causa da restrição de circulação dos carros, a velocidade média dos ônibus que trafegam pelo corredor da Avenida Santo Amaro e que depois servem a região do Largo Treze de Maio passou de 11 quilômetros por hora para 21 quilômetros por hora, segundo as medições feitas pelo sistema Olho Vivo dos aparelhos de GPS dos ônibus.

Adamo Bazani
, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Blog Ponto de Ônibus

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