Um acidente envolvendo ônibus interestaduais é registrado a cada 16 horas, em média, nas rodovias do país. É o que mostra levantamento feito pelo G1 com base nos dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de 2013.
Foram registrados 549 acidentes no ano passado, um aumento de quase 15%
em relação a 2012, quando houve 480 registros. O Distrito Federal
lidera a lista, com um terço do total (186). Uma das explicações da
Polícia Rodoviária Federal para o índice do DF é o alto número de
viagens feitas pela população de cidades do entorno, como Valparaíso de
Goiás, para Brasília em ônibus com características urbanas, mas que são
considerados interestaduais por cruzarem a divisa.
Goiás teve 67 acidentes com ônibus de passageiros. Já Minas Gerais, que
tem a maior malha rodoviária do Brasil, aparece na terceira posição no
ranking, com 65 registros.
Ao todo, 149 pessoas morreram e outras 837 ficaram feridas. As
ocorrências são repassadas à ANTT pelas empresas. A legislação obriga
que elas informem o registro de acidentes e assaltos envolvendo serviços
de transporte rodoviário interestadual. Há hoje 255 empresas operando
no país em 2.647 linhas diferentes.
Entre as rodovias, a BR-116, em São Paulo, é a campeã de acidentes
envolvendo ônibus interestaduais (16 em 2013). A estrada abriga um
trecho crítico, na Serra do Cafezal, único com pista simples. As obras
de duplicação, que chegaram a ser adiadas mais de uma vez, só começaram
após uma licença emitida pelo Ibama em 2013.
Conhecida como Régis Bittencourt e apelidada no passado de "rodovia da
morte", ela foi palco de um violento acidente na véspera de Natal no ano
passado, quando 15 pessoas morreram. A polícia acredita, no entanto,
que o motorista do ônibus, que ia de Curitiba para o Rio, tenha dormido
ao volante, já que ele trafegava na parte duplicada da via e num local
sem curvas perigosas.
Para o médico e diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego
(Abramet) Dirceu Rodrigues Alves Junior, essa é uma das principais
causas de acidentes envolvendo ônibus. “Alguns motoristas têm jornadas
longas, de 10 a 12 horas, e muitos viram a noite na estrada. A gente
sabe que, fisiologicamente, após oito horas de direção, o motorista já
tem déficits de atenção, tornando a possibilidade de um acidente duas
vezes maior.”
Alves Junior diz, no entanto, que a alta velocidade ainda é a causa
número um, em razão da vontade de se chegar mais rápido ao destino. “Tem
também a questão da droga, que tem sido muito utilizada em substituição
ao álcool, devido aos testes de bafômetro. As mais usadas são a maconha
e a cocaína.”
O inspetor Stênio Pires, da Polícia Rodoviária Federal, afirma que a
corporação tem reforçado a fiscalização para coibir os acidentes.
Segundo ele, no ano passado foram adquiridos 130 novos equipamentos –
uma espécie de pistola-radar – para flagrar os veículos acima do limite
nas vias. Pires afirma ainda que o fato de motoristas estarem deixando
de beber demonstra que as blitze têm dado resultado. "O que a PRF tem
feito em conjunto com alguns estudiosos agora é testar equipamentos para
detecção de outras drogas que estão sendo usadas. Mas é algo que ainda
está sendo trabalhado. Talvez no ano que vem a gente possa utilizá-los."
Sobre o número de acidentes, o inspetor da PRF diz que é preciso levar
em conta que o número de viagens tem aumentado. "Nos últimos anos, com o
aumento da renda, as pessoas estão viajando mais e muitas não têm
condição de ir de avião. É natural, portanto, que ocorram mais acidentes
de ônibus. Mas o número de vítimas fatais tem diminuído ainda assim. E
isso tem relação com a fiscalização intensa da PRF e com o próprio
trabalho que a ANTT tem feito com a segurança de infraestrutura dos
ônibus."
Os dados da ANTT mostram, de fato, que em 2013 houve apenas três mortes
a mais e 12 feridos a menos que em 2012, apesar da alta nas colisões.
BR-101
Em número de mortes, a BR-101, na Bahia, aparece na primeira posição entre as estradas. Foram 25 óbitos em seis acidentes registrados. Pires diz que, às vezes, um só acidente de ônibus acaba deixando várias vítimas, mas lembra também que a BR-101, que liga o Sul ao Nordeste, abriga um fluxo muito grande de veículos por conectar cidades turísticas.
Em número de mortes, a BR-101, na Bahia, aparece na primeira posição entre as estradas. Foram 25 óbitos em seis acidentes registrados. Pires diz que, às vezes, um só acidente de ônibus acaba deixando várias vítimas, mas lembra também que a BR-101, que liga o Sul ao Nordeste, abriga um fluxo muito grande de veículos por conectar cidades turísticas.
Se forem contabilizados todos os acidentes envolvendo ônibus e
micro-ônibus nas rodovias federais, o número é bem maior. Foram 10.692
em 2013, de acordo com a PRF, número similar ao registrado em 2012
(10.629). O dado equivale a 5% do total de acidentes no ano passado
(186.583).
Nesta semana, um ônibus capotou da Rio-Santos (BR-101), deixando cinco
mortos e 17 feridos. No Rio Grande do Sul, um micro-ônibus colidiu com
um caminhão. Seis pessoas morreram.
Passageiros
Para Alves Junior, da Abramet, os passageiros devem observar as atitudes do motorista e o alertar, especialmente se ele estiver acima do limite de velocidade. Mas mais importante ainda, diz, é utilizar o cinto de segurança.
Para Alves Junior, da Abramet, os passageiros devem observar as atitudes do motorista e o alertar, especialmente se ele estiver acima do limite de velocidade. Mas mais importante ainda, diz, é utilizar o cinto de segurança.
Créditos: Divulgação
“Normalmente nos ônibus ninguém usa. Por isso, quando há uma colisão,
as lesões são graves, porque uma capotagem faz com que o sujeito seja
jogado contra as paredes, contra o teto. O equipamento de segurança deve
ser usado permanentemente, porque não é possível prever quando haverá
uma freada brusca ou uma batida.”
G1
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