Créditos: David Paul Morris/Bloomberg
Os ônibus de transporte que viraram um foco para protestos pela justiça social em São Francisco deveriam ser proscritos, disseram um grupo comunitário e um sindicato de funcionários municipais em um processo contra a cidade.
Um número crescente de ônibus privados com janelas polarizadas, assentos acolchoados e Wi-Fi que transportam funcionários da Google, da Apple Inc. e da Facebook Inc. até o Vale do Silício
avivaram um debate sobre a desigualdade em uma cidade onde engenheiros
de software recém-saídos da faculdade podem esperar ganhar mais de US$
100.000 por ano. Seus motoristas e outros moradores que ganham a metade
dessa soma estão pagando US$ 2 por viagem nos ônibus públicos e passando
por dificuldades para acompanharem a rápida alta dos aluguéis.
Não é justo que a cidade cobre somente US$ 1 aos ônibus das empresas
por cada ponto de ônibus público que eles usam, disse Aaron Peskin,
ex-presidente do Conselho de Supervisores de São Francisco e membro do
grupo comunitário que está processando a cidade, em um comunicado. Ele
chamou a contribuição da Google, da Apple, da Genentech Inc. e de outras
empresas de “uma ninharia”.
“As viagens compartilhadas em carros e a decisão de tirar mais carros
das ruas são importantes, mas isso não significa que se possa atuar
desta forma, como uma cessão, que é o que este programa é, sem
considerar nenhuma alternativa”, disse Peskin. “Este programa foi criado
pela indústria da tecnologia para a tecnologia da indústria”.
Entre os condenados pelo processo está o sistema de trânsito da cidade,
a Bauer’s Intelligent Transportation Inc., empresas de tecnologia que
usam os ônibus e outras empresas de trânsito. Eles são acusados de
violar uma lei estadual que proíbe ônibus privados de estacionarem em
faixas para ônibus, conforme uma reclamação apresentada ontem no
tribunal estadual de São Francisco.
Impacto ambiental
O programa também é ilegal porque a cidade não estudou o impacto
ambiental dos ônibus nem alternativas a eles, de acordo com a reclamação
enviada pela Coalizão para o Trânsito Justo, Legal e Ambiental, a SEIU
Local 1021 e outros ativistas.
O prefeito de São Francisco, Ed Lee, anunciou em janeiro um programa
piloto de 18 meses que permite aos ônibus privados usar 200 pontos de
ônibus públicos para buscarem funcionários pagando uma taxa. O programa
poderia arrecadar dezenas de milhares de dólares por mês dos maiores
fornecedores de viagens, disse a cidade em janeiro.
Com os aluguéis mais caros do país e o maior número de despejos de
inquilinos em sete anos, a crescente presença de ônibus financiados por
empresas em vizinhanças densamente povoadas gerou protestos e ocasionais
atos de violência em uma cidade conhecida pela tolerância.
Mais de 350 transportes
privados têm mais de 35.000 passageiros diários que embarcam em pontos
de ônibus públicos, conforme a reclamação. A cidade isentou o programa
de uma revisão ambiental, ao passo que um programa de efetividade no
trânsito para os ônibus públicos está passando atualmente por um estudo
ambiental, conforme a reclamação.
“Não vimos a queixa e é prematuro fazer comentários”, disse Matt
Dorsey, porta-voz da secretaria do procurador da cidade de São
Francisco. O processo é titulado Coalition for Fair, Legal and Environmental
Transit v. City and County of San Francisco, Tribunal Superior da
Califórnia, Condado de São Francisco (São Francisco).
Revista Exame
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