Seu Augusto mostra seu álbum de fotos antigas. Créditos: Vrum/Acervo
De fala tranquila e sempre disposto a
um bom dedo de prosa, Augusto Antônio dos Santos, o seu Augusto, alimenta um
velho costume desde os anos 1960: fotografar, arquivar e colecionar fotografias
dos mais variados tipos de ônibus. O hábito já rendeu ao engenheiro de 66 anos
o título de busólogo – como são conhecidos os estudiosos sobre o tema –
pioneiro de Minas Gerais. Com mais de 40 mil fotos guardadas num escritório em
formato de acervo em Itabira, Região Central do estado, seu Augusto agora será
protagonista do documentário Ônibus, 50 anos. Muito mais do que uma singela
homenagem, a produção pretende mostrar a relação particular com o ônibus, que o
levou a se tornar gerente técnico de uma grande frota, e o gosto de muitos
brasileiros por um hobby em franco crescimento na internet.
Fã da atividade demonstrada pelo pai
desde garoto, o web designer Augusto Carvalho dos Santos, 35 anos, decidiu
criar o documentário, em forma de curta-metragem de 20 minutos, durante uma
conversa informal com o amigo Kaio numa mesa de bar. Ambos são ávidos por
cinema. “Desde garoto sempre achei muito legal a paixão do meu pai pelos
ônibus. Confesso que, até o surgimento da internet, quando se popularizaram as
listas de discussão e blogs especializados no tema, pensava que ele fosse o
único”, revela ele, que apesar de não seguir o gosto por coletivos fotografa
cenas urbanas. O fato de a vida do pai ter se desenrolado em torno do veículo o
motivou a levar a ideia adiante. “Quando a gente viajava, meu pai sempre
costumava carregar um bloquinho para anotar as informações do ônibus. Hoje, o
olho dele até brilha quando vai para a garagem trabalhar”, brinca Augusto
filho.
Aprovado pela Lei de Incentivo à
Cultura da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais em janeiro, o
projeto, que inclui entrevistas com pessoas ligadas ao hobby, filmagens em
Itabira e Belo Horizonte, esbarra nos custos financeiros para ser concretizado.
Amigo de Augusto filho, com quem decidiu filmar o curta, o professor de
literatura e roteirista Kaio Carmona, 35, diz que o orçamento é de R$ 125 mil.
Do total, 80% (R$ 100 mil) poderão ser deduzidos em incentivos fiscais pelas
empresas patrocinadoras, que receberão 200 exemplares das mil cópias produzidas
em formato DVD. “De início pensamos em dois roteiros, que, posteriormente,
poderão ser costurados. O primeiro é uma história dinâmica, mostrando com
velocidade maior a paixão inusitada dos busólogos. O outro são as viagens e
histórias que se passam dentro dos coletivos, tendo o seu Augusto como
personagem central”, explica Kaio.
Créditos: Augusto Antônio dos Santos/Acervo
Lado emocional
Outro objetivo do filme é retratar as
motivações que levaram um homem a se entregar à paixão de organizar durante
cerca de 50 anos diferentes elementos. A conhecida coleção de seu Augusto
trouxe ao meio de aficionados um significado histórico e emocional.
“Queremos
fazer um documentário que não seja focado apenas na informação, mas que também
mostre o lado humano, o comportamento e histórias do seu Augusto e demais
personagens envolvidos no tema ônibus”, conta a mestre em cinema, produtora e
jornalista Graziela Cruz, 46, responsável pela direção do curta. A intenção
dela é que o filme seja rodado nos próximos 12 meses. “Primeiro passo, o
projeto já foi aprovado. Agora temos o ano todo para produzi-lo”, acrescenta.
Cerca de 550 DVDs serão distribuídos
a bibliotecas públicas de Minas Gerais. Uma grande obra a favor da história do
ônibus.
Vrum/Ônibus Paraibanos
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