Créditos: Guto de Castro/Acervo
A encarroçadora de ônibus Busscar vai ter mais uma oportunidade de escapar da falência. A Assembleia Geral dos Credores, que já havia sido suspensa em 22 de maio deste ano, foi marcada por um clima de tensão. Houve nesta terça-feira nova suspensão da Assembléia que deve ser retomada em cerca de 30 dias. Aproximadamente 82% dos credores que iriam votar contra ou a favor do Plano de Recuperação Judicial decidiram suspender mais uma vez a posição que poderia levar a Justiça a decretar ou não a falência da encarroçadora de Joinville.
A posição de dois grandes credores da fabricante de carrocerias, que já foi uma das maiores do setor no País, interrompeu a assembleia e fez com que houvesse uma votação para decidir sobre mais uma suspensão do encontro que determinaria o futuro da Busscar.
O banco Santander e o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social não concordaram com vários pontos do Plano de Recuperação apresentados pela fábrica de carrocerias de ônibus. Os descontos sobre os débitos e carências foram os tópicos que mais desagradaram.
O Plano de Recuperação da Busscar para ser aceito necessita de uma aprovação unânime de todas as classes de credores. São várias classes como a quitográfica (formada pelos ex sócios, que aceitaram fazer um acordo), a dos bancos e a dos trabalhadores (que estava dividida, já que o Sindicato dos Mecânicos de Joinville, que rejeitou o acordo inicialmente apresentado tinha 400 procurações e a empresa alega ter 1900 procurações de funcionários e ex funcionários).
Foi decisiva a postura dos tios de Claudio Nielson, também credores, em fazerem um acordo com os responsáveis pela Busscar. Os descontos sobre as dívidas com eles que eram de 95% caíram para 70%. Com isso, a classe quitográfica deve receber cerca de R$ 60 milhões a mais que o previsto originalmente no Plano da Busscar.
O acordo teria estimulado os bancos a negociarem também. O Sindicato dos Mecânicos de Joinville, que representa os trabalhadores, disse que “lamenta outro adiamento, já que os trabalhadores, há muito tempo sem receber, precisam de uma definição o mais rapidamente possível”.
Se não houver uma nova apresentação de proposta no Plano de Recuperação para os trabalhadores e se caso o Plano for aprovado na continuação da Assembleia, a entidade promete recorrer na Justiça.
As dívidas da Busscar com os credores diretos estão em torno de R$ 800 milhões. Contando com os tributos, os débitos sobem para R$ 1,3 bilhão. Os salários e direitos trabalhistas estão há 26 meses atrasados.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transporte.
Blog Ponto de Ônibus
Nenhum comentário:
Postar um comentário