No ano de 2002 a encarroçadora Busscar, de Joinville (SC), colhia os frutos da reformulação administrativa implantada pelo diretor Edson Andrade, renomado executivo escolhido a dedo pelo “seo” Harold Nielson, pouco tempo antes da morte súbita que tragou a sua exitosa vida profissional. Edson Andrade tinha o perfil requerido pelo patriarca da Nielson, que encomendou a uma empresa de “caça-talentos” a contratação de um gestor com grande visão empresarial, experiência internacional e exitosa carreira comprovada em empresas por onde tivesse passado. E bastou pouco tempo na Nielson pra que Andrade provasse “que era o cara” e a sua vinda dos Estados Unidos seria um investimento de retorno garantido.
A Busscar, no período da gestão “Edson Andrade” abriu fábricas na Colômbia, Cuba e Noruega. Multiplicou por 10 o volume faturado com exportação de ônibus prontos e CKD, avançou significativamente no mercado interno e ameaçou de vez roubar a liderança em vendas da Marcopolo. Mostrou-se tão agressiva que obrigou a fabricante gaúcha a por fim nos seus ônibus da Geração V (G.V), com apenas oito anos de vida e lançar a Geração 6. Com efeito, se a G6 foi lançada no ano 2000, já em 1996 a Marcopolo sentiu que tinha de planejar uma nova linha, eis que os ônibus da Busscar estavam muito agressivos na disputa de mercado. E tudo isso tinha o dedo de Edson Andrade.
Nos modelos rodoviários e nos modelos urbanos a Busscar abria novas frentes de atuação com uma velocidade surpreendente. E com produtos de excelente qualidade. Empresas como Gontijo, Itapemirim e Penha, gigantes do setor, anunciaram que só operariam com ônibus Busscar a partir de 1997. No segmento de ônibus micros e minis a fabricante catarinense também mostrava um fôlego surpreendente. A capacidade da equipe de engenharia e design da Busscar parecia não ter limite. Entre suas ações, foi planejado e montado um protótipo tipo furgão para atender frotistas na operação de coleta e entrega de cargas e encomendas nas cidades e perímetros urbanos.
Se lembram do Clip CL10 Step Van da Itapemirim? Pois bem, o utilitário da Busscar foi desenvolvido em conjunto com engenheiros da Tecnobus. E o objetivo final era atender a Itapemirim Cargas. Era da categoria VLC (Veículo Leve de Carga), mas com maior dimensão do que o Clip CL10 Step Van, pois tinha 6,30 metros de comprimento. Seu nome era VLC Buss (Veículo Leve de Carga Urbano). E a Busscar foi além. Com base na plataforma desse veículo projetou outro de menor porte, dessa vez um VUC (Veículo Urbano de Carga), com menor entreeixos e comprimento total de 5.490 mm, 810 mm menor, ou seja, 81 cm. O objetivo era claro, o primeiro (VLC) tinha como meta atuar na periferia das cidades e nas entregas/coletas interurbanas. Já o (VUC) atendia a legislação de cidades que criaram zonas máximas de restrição, como São Paulo, que impedia a circulação de veículos das categorias pesado, semipesado, médio e leve na região central.
A publicidade da Busscar, em 2002, pregava que tanto o VLC Buss quanto o VUC apresentavam várias vantagens competitivas, bem como tinham vida própria e agregavam componentes e soluções não encontradas em outros veículos semileves da concorrência. Entre elas, dava-se ênfase as portas dobráveis da cabine, tipo sanfona, cujo mérito era ocupar pouco espaço e facilitar o acesso do motorista e ajudante ao salão e ambiente destinado a cargas. Aliás, o compartimento destinado a cargas possuía dois acessos, um do lado direito, logo atrás do eixo dianteiro. E o outro pela parte traseira. Quanto a parte estrutural, a Busscar valeu-se do seu amplo domínio na construção de carrocerias, dotando o VLC e o VUC de uma estrutura de aço e revestida em alumínio e fibra.
Além do comprimento de 6.300 mm, o VLC Buss tinha 2.600 mm de altura e 2.080 mm de largura. Sua capacidade de carga era excepcional para um semileve, com 12,2 metros quadrados podia transportar até 1.500 quilos. Quanto a parte mecânica, também o motor era uma novidade. Nada de MWM, Mercedes ou Cummins. Pelo contrário, era motor Iveco, com potência de 122 cv e torque de 29 mkgf. A Itapemirim Cargas e suas necessidades de operação de coletas e entregas garantiu o investimento da Busscar neste segmento onde ela não atuava, pois a encomenda para o Grupo Itapemirim foi de 100 unidades em 2002 e 300 para o ano de 2003.
Carlos Alberto Ribeiro
Mobilidade em Foco/Jornauto/Portal Ônibus Paraibanos
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