Créditos: Mario Augusto/Ônibus Brasil
Segunda empresa de transporte de passageiros mais antiga do Brasil, a Auto Viação Progresso, de Pernambuco, foi fundada em 1932 por João Tude de Melo, na cidade de Garanhuns. Vinte anos mais tarde, foi transferida para Recife e hoje é comandada pela holding ADT, que tem à frente a terceira geração da família Tude. Diretor da empresa e neto de seu fundador, Eduardo Tude destaca o sucesso no trabalho de sucessão para a longevidade da empresa. Reconhecida pela inovação e pioneirismo, nos meados do século 20 a Progresso teve participação intensa na evolução dos transportes rodoviários da América Latina, discutindo temas com as grandes empresas do setor.
Além do transporte rodoviário interestadual e intermunicipal de média e longa distâncias em nove estados da região Nordeste, o Grupo Tude ainda mantém concessionárias de automóveis, caminhões e ônibus. Também opera um moderno Terminal Central de Cargas, no Recife.
Confira abaixo uma entrevista concedida pelo atual comandante da Progresso, Eduardo Tude, para a Revista Viajante:
Viajante: Como começou a Auto Viação Progresso?
Eduardo Tude: A história da Progresso começou com meu avô, João Tude de Melo. Ele nasceu em Garanhus e começou a trabalhar aos 12 anos como carregador de bagagens. Aos 15 já era mecânico e, aos 18, motorista de caminhão. Muito jovem abriu uma oficina mecânica e começou sua frota de caminhões, tornando-se o principal transportador de cargas de Garanhuns e das redondezas. Mas a ideia era transportar gente. Por isso, em 1932, fundou a Auto Viação Progresso e, quatro anos depois, estabeleceu o primeiro serviço regular de transporte de passageiros ligando Garanhuns ao Recife. Em 1940, com 44 anos, ele projetou e construiu o primeiro ônibus da América do Sul com motor embutido na carroceria e com ele abriu a primeira linha do Recife para o Rio de Janeiro e São Paulo. Meu avô estava sempre pensando em inovar, melhorar o transporte, por isso foi uma referência para as primeiras montadoras de caminhões e de chassis de ônibus que se instalavam no Brasil. Ele deu contribuições importantes para o crescimento de desenvolvimento do transporte rodoviário de todo o país.
Como a Progresso se transformou em uma empresa de sucesso?
Com o nome bastante ligado ao transporte urbano de passageiros em Recife e a empresa crescendo, meu avô decidiu que era hora de investir nas estradas. Vendeu as linhas municipais e passou a operar nos segmentos intermunicipal e interestadual, exclusivamente. Isso foi nas décadas de 1940 e 1950, quando a empresa lançou o primeiro serviço leito do Nordeste, na linha Recife-Rio de Janeiro. Muitos anos depois, fomos também a primeira a utilizar ônibus double decker na região. Em 1952, a empresa foi transferida para Recife, num convite do governo de Pernambuco. Outro momento importante foi a concentração exclusiva da Progresso na região Nordeste, apesar de ter mantido por vários anos linhas para o Rio de Janeiro e São Paulo.
De que forma a atuação está focada e como a empresa se posiciona hoje no mercado?
A Progresso é a segunda empresa de transporte mais antiga do Brasil. Atua no transporte interestadual e intermunicipal de média e longa distâncias em nove estados da região Nordeste, sob jurisdição da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Além de Pernambuco, atingimos o Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Maranhão, Piauí e Bahia, transportando uma média de 450 mil passageiros por mês.
Quais motivos você destaca para essa longevidade da empresa?
É muito difícil responder essa pergunta. De modo geral eu diria que, por ser uma empresa familiar, a Progresso deu sorte na sucessão, porque sucessão, além da competência e trabalho árduo, precisa ser acompanhada de um pouco de sorte.
Qual a estrutura da companhia?
Temos 170 filiais nos estados onde atuamos e 1,4 mil colaboradores. Nossa matriz fica em Jaboatão dos Guararapes, área metropolitana do Recife.
Nesses 43 anos, como o senhor avalia a evolução dos modelos?
A evolução dos ônibus foi enorme, principalmente no tocante das dimensões dos veículos. O ônibus ao longo dos anos “emagreceu” muito, o que confere uma grande melhoria do peso. Isso influencia em todos os aspectos do setor, como a Lei da Balança, por exemplo.
Quais os principais desafios que a Progresso tem pela frente?
Nosso principal desafio tem relação com o transporte clandestino, que não recolhe nenhum imposto e que no Norte e Nordeste do Brasil existe num volume muito grande. A Progresso ainda vai crescer dentro do Nordeste, mas estará sempre disputando espaço com o transporte clandestino e também com o transporte aéreo.
A partir da sua experiência, como o senhor avalia o futuro do setor de transporte de passageiros em Pernambuco e no Brasil para os próximos anos?
Assim como em Pernambuco, o Brasil vai precisar definir os espaços para a atividade de transporte de passageiros rodoviário e aéreo, o que já vem acontecendo devagarinho. São dois mercados diferentes e que precisam ser desenhados, pois há linhas em que o mercado deverá ser dividido, outras exclusivas para o avião e outras só para ônibus. O próprio mercado vai definir essa atuação.
Revista Viajante/Unibus RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário