quarta-feira, 20 de junho de 2012

Bancos vão investir US$ 175 bilhões para transportes sustentáveis

 Objetivo é estimular os transportes coletivos com tecnologia mais limpa. Ônibus é uma das principais soluções, de acordo com as instituições mundiais.

 Créditos: Scania/Divulgação

O documento oficial da Rio +20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ficou abaixo das expectativas de quem aguardava decisões mais concretas. Os itens que comprometem os interesses dos países mais ricos, como metas estabelecidas de redução de poluição, criação de um fundo para manutenção de uma economia sustentável e transferência tecnológica para as nações que estão ainda em crescimento foram reduzidos e se tornaram bem generalistas. Se resumiram em abordar os temas de forma superficial.

Na questão dos transportes coletivos e criação de cidades melhores para se viver, os debates sobre formulação de políticas públicas poderiam ter sido melhores. Mas, paralelamente a Rio +20, no Rio de Janeiro, foi anunciado um avanço pelos principais bancos mundiais: o financiamento de US$ 175 bilhões até 2030 para o desenvolvimento e ganho de escala na produção de veículos de transportes coletivos com tecnologia não poluente.

O anúncio foi feito hoje, quarta-feira, dia 20 de junho de 2012, por oito bancos multilaterais:  Banco de Desenvolvimento Asiático, Banco Mundial, Confederação Andina de Fomento (CAF),  Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimentos e os bancos de desenvolvimento africano e islâmico.

E quem diz que os ônibus são transportes do passado, no mínimo, não está de acordo com a luta e estudos da sociedade e instituições para uma melhor qualidade de vida em qualquer cidade do mundo.

Os ônibus são destaque nestes planos de investimentos porque os bancos entendem que, mesmo dotados de tecnologias mais caras e não poluentes, os ônibus são soluções com custos que compensam o retorno dos recursos aplicados. Com a mesma quantidade de dinheiro, é possível atender mais projetos, mais sistemas de cidades e mais pessoas em todo o mundo.

O transporte metroferroviário, no entanto, não foi deixado de lado, assim como o por hidrovias, pouco aproveitado em nações que têm potencial para isso, inclusive o Brasil.

Ônibus elétricos híbridos, a etanol, trólebus, e a hidrogênio, que hoje são de alto custo, devem receber incentivos, ganharem mais escala de produção e com pesquisas terem equipamentos mais baratos, e podem se tornar acessíveis para frotistas comuns.

A fonte de energia elétrica é uma das principais para os transportes nos planos das instituições. O Brasil se destaca no setor. Companhias como a Eletra, que faz trólebus mais modernos e foi pioneira em operar um ônibus elétrico híbrido comercialmente no País, e instituições de ensino e pesquisa, como a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, que conseguiu tornar um ônibus a hidrogênio mais barato e com maior autonomia, já apresentam soluções reais que, com incentivos, podem se tornar mais presentes nas ruas e no dia a dia da população. Em Curitiba, em setembro começam a operar as primeiras unidades de um ônibus elétrico híbrido, que vai reduzir em até 90% a emissão de alguns poluentes.

A disposição dos bancos não é à toa. O incentivo aos transportes coletivos é considerada a principal solução para o ir e vir nas cidades, cada vez mais afetadas pelos congestionamentos, e para a redução da poluição ocasionada pelo excesso de veículos particulares. Ambos fatores que provocam milhares de mortes anuais e desperdícios de recursos financeiros.

Assim, além de humana, a postura destas instituições em incentivar os transportes coletivos, é uma estratégia econômica que garante sustentabilidade e prosperidade.

De acordo com a ONU, até 2030, as emissões de gás carbônico (CO2) pelo transporte coletivo podem subir em até 50%. Mas a situação dos carros particulares é a que preocupa: a frota mundial de carros de passeio pode chegar em 2030 a 2 bilhões de veículos.

Ao investir em tecnologia limpa para ônibus e trens, as nações sabem que podem atacar estes dois problemas de uma vez: diminuir as emissões previstas por parte do transporte público e conter o uso desnecessário do carro de passeio que, por passageiro, polui bem mais e ocupa espaço maior nas cidades.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Canal do Ônibus

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