Objetivo é estimular os transportes
coletivos com tecnologia mais limpa. Ônibus é uma das principais
soluções, de acordo com as instituições mundiais.
Créditos: Scania/Divulgação
O documento oficial da Rio +20,
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ficou
abaixo das expectativas de quem aguardava decisões mais concretas. Os itens que comprometem os interesses
dos países mais ricos, como metas estabelecidas de redução de poluição,
criação de um fundo para manutenção de uma economia sustentável e
transferência tecnológica para as nações que estão ainda em crescimento
foram reduzidos e se tornaram bem generalistas. Se resumiram em abordar
os temas de forma superficial.
Na questão dos transportes coletivos e
criação de cidades melhores para se viver, os debates sobre formulação
de políticas públicas poderiam ter sido melhores. Mas, paralelamente a Rio +20, no Rio
de Janeiro, foi anunciado um avanço pelos principais bancos mundiais: o
financiamento de US$ 175 bilhões até 2030 para o desenvolvimento e ganho
de escala na produção de veículos de transportes coletivos com
tecnologia não poluente.
O anúncio foi feito hoje, quarta-feira, dia 20 de junho de 2012, por oito bancos multilaterais: Banco
de Desenvolvimento Asiático, Banco Mundial, Confederação Andina de
Fomento (CAF), Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Europeu
para a Reconstrução e o Desenvolvimento, o Banco Europeu de
Investimentos e os bancos de desenvolvimento africano e islâmico.
E quem diz
que os ônibus são transportes do passado, no mínimo, não está de acordo
com a luta e estudos da sociedade e instituições para uma melhor
qualidade de vida em qualquer cidade do mundo.
Os ônibus são
destaque nestes planos de investimentos porque os bancos entendem que,
mesmo dotados de tecnologias mais caras e não poluentes, os ônibus são
soluções com custos que compensam o retorno dos recursos aplicados. Com a
mesma quantidade de dinheiro, é possível atender mais projetos, mais
sistemas de cidades e mais pessoas em todo o mundo.
O transporte
metroferroviário, no entanto, não foi deixado de lado, assim como o por
hidrovias, pouco aproveitado em nações que têm potencial para isso,
inclusive o Brasil.
Ônibus
elétricos híbridos, a etanol, trólebus, e a hidrogênio, que hoje são de
alto custo, devem receber incentivos, ganharem mais escala de produção e
com pesquisas terem equipamentos mais baratos, e podem se tornar
acessíveis para frotistas comuns.
A fonte de
energia elétrica é uma das principais para os transportes nos planos das
instituições. O Brasil se destaca no setor. Companhias como a Eletra,
que faz trólebus mais modernos e foi pioneira em operar um ônibus
elétrico híbrido comercialmente no País, e instituições de ensino e
pesquisa, como a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, que
conseguiu tornar um ônibus a hidrogênio mais barato e com maior
autonomia, já apresentam soluções reais que, com incentivos, podem se
tornar mais presentes nas ruas e no dia a dia da população. Em Curitiba,
em setembro começam a operar as primeiras unidades de um ônibus
elétrico híbrido, que vai reduzir em até 90% a emissão de alguns
poluentes.
A disposição
dos bancos não é à toa. O incentivo aos transportes coletivos é
considerada a principal solução para o ir e vir nas cidades, cada vez
mais afetadas pelos congestionamentos, e para a redução da poluição
ocasionada pelo excesso de veículos particulares. Ambos fatores que
provocam milhares de mortes anuais e desperdícios de recursos
financeiros.
Assim, além
de humana, a postura destas instituições em incentivar os transportes
coletivos, é uma estratégia econômica que garante sustentabilidade e
prosperidade.
De acordo com
a ONU, até 2030, as emissões de gás carbônico (CO2) pelo transporte
coletivo podem subir em até 50%. Mas a situação dos carros particulares é
a que preocupa: a frota mundial de carros de passeio pode chegar em
2030 a 2 bilhões de veículos.
Ao investir
em tecnologia limpa para ônibus e trens, as nações sabem que podem
atacar estes dois problemas de uma vez: diminuir as emissões previstas
por parte do transporte público e conter o uso desnecessário do carro de
passeio que, por passageiro, polui bem mais e ocupa espaço maior nas
cidades.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Canal do Ônibus
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