Créditos: Guto de Castro/Acervo
E mais: que se não complicar a vida da população a pressão não surte efeito. Do outro estão os empresários de ônibus, que não abrem facilmente, principalmente depois da era Eduardo Campos, que atrelou os reajustes da passagem ao IPCA. Ou seja, a tarifa não sobe mais baseada na planilha de custo do sistema de transporte (despesas com pneus, diesel e folha de pagamento, entre outras coisas), apenas pelo percentual do IPCA, que segundo o empresariado e alguns técnicos do setor, não cobre os custos. Como a receita com as passagens não se equipara aos gastos do sistema, um déficit vai sendo gerado. E, como o governo do Estado não banca essa diferença, a consequência para diminuir os custos é reduzir o serviço. Esse resultado é facilmente percebido na lotação dos ônibus, especialmente nas linhas que saem dos terminais integrados do SEI, ou seja, da periferia, onde estão aqueles que mais dependem do transporte público.
Sem o reajuste que precisam, os empresários arrastam a negociação com os rodoviários até onde podem como forma de pressionar o Estado a desatrelar o reajsute tarifário do IPCA. E a briga vai seguindo. O fato é que os motoristas de ônibus começaram a espalhar entre os usuários que estão parando ou que vão parar. A última notícia, surgida na tarde desta quarta-feira, era de que eles estavam parados na Avenida Agamenon Magalhães. Tudo boato. Outros deverão surgir nos próximos dias. É sempre assim. A rodada de negociação com o empresariado já começou e, pelo que se sabe, não tem avançado. A última conversa será no próximo dia 26/6 e, se não houver um acordo, a saída é a paralisação.
A categoria pede 6% de aumento e em 2011 conseguiu 9%. O salário do motorista passou de R$ 1.280 para R$ 1.395, do cobrador de R$ 590 para R$ 645 e do fiscal de R$ 825 para R$ 903. O problema é que, as últimas greves dos motoristas de ônibus foram um fracasso. As garagens das empresas amanheceram lotadas de pais de família desesperados por um emprego e muitas das operadores já têm até lista de espera. Nas ruas, a população pouco percebeu que havia uma greve. A greve durou seis dias – entre 15 e 21 de junho -, mas 70% da frota operou. Nada impede que tudo mude, mas a história não tem mostrado isso. Portanto, é preciso consicência dos rodoviários para não instalar um pânico com a ameaça de uma greve que eles nem sabe se terão força para realizar e sensibilidade de empresários e do governo do Estado para fechar um acordo de aumento salarial.
JC Online
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