Ônibus
da Foton Auv Bus. Fabricante de ônibus chinesa se interessou pela
grandiosidade do mercado de ônibus no Brasil. Grupo negocia com o
Governo do Ceará a instalação de uma fábrica no Estado. Empresa deve
investir R$ 150 milhões, gerar 1 mil 500 empregos diretos e produzir 3
mil ônibus nos dois primeiros anos de operação. Foto: Foton Auv Bus.
A indústria chinesa presente no setor de carros de passeio e utilitários e crescente no de caminhões quer participar deste mercado. Depois de a BYD anunciar que vai testar 50 ônibus elétricos, movidos com baterias de fosfato de ferro, e que pode instalar uma planta no Brasil em parceria com um investidor nacional e do Shandong Heavy Machinery Group mostrar interesse na encarroçadora de ônibus Busscar, que enfrenta dificuldades financeiras, é a vez da Foton Auv Bus negociar com o Estado do Ceará a instalação de uma fábrica.
Até
os investimentos e a capacidade de produção estão definidos. A Foton
Auv Bus está disposta a investir R$ 150 milhões para a construção da
fábrica que deve produzir cerca de três mil ônibus nos dois primeiros
anos de operação.
No primeiro ano devem ser empregados 800 trabalhadores e o número de pessoas deve aumentar para 1 mil 500 no ano seguinte. As informações são do Jornal O POVO, de Fortaleza.
Dois
fatos, além dos números do mercado brasileiro, teriam motivado a
escolha pelo estado. A proximidade com o porto de Pecém, que vai ajudar
as importações de peças, e a entrada de um empresário cearense do setor
automotivo foram relevantes para o início das negociações.
A
planta deve ter no mínimo 100 mil metros quadrados ou 10 hectares. A
disponibilidade por espaço também despertou os interesses dos chineses
pelo Ceará. De acordo com o jornal, no Setor III do CIPP – Complexo Industrial e Portuário do Pecém há pelo menos 400 hectares livres.
GOVERNADOR DEVE SE REUNIR COM RESPONSÁVEIS DA FOTON:
Na
próxima terça-feira, dia 19 de junho, o Governador do Ceará, Cid Gomes
vai se reunir com representantes da Foton para discutir a possibilidade
da instalação da empresa no Estado.
A
Foton Auv Bus pertence a Foton Motor Group e é uma das maiores
fabricantes de veículos comerciais da China. No País ela emprega 28 mil
pessoas na matriz em Changping e 80 mil nas demais unidades. Tanto em fabricação de veículos e peças como na área de serviços automotivos, a Foton está presente em 90 países.
No
segmento de ônibus, a Foton produz 38 modelos e vende para diversos
países como Chile, Venezuela, Colômbia, Uruguai, Espanha e nações
africanas. A fábrica no Ceará, se for consolidada de fato, deve atender ao mercado brasileiro e à América Latina.
O
fato é que se tornarem concretos os investimentos da Foton, BYD e
Shandong Heavy Machinery Group na Busscar, as indústrias brasileiras de
ônibus vão ter de se mexer da mesma forma que as fabricantes de carros
de passeio.
Ainda
mais nestes casos cujos chineses dizem que querem produzir e empregar
no Brasil e não apenas vender no país, sendo mais difíceis medidas de
proteção por parte do governo brasileiro aos fabricantes de raízes
nacionais, como aumento de impostos.
Inicialmente,
boa parte destas empresas deve usar peças importadas e montarem os
ônibus no Brasil, mas pelo menos no discurso, todas dizem que com o
tempo querem atingir um nível de nacionalização alto.
As
indústrias de ônibus instaladas no Brasil acostumadas com a
exclusividade terão de saber lidar com a concorrência externa no mercado
interno.
O
diretor de operações comerciais da Marcopolo, a maior fabricante de
carrocerias de ônibus do País, Paulo Corso, disse à reportagem em maio,
durante matéria especial na unidade Ana Rech, em Caxias do Sul, que a
entrada de produtores chineses no Brasil não é algo tão distante da
realidade.
Segundo
Corso, no entanto, os fabricantes chineses não têm a mesma
flexibilidade que os brasileiros ao fazer ônibus praticamente
personalizados, apesar das linhas de modelos. Segundo
o executivo, cada gestor local tem uma legislação diferente que
interfere nas configurações das carrocerias. Um mesmo modelo pode ter
várias apresentações diferentes.
Isso,
de acordo com o diretor de operações comerciais da Marcopolo, não
ocorre na mesma intensidade nos países onde as chinesas operam. Os
produtores asiáticos estão atentos às boas perspectivas para o setor de
ônibus no Brasil. Mesmo que tardiamente e mais impulsionadas pela Copa
do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, as cidades resolveram pensar de
forma mais séria em mobilidade urbana e modernização dos transportes.
Corredores de ônibus e renovações de frotas devem aquecer o segmento de
urbanos, além das várias licitações cada vez mais exigentes previstas
para os próximos anos. O
aumento na renda de parte da população e novamente os eventos
internacionais vão impulsionar o setor de rodoviários, desde os minis
para transferências e deslocamentos a partir de aeroportos e hotéis até
os luxuosos ônibus de dois andares ou com salão de passageiros em nível
acima do posto do motorista.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Colaborou: Hipólito Rodrigues
Canal do Ônibus
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