Créditos: Adamo Bazani/Blog Ponto de Ônibus
Por isso, que o motorista de ônibus deve ser um profissional do volante qualificado e encontrar o equilíbrio entre ser racional, econômico e técnico com uma visão humanizada de sua função.
E a busca por este equilíbrio fundamental é um dos objetivos do primeiro curso de formação de motoristas de ônibus rodoviários da Fabet – Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, em parceria com a Scania, com a participação do Grupo JCA, que detém importantes empresas como Auto Viação 1001, Viação Catarinense, Viação Cometa, Rápido Ribeirão Preto, entre outras. As aulas têm início no dia 15 de abril e estão disponibilizadas 25 vagas, inclusive para motoristas que ainda não estão em nenhuma viação. Informações pelo telefone (11) 4708-1784.
A Fabet atua há cerca de 20 anos na qualificação de motoristas profissionais. Com sede em Concórdia, Santa Catarina, inicialmente o trabalho da Fabet era destinado ao transportador de cargas.
Mas as necessidades do mercado e da realidade das estradas mostraram que o profissional do transporte de pessoas precisa de uma qualificação diferenciada. Assim, nesta terça-feira, dia 26 de fevereiro de 2013, a fundação apresentou seu primeiro curso de Formação de Motoristas para o Transporte Rodoviário de Passageiros, na unidade da cidade de Mairinque, no interior Paulista, que começou a atender em 2010.
A iniciativa só foi possível, segundo a entidade, por conta do apoio da Scania, que entregou, também neste dia 26 de fevereiro, um ônibus – escola para as aulas destinadas aos motoristas profissionais. Trata-se de um K 310, já com motorização que atende às exigências de restrição à emissão de poluentes com base nas normas internacionais Euro V. O veículo tem câmbio Confort Shift e carroceria Comil Campione 3.65.
A parceria da Scania com a Fabet já é de 15 anos e já rendeu ações em conjunto consideradas de destaque pelo setor. A Fabet apoia a competição Scania Melhor Motorista de Caminhão do Brasil. A Scania já cedeu 30 caminhões, além de equipamentos e ferramentais para as aulas aos motoristas.
“Atendendo agora ao setor de passageiros, formando novos motoristas que já querem estar no mercado especializados, não apenas qualificamos um profissional, mas deixamos claro à categoria, às empresas e à toda sociedade o valor que possui um motorista de ônibus que faz parte de centenas e até milhares de vidas diariamente” – disse Salete Marisa Argenton, gerente da filial da Fabet na cidade de Mairinque, em São Paulo.
Segundo ela, a Fabet já oferece os cursos de qualificação para profissionais experientes na estrada, mas que agora, o objetivo da instituição é preparar novos motoristas para uma realidade de mercado que se modernizou.
E isso é mais que necessário pela carência no mercado de bons motoristas. “Hoje, a idade média de um motorista de ônibus é entre 45 e 55 anos, ou seja, em breve, boa parte vai se aposentar. Ao mesmo tempo, faltam no mercado aproximadamente 120 mil motoristas qualificados. Muitos jovens não estão interessados mais na carreira de motorista e é nisso que precisamos estar atentos. Além de despertar a atenção para a necessidade destes profissionais e da valorização deles, temos de incentivar que mais motoristas entrem no mercado de trabalho com a competência exigida por um setor e uma sociedade cada vez mais exigentes” – explicou Salete.
Há também no mercado duas realidades que, apesar de aparentemente serem contraditórias, coexistem: ônibus com alta tecnologia ao mesmo tempo que existem motoristas com deficiências comportamentais e técnicas.
“A indústria de ônibus no Brasil evoluiu muito. Mas não basta colocar estes ônibus mais modernos nas ruas e estradas. É necessário preparar o motorista para aproveitar ao máximo toda tecnologia que os veículos oferecem para a produtividade da empresa, bem estar do próprio profissional e bom atendimento ao passageiro, que é o cliente do serviço de transporte. Por isso, a Scania apoia mais esta iniciativa da Fabet” – contou Eduardo Monteiro, responsável pelo segmento de ônibus urbanos da Scania.
“Zelar pelo motorista é cuidar da segurança nas estradas. Tanto a Scania como a Fabet têm pontos em comum em suas missões. Um destes pontos é o desenvolvimento sustentável Ou seja, crescer com responsabilidade em todos os aspectos. O bom trabalho do motorista de ônibus influencia o ambiente social onde ele atua, faz com que o ônibus funcione adequadamente e com isso, possa poluir menos, e ao mesmo tempo economize recursos, com menos gastos de combustível, pneus e manutenção” – explicou Gustavo de Andrade, da área de desenvolvimento da rede Scania no Brasil e conselheiro deliberativo da Fabet.
E a necessidade de compatibilizar o conhecimento técnico com a atuação humanizada é sentida na pele pelos transportadores de passageiros.
“Constantemente, as frotas de ônibus estão se modernizando. Assim, os motoristas de ônibus têm de possuir habilidade em lidar com as novas tecnologias. Além disso, o passageiro não quer ser apenas transportado, mas quer ser atendido. E ainda a maior queixa por parte dos passageiros é o atendimento. Por isso que apoiamos esse curso da Fabet” – disse Carlos Otávio Antunes, membro do Conselho de Administração do Grupo JCA, que detém companhias como 1001, Cometa, Catarinense, Rápido Ribeirão, Expresso do Sul, etc.
Na apresentação do curso nesta terça-feira, boa parte da plateia era composta por motoristas da Cometa.
Cada curso para formação de motoristas para o transporte de passageiros terá duração de cerca de um mês e visa unir a parte comportamental com a técnica.
Serão repassados no curso, valores como: Saber ouvir, desenvolver a atenção, a responsabilidade, a necessidade da boa comunicação e da flexibilidade, a capacidade de resolução de conflitos, desenvolver a capacidade de tomar atitude em prol da vida, a responsabilidade e a consciência do valor das marcas e o equilíbrio emocional diante das dificuldades.
Experiências anteriores da Fabet mostram resultados positivos, de acordo com a instituição: a atuação de motoristas qualificados pode reduzir em 47% os acidentes, diminuir em cerca de 15% o consumo do óleo diesel, aumentar em 10% a vida útil de um pneu, melhorar a pontualidade, elevar o nível de satisfação do cliente e aumentar a produtividade do profissional, dentro de sua carga horária e sem sacrifícios.
Para se ter uma ideia da importância do trabalho do motorista na sociedade, de acordo com a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, 75% das movimentações interestaduais se dão por estradas. Só nos serviços de ônibus interestaduais e internacionais, são transportadas anualmente, 140 milhões de pessoas.
No entanto, para que estes números fossem plenamente satisfatórios, aspectos negativos dos transportes precisam ser reduzidos. Ao ano, 40 mil pessoas morrem e 400 mil ficam feridas nas vias de todo o país. O custo financeiro disso para a sociedade e de R$ 28 bilhões anuais.
“Por isso que o motorista tem de saber de verdade o seu valor na sociedade e trabalhar de forma humanizada. Não dá para fazer uma cotação da vida como se faz de uma carga. Assim, qualificar o motorista é dar valor à vida. Afinal, não existe transporte sem o profissional do volante e o transporte é uma atividade em prol da vida” – conclui a gerente da Fabet em Mairinque, Salete Marisa Argenton.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Blog Ponto de Ônibus
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