Créditos: Agência Estado/Acervo
Um dos maiores desafios dos grandes centros urbanos brasileiros chama-se mobilidade e suas consequências nas vidas do habitantes dessas regiões. O resultado pode ser visto na composição entre os dados da última pesquisa realizada pelo Instituto Akatu – “Rumo à Sociedade do Bem-Estar” -, com dados do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – e do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –, com significativos impactos negativos decorrentes da imobilidade que tomou as grandes cidades pelo Brasil. O levantamento mostra o tempo médio gasto em deslocamento nas nove regiões metropolitanas (Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília) é de 82 minutos e que, caso esses 82 minutos diários fossem zerados e convertidos em horas trabalhadas, haveria um ganho de produção na ordem de R$ 300 bilhões ao ano, o que representa 7,3% do PIB brasileiro.
Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu pelo Consumo
Consciente, analisou que a mobilidade urbana é um dos temas prioritários
da agenda em prol de uma sociedade do bem-estar com estilos mais
sustentáveis de vida. Para ele, cidades onde o deslocamento de seus
moradores é feito por meio de serviços de transporte e infraestrutura de
má qualidade geram impactos negativos em todos os aspectos: social,
ambiental, econômico e individual. Ainda, segundo Mattar, do ponto de
vista ambiental, o modelo de transportes urbanos é de baixa eficiência
energética, com alta emissão de carbono – contribuindo para as mudanças
climáticas – e alta geração de poluentes, trazendo prejuízos à saúde de
todos.
O executivo lembrou que um cidadão desgastado pelo longo deslocamento
em sistemas de transporte com má qualidade chega ao trabalho já cansado
e, por isso, acaba produzindo menos. Um gasto menor de tempo de
deslocamento não significa mais horas de produção, mas certamente
significa maior produção nas horas trabalhadas. Para o Akatu, o tempo
economizado com uma melhor mobilidade urbana poderá retornar em
qualidade de vida para cada cidadão, podendo ser convertido em práticas
de cuidado consigo próprio, pelo maior tempo para praticar exercícios,
para dormir, para o lazer, e para atividades de desenvolvimento pessoal e
profissional.
Em sua pesquisa de 2012, o instituto destaca que a população das
regiões urbanas preferem com nota 8, em uma escala de 0 a 10, a
mobilidade com rapidez, conforto e segurança, em relação a ter um carro
próprio, que recebeu nota 4.
Nessa linha de raciocínio, o transporte coletivo organizado e com
prioridade, ressaltando os serviços de ônibus feitos em corredores
segregados do tipo BRT (Trânsito Rápido de Ônibus), podem ser os grandes
diferenciais nas propostas urbanas por um desenvolvimento equilibrado,
com sustentabilidade, aplicando-se projetos altamente eficientes, com
desempenho, acessibilidade, informação, marketing e controle
operacional.
O momento é propício para uma virada de mesa nos modelos de
transporte atuantes nas cidades, objetivando um modal coletivo em
detrimento ao individual. Resta a sociedade e os governantes aceitarem
que todos sairão ganhando e serão beneficiados pela transformação do
espaço público em prol da mobilidade.
Revista Auto Bus
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