Créditos: Guilherme Rodrigo Pereira/Ônibus Brasil
Todos os dias cerca de 32 milhões de automóveis congestionam as vias urbanas do Brasil. Com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), concedida pelo governo federal à indústria automobilística neste ano, as estatísticas de carros nas ruas só tendem a aumentar. E com elas, os congestionamentos, a poluição, a queda na produtividade e os desperdícios de combustível e horas de trabalho.
Um estudo realizado pelo Citigroup, com base em dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e da Associação Internacional de Transporte Público (UITP), avalia que o principal motivo de piora no trânsito nas grandes cidades é o excesso de veículos. O fator é comum a todas as cidades problemáticas. O levantamento acrescenta que o trânsito resulta em uma perda de 5% na produtividade do Brasil. Os prejuízos econômicos chegam a bilhões de reais.
Há décadas que os países desenvolvidos veem buscando uma solução para esse caos. Uma mobilidade urbana eficiente, segura e confortável passou a ser sinônimo de excelência em qualidade de vida. A alternativa mais aclamada e copiada foi encontrada aqui mesmo, mais especificamente no sistema de transporte público de Curitiba, no Paraná, que implantou em 1974 um modelo hoje conhecido mundialmente: o BRT (Bus Rapid Transit, em tradução Sistema Rápido de Ônibus).
O BRT basicamente segue as características de desempenho e conforto dos modernos sistemas de transporte sobre trilhos, mas a uma fração do custo. Ele incorpora os aspectos mais valorizados pelos usuários de VLT e metrô e torna esses atributos mais acessíveis para um número maior de cidades.
Sistemas de “BRT Completo”, incluindo todas as características de alta qualidade, só foram desenvolvidos em Curitiba e Bogotá (Colômbia). Outros sistemas avançados podem ser conferidos em Jacarta (Indonésia), Quito (Equador), Brisbane (Austrália), Ottawa (Canadá) e Rouen (França).No total, 80 cidades nos seis continentes já implementaram sistemas BRT.
Um sistema completo: Na visão do usuário do ônibus, um sistema competitivo com o carro é aquele que consiga apresentar vantagens similares quanto ao tempo total de viagem, ao conforto, ao custo e à conveniência. Esse é o principal desafio do sistema de transporte público e a principal vantagem do BRT: a baixos custos, é possível atender a todas essas expectativas ideais do passageiro.
Ao se implementar um sistema BRT compra-se um conceito. Não é apenas um ônibus novo, uma via segregada ou infraestrutura acessível. Tudo torna-se essencial ao conjunto. Conseguir uma alta capacidade e uma alta velocidade depende de uma série de características de projeto operacional,como múltiplas posições de parada nas estações, serviços expressos e de poucas paradas, veículos articulados e com múltiplas portas, pagamento e controle de pagamento fora do ônibus, bons espaços nas estações, entre outros.
Curitiba se transformou em uma cidade de sucesso urbano, renomada em todo mundo, após a implementação do BRT. Junto a ele vieram projetos sociais inovadores, zonas de pedestres e espaços verdes. Muitas outras cidades brasileiras seguiram o exemplo com sistemas básicos, como São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. O sistema BRT de São Paulo é atualmente o maior do mundo com 142 quilômetros de vias de ônibus exclusivas atendendo mais de 2 milhões de viagens todos os dias.
O maior sucesso internacional de BRT está em Bogotá, na Colômbia. O Transmilênio, inaugurado em 2000, engloba 84 quilômetros de corredores troncais e 420 quilômetros de linhas alimentadores. Hoje o sistema atende por dia 1,2 milhão de viagens. Quando o sistema inteiro estiver completo, previsto para 2015, estima-se que 5 milhões de viagens serão atendidas em uma rede de 380 quilômetros.
BRT Brasil
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