Créditos: Revista Algo Mais/Divulgação
A frota nacional de automóveis e comerciais leves cresceu 8% em 2012 ante 2011, conforme mostra o mais recente estudo do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). Metade dos brasileiros adultos já utiliza transporte privado para se locomover, incluindo motocicletas, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
Cidades como a capital paulista já têm dois habitantes por automóvel, paridade próxima à de regiões desenvolvidas, como Estados Unidos e Europa.
Fora dos principais centros consumidores, a média é de 8,8 habitantes por veículo, ante uma média brasileira de 5,2 pessoas por carro. Há uma década, essa paridade nacional era de 8,2 habitantes por veículo.
Apenas cinco Estados - São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná - concentram 72% da frota. Nessas localidades, a média de habitante por veículo varia de 2,9 a 5,2 (ver quadro).
A indústria automobilística conta com as regiões menos motorizadas para manter o ritmo das vendas e chegar em 2017 com números próximos a 5 milhões de veículos ao ano, conforme projeta a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Na última década, as vendas de carros novos cresceram a taxas médias de 7% ao ano, e a de motocicletas, de 13% ao ano. Já o número de passageiros que utiliza o transporte público caiu 25% no mesmo período.
"Nos últimos anos, houve uma tendência clara de fortalecimento do transporte individual em detrimento do transporte público", diz Carlos Henrique Carvalho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), especializado em transporte.
O estudo do Sindipeças mostra que a frota brasileira aumentou 80% desde 2002 e encerrou o ano passado com 35,8 milhões de automóveis e comerciais leves, número que sobe para 38 milhões se forem incluídos caminhões e ônibus. A de motos praticamente quintuplicou - de 2,5 milhões de unidades há dez anos para 12,4 milhões.
Mais jovem. Da frota de veículos, 43% têm até cinco anos de uso, participação que era de 33% há dez anos. Modelos com 6 a 15 anos são 37% do total em circulação e aqueles com 16 a 20 anos são 16%. Os mais velhinhos, com mais de duas décadas, correspondem a 4% da frota (ante 6% há dez anos).
"A frota antiga é mais concentrada nas periferias e só deve ser reduzida significativamente se houver um programa de renovação, com incentivos fiscais", diz o conselheiro do Sindipeças, Elias Mufarrej.
Para o presidente da Anfavea, Luiz Moan, a atual taxa de motorização brasileira, comparada com vários outros países, "ainda é incipiente", por isso o País continua atraindo novos investimentos no setor. Exemplos são a alemã BMW e as chinesas Chery e JAC, que estão construindo fábricas no País.
A taxa de motorização é de 1,3 pessoa por veículo nos EUA, de 1,6 no Canadá, de 1,7 no Japão, Espanha e França, de 1,8 no Reino Unido e Alemanha, de 2,7 na Coreia do Sul, de 3,6 no México e de 3,7 na Argentina, segundo dados da consultoria PriceWaterhouseCoopers (PwC).
"Em muitos desses países há transporte coletivo eficiente e as pessoas continuam comprando automóveis", diz Moan. "Olhamos muito para a cidade de São Paulo, que está perto de manter apenas um mercado de substituição, mas nas demais regiões há espaço para crescer."
As Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste passam a ser alvo da indústria e também têm atraído investimentos. A Fiat está construindo nova fábrica em Pernambuco e a JAC, na Bahia.
Dados da Anfavea mostram que, de 2002 para cá, as vendas de automóveis e comerciais leves na Região Norte cresceram 234%, para 158,9 mil veículos no ano passado. No Centro-Oeste, a alta foi de 223% (362,3 mil) e no Nordeste, de 201% (567,2 mil). No Sudeste, a alta foi de 137% (1,8 milhão) e no Sul de 159% (718 mil). Na totalidade do mercado brasileiro, as vendas desse segmento saltaram de 1,39 milhão de unidades para 3,63 milhões, uma alta de 160%.
'Desmotorização'. Na opinião do sócio da PwC, Marcelo Cioffi, o Brasil ainda está longe da "onda de desmotorização" que começa a surgir em países desenvolvidos, onde parte da população, especialmente jovens, não quer mais ter automóvel. "O Brasil, assim como os demais países em desenvolvimento, como China e Índia, ainda está na fase da motorização."
Cioffi concorda que, embora nos grandes centros a paridade entre habitantes e veículos é cada vez menor, nas demais regiões há espaço para crescer. "O processo de 'desmotorização' vai depender da evolução dos investimentos no transporte público e das políticas de restrição ao uso do carro, medidas que podem definir mudanças na forma de usar o automóvel."
O Estado de São Paulo
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