Créditos: Guto de Castro/Maxi Ônibus Olinda
Estopim das manifestações iniciadas neste ano no Brasil, a Mobilidade urbana está no centro das discussões sobre as cidades inteligentes. Mas apesar de haver questões tão básicas como tarifas de transporte público, fragilidade do serviço e aumento dos congestionamentos, já se pensa em trocar o foco nos veículos pelo foco nas pessoas, dando prioridade a conceitos como multimodalidade, integração e compartilhamento.
Para João Paulo Amaral, gestor ambiental e especialista em Consumo Sustentável e Mobilidade do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o planejamento urbano focado em transportes, não em mobilidade, costuma provocar mais competição do que colaboração.
A Lei da Mobilidade urbana (12.587, de 2012) instituiu as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade urbana e baixou para 20 mil habitantes (antes eram 500 mil) o tamanho dos municípios que devem apresentar, até 2015, projetos feitos com participação popular e atrelados ao Plano Diretor para garantir recursos federais para a área. Entre eles estão R$ 32 bilhões do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e R$ 12 bilhões do PAC-Copa, aos quais se somaram, depois das passeatas, mais R$ 50 bilhões.
São Paulo, apesar de encabeçar a lista de verbas solicitadas (R$ 6,5 bilhões), nem começou o seu plano. "Em 2013 a prioridade é o Plano Diretor", diz o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Também são encaminhadas iniciativas de curto prazo, a maioria relacionada a transporte público. Ganhou velocidade a delimitação de faixas exclusivas de ônibus - serão 220 km neste ano - e até 2016 devem estar prontos 150 km de corredores segregados (BRT, na sigla em inglês). Em agosto deve começar a instalação de um sistema semafórico com programação dinâmica e está sendo preparado edital para a criação da central do Sistema Integrado de Mobilidade urbana (Simu), para integrar informações.
Curitiba pediu ao governo federal R$ 5,3 bilhões para 11 projetos. Segundo Roberto Gregório da Silva Junior, presidente da URBS, gestora do transporte público na cidade, entre as prioridades alinham-se metrô, 18 km de sistema de veículo leve sobre rodas, ampliação do sistema de BRT e a semaforização inteligente com indicação de velocidade.
Promover a Acessibilidade, aproximando o cidadão de suas demandas, é uma das principais tendências da mobilidade. O pesquisador do MIT Kent Larson sugere inspiração na dinâmica de Paris, formada a partir da união de cidades independentes que deram origem aos bairros da região central, com distribuição equilibrada de lojas, cafés e farmácias. "Uma cidade inteligente pode ter séries de vizinhança com 20 mil pessoas cada", diz. "Incentivos para aproximação de residência, trabalho e lazer reduziriam os deslocamentos", acrescenta Amaral, do Idec.
Lucas Novelino Abdala, pesquisador do ÁgoraLab, observa que o monitoramento do deslocamento espacial por sensores, inclusive dispositivos móveis pessoais, tem colaborado para identificação dos fluxos nas cidades. "O mais moderno é considerar as pessoas como tecnologia", diz. Segundo ele, outra tendência é o crescimento de soluções baseadas em compartilhamento, como de táxis, caronas, bicicletas e carros.
No Brasil, um dos principais exemplos de compartilhamento é o serviço de aluguel de bicicletas operado pela Serttel com patrocínio do Itaú, que usa o celular do usuário como meio de acesso. "São mais de 300 estações e 3 mil bicicletas em sete cidades", diz presidente da empresa, Angelo Leite. Em Pernambuco, a opção já está disponível no Recife e em Olinda.
Valor Econômico
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