Créditos: Guto de Castro/Acervo
O especialista em mobilidade urbana sustentável e professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques defendeu mais políticas públicas para o transporte coletivo, em palestra proferida a deputados do Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara, nesta quarta-feira.
Marques afirmou que as políticas neoliberais, a partir dos anos 1990, pioraram a qualidade do serviço oferecido. "A visão de que a economia de mercado resolve e de que, quanto menos o Estado participar, melhor, acabou desarticulando essas funções de Estado nos serviços públicos. E o caso do transporte urbano foi típico. Os instrumentos de regulação, de fiscalização e de planejamento foram todos desmantelados”, ressaltou.O especialista em mobilidade urbana sustentável e professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques defendeu mais políticas públicas para o transporte coletivo, em palestra proferida a deputados do Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara, nesta quarta-feira.
Na avaliação do professor, deixar tudo por conta dos prestadores de serviço, atendendo às demandas de acordo com as leis de mercado, não funciona. “O transporte é um serviço público. Precisa ser encarado como um serviço público, e não como um item de mercado."
O pesquisador elogiou a Lei 12.587/12, que lançou a Política Nacional de Mobilidade Urbana. O objetivo é que até 2015 todos os municípios com mais de 20 mil habitantes apresentem um planejamento específico para o transporte coletivo.
Além do transporte público ruim, outro desafio enfrentado pela mobilidade urbana, segundo Marques, é que as cidades estão cada vez mais dependentes do uso do automóvel. De acordo com levantamento deste ano da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção nacional cresceu cerca de 70% entre 2002 e 2012.
Entre as medidas sugeridas pelo professor da UnB Paulo César Marques, estão a cobrança de estacionamento rotativo para automóveis e a implantação de corredores e faixas exclusivas para o transporte público.
Carro x ônibus
O deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC) ressaltou que sai mais em conta andar de carro do que de ônibus. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que os subsídios diretos ao transporte individual – como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – são 11 vezes maiores do que os concedidos ao transporte coletivo.
"Nós estamos com um transporte coletivo mais caro do que o transporte individual. É quanto de gasolina? Eu vou gastar R$ 6 para ir e voltar. E, se vou gastar R$ 7 ou mesmo R$ 6 para ir de ônibus, vou no meu carro. E a mobilidade fica cada vez mais difícil, porque as filas ficam intermináveis. O cidadão das grandes cidades já perde grande parte do seu tempo no trânsito", afirmou Benedet, que vai elaborar um relatório do colegiado contendo sugestões de especialistas e propostas legislativas para incentivar a população a trocar o carro pelo ônibus.
Agência Câmara
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