Créditos: Roberta Soares/Blog De Olho no Trânsito
O improviso predominará na operação dos BRTs (Bus Rapid Transit) na Avenida Conde da Boa Vista, Centro da capital, por onde passam 22% das linhas do sistema de transporte público da Região Metropolitana do Recife. As seis estações de BRT que estão sendo implantadas às pressas na via (quatro delas já em obras) vão descaracterizar ainda mais o modelo em Pernambuco. Alguns dos princípios básicos do BRT estão sendo ignorados pelo governo do Estado exatamente por causa da urgência em iniciar a operação antes da Copa do Mundo. As estações não terão embarque em nível, nem ar-condicionado. Ficarão com as portas abertas enquanto estiverem em operação e os ônibus terão portas do lado direito para se adequarem às estações, além de dividirem espaço na circulação com mais de 500 coletivos comuns.
A necessidade em encontrar uma solução a curtíssimo prazo – a operação do Corredor Leste-Oeste está prevista para começar em abril, ainda como teste – deixou a Secretaria das Cidades sem opções. A saída foi partir para o improviso, o que não deverá agradar aos passageiros que utilizam a Conde da Boa Vista e costumam reclamar das condições de operação e manutenção do corredor existente na via. O Estado apressa-se em garantir que o ar de improviso será, de fato, provisório, mas também não consegue dar uma previsão de quando e se a Conde da Boa Vista um dia será adequada para receber apenas o sistema de BRT.
“Não posso dar prazos. Posso dizer que a construção de seis estações provisórias foi a solução que encontramos para atender a boa parte dos 68 mil passageiros que todos os dias passam pela via. Não podíamos simplesmente tirar todos os ônibus convencionais, que operam 78 linhas vindas das mais variadas áreas da cidade. Se pensou em fazer uma transferência no Derby, mas seria algo difícil de operacionalizar, principalmente com as restrições de preservação que envolvem a praça. O jeito foi pensar em paradas diferentes para os ônibus comuns e os BRTs”, explica o diretor de Operações do Grande Recife Consórcio, André Melibeu.
Cada estação provisória de BRT a ser instalada na Conde da Boa Vista custará R$ 316 mil, totalizando um investimento de R$ 1,9 milhão – dinheiro que, provavelmente, será perdido quando as estações definitivas de BRT forem erguidas. A principal perda para o passageiro – que afetará o ganho de tempo na viagem do BRT – será a ausência do embarque em nível. Nesse caso, o passageiro terá que descer degraus que serão instalados nos veículos de BRT que estão sendo adquiridos pelos operadores para chegar à estação. O fato de as paradas também não terem ar-condicionado incomodará porque, segundo o Grande Recife, as portas das estações permanecerão abertas o tempo em que o sistema estiver funcionando.
Dessa forma, os riscos de evasão de receita serão grandes – quando passageiros entram sem pagar. “Teremos que ter fiscalização permanente. Por outro lado, a passagem será paga na estação, e não mais no ônibus, o que agilizará a operação. E os BRTs terão ar-condicionado, o que representa conforto para o usuário. Não é o ideal, sabemos, mas foi a solução encontrada até que, junto com a Prefeitura do Recife, seja decidido uma solução para a Conde da Boa Vista”, defende Melibeu.
Créditos: Roberta Soares/Blog De Olho no Trânsito
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