Apache VIP III, um dos lançamentos da Caio esse ano. Créditos: Caio/Divulgação
O ano de 2012 está chegando ao fim e era tudo o que as produtoras de carrocerias e de chassis de ônibus queriam. Uma série de fatores contribuiu para que o setor de veículos pesados registrasse retração nas vendas. Entre os principais estão a desaceleração do ritmo da economia brasileira, que deve registrar um PIB bem abaixo de qualquer expectativa e a mudança de tecnologia de restrição de emissão de poluição, com base nas normas internacionais Euro V, que deixou os ônibus e caminhões menos poluentes, porém mais caros.
A Fabus – Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus – estima que o ano de 2012 registre a produção de cerca de 33 mil carrocerias. A perspectiva é de uma queda de aproximadamente 7% em relação a 2011. E por mais irônico que isso possa parecer, não é nada mal.
Primeiro porque o ano de 2011 foi atípico. As vendas foram acima da média. Segundo a Fabus, em 2011, foram feitas 35531 carrocerias de ônibus. O alto número se explica justamente por causa da antecipação das renovações de frotas feitas por empresários de ônibus. Para aproveitarem os ônibus com tecnologia baseada nas normas Euro III, que eram mais baratos e poderiam ser produzidos até dezembro do ano passado, muitos empresários fizeram em 2011 as compras que planejavam para 2012.
Além disso, é bom ressaltar que uma queda de 7% é menor do que o mercado esperava. No início do ano, a previsão era de que a queda de vendas de carroceria ficasse entre 15% e 20%. Assim, baixa de 7% na comparação com um ano recorde, não é tão desalentador.
O mercado interno foi o grande responsável pelas encomendas de carrocerias. Algo que já é uma tendência e que também ganha como mais um ingrediente a crise econômica internacional que restringiu os investimentos em diversos países.
De maneira geral, o mercado interno consumiu neste ano até novembro 87% das carrocerias produzidas no Brasil. O restante foi exportado em sistema de CKD (desmontado) ou já em carrocerias prontas.
No entanto, foi justamente o mercado externo, mesmo proporcionalmente menor em quantidade, que garantiu que a queda não fosse maior.
A Caio divulgou nesta sexta-feira os percentuais de produção referentes ao acumulado do ano até agora.
Segundo a encarroçadora, houve queda de 5% em unidades produzidas. No entanto, a participação da empresa subiu 4% no mercado geral e 5% no segmento de urbanos.
A Caio credita isso aos investimentos em novos modelos e reestiizações. Em 2012, a empresa entrou para o segmento de ônibus para corredores exclusivos e sistemas mais avançados de serviços urbanos, os BRTs – Bus Rapid Transit. Com o lançamento dos modelos Millennium BRT biarticulado, articulado e alimentador, a Caio aposta num segmento que tende a crescer nos próximos anos. A maior parte das cidades que vão sediar a Copa do Mundo de 2014 optou por sistemas de corredores de ônibus como solução de mobilidade. Isso deve aumentar a demanda por estes ônibus urbanos que possuem diferenciais em relação aos modelos comuns, com mais itens de conforto e tecnologia e consequentemente com maior valor agregado. A solução de corredores de ônibus não se limita apenas às cidades que vão sediar os jogos da Copa. Os BRTs são indicados para médias cidades e até pequenos municípios também.
Apesar do crescimento dos sistemas de corredores, ainda vão predominar no mercado de ônibus, os veículos urbanos com motorização dianteira. E nesse segmento (com destaque para os modelos de 17 toneladas de PBT), que é o maior e representa cerca de 40% de todo o mercado de ônibus, a Caio continuou liderando com o modelo Apache Vip.
Também neste ano, o Apache passou por reestilizações, tanto nos conjuntos óticos e grades, como em novos conceitos de poltronas, para manter e ampliar este posto de liderança da encarroçadora de Botucatu, interior paulista.
Segundo a Caio, as vendas do modelo Solar, voltado para os segmentos de fretamento contínuo ou receptivo, alcem de rodoviário de curta distância, tiveram elevação de 100%. A busca agora da Caio deve ser se firmar no segmento de rodoviários de médias e longas distâncias de alto padrão.
A participação do modelo Giro é muito pequena e este é um mercado que também não pode ser desprezado. Por conta dos eventos internacionais, da licitação da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres e das estimativas de crescimento do turismo, inclusive, com a participação de camadas de menor renda viajando, o segmento de rodoviários também deve registrar crescimento.
E quando se fala neste setor, a Caio acompanha de perto o que ocorre com a encarroçadora Busscar, que teve falência decretada neste ano, e não nega o interesse na empresa que foi a segunda maior fabricante de veículos rodoviários do País.
O Programa Caminho da Escola, do Governo Federal, responsável pela compra de mais de oito mil ônibus destinados a transporte de estudantes em áreas de difícil acesso também estimulou a produção de ônibus neste ano e já reserva encomendas para 2013. Neste segmento, o modelo Foz Super, foi o destaque da encarroçadora.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Blog Ponto de Ônibus
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