sábado, 25 de setembro de 2010

Dia Mundial Sem Carro evidencia dependência de veículos particulares no Recife

A proposta é um ‘Dia Mundial Sem Carro’, mas as ruas do Grande Recife enfrentaram o mesmo tráfego de sempre nesta quarta-feira (22). Desconhecendo a proposta-protesto por um transporte mais ambientalmente sustentável, criada em 1997, na França, a grande maioria da população enfrentou os usuais congestionamentos.

De um lado, um grande grupo de recifenses deixou o movimento de lado mais por não conhecê-lo do que por falta de vontade em aderir à causa, a exemplo do trainee administrativo Thiago Lima, de 21 anos. “Nunca ouvi falar, mas se soubesse acho que encontraria um jeito de participar”, garantiu o trainee administrativo Thiago Lima, de 21 anos. Um segundo e majoritário grupo buscou amparo no tradicional discurso da necessidade. “Somos quatro pessoas, trabalhamos em lugares diferentes, tenho que sair deixando o pessoal. Eu preciso do carro, não teria como participar”, explica o profissional autônomo Fábio Araújo de Melo, de 30 anos.

Mas houve quem aderisse à causa e buscasse chamar a atenção para o uso excessivo de automóveis e questionar a dependência criada em torno da mobilidade particular, a exemplo da integrante do Fórum Estadual de Reforma Urbana de Pernambuco (Feru-PE), Daniela Rodrigues, uma das defensoras do protesto. Para isso, ela teve que pegar quatro ônibus para ir de Jardim Paulista, na zona norte da Região Metropolitana do Recife, à Madalena, na capital, onde trabalha, em um trajeto total de 25,8 km e 1h32. “Acabei percebendo problemas que antes não conseguia enxergar. As calçadas não oferecem mobilidade, há semáforos quebrados e os coletivos vivem lotados. No fim, senti falta do meu carro”, afirma.

Em Jaboatão dos Guararapes, um grupo de 30 pessoas, entre estudantes e funcionários públicos, decidiu ir de bicicleta ao trabalho. A iniciativa marcou oficialmente a primeira adesão do município ao protesto, que já vem sendo colocado em prática, há sete anos em mais de 60 cidades, a exemplo de São Paulo. “Fomos da Praça de Candeias até a Prefeitura, um trecho que normalmente fazemos em 30 ou 40 minutos de carro e que hoje conseguimos pedalar em apenas 20. Acabou sendo mais saudável, responsável, barato e, surpreendentemente, também mais rápido”, defendeu o pastor Waldir Benebides.

A iniciativa na segunda maior cidade do estado rendeu frutos. De acordo com o secretário do Meio Ambiente, Marcio Mendes, o grupo, que protestava por uma ciclovia será atendido a partir do próximo sábado, quando 1,5 km de área reservada a ciclistas será inaugurada na cidade. “Nos próximos meses, essa faixa será interligada à ciclovia do Recife, facilitando ainda mais a mobilidade. É uma causa justa e que merece atenção”, garantiu.

Na rede de relacionamentos Twitter, o assunto também entrou na pauta coletiva. Usuários como @mecva defendiam a iniciativa: “Hoje, 22 de setembro, é o dia mundial sem carro. Pelo menos agora a tarde eu vim trabalhar a pé”, enquanto outros ironizavam as ações das pessoas que não conheciam o projeto, a exemplo de @simozzilli: “Parabéns ao candidato Mercadante que marcou carreata no Dia Mundial sem Carro”.

Por Ed Wanderley, da redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR



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