segunda-feira, 28 de maio de 2012

CASO BUSSCAR: Justiça analisa proposta de investidores para evitar falência da encarroçadora

Assembléia que poderia resultar na falência foi suspensa. Em até 60 dias, novo encontro deve ser marcado. Grupo chinês está entre os investidores
 Ônibus da Busscar. Empresa que já foi uma das principais do País no setor de carrocerias acumula dívidas de R$ 1,3 bilhão e 26 meses de salários sem pagamento. Plano de Recuperação tinha risco de ser rejeitado e a falência decretada. Juiz suspendeu assembléia que iria decidir o caso da companhia. Investidores nacionais e um grupo chinês se mostraram interessados na encarroçadora. Créditos: Guto de Castro/Acervo

Diante da posição de três grupos: um chinês, um do setor de ônibus e outro de credores, a Justiça de Joinville, em Santa Catarina, vai analisar propostas para aquisição da encarroçadora Busscar, que em crise desde 2008, acumula dívidas na ordem de R$ 1,3 bilhão – entre impostos e débitos com credores – e vai para o 26º mês sem pagar salários de cerca de 5 mil trabalhadores, entre os vinculados ou os que já saíram da empresa mas que têm créditos a receber.

Por conta disso e da possibilidade da decretação da falência da companhia, que já foi uma das principais do segmento, o juiz Maurício Póvoas, suspendeu a Assembleia Geral dos Credores que teve início na terça-feira, dia 22 de maio de 2012.  A Assembleia iria decidir sobre a aceitação ou não do Plano de Recuperação Judicial apresentado pela Busscar.

Se as votações resultassem em rejeição ao Plano, a falência da empresa seria decretada. E os indicativos eram de que as propostas elaboradas pela encarroçadora não teriam aprovação por parte dos credores, entre bancos (privados e o BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), trabalhadores e fornecedores.

O Sindicato dos Mecânicos de Joinville, que representa os trabalhadores, já havia declarado publicamente que não era favorável ao Plano.  Outros credores, como o Banco Santander, o BNDES e ex acionistas, que têm ligação com a família Nielson, também indicavam que rejeitariam as propostas da empresa.

A Busscar teve em outubro do ano passado a oportunidade de apresentar um Plano para se recuperar.
No entanto, os descontos sobre os débitos, que variam entre 5% e 95%, dependendo do tipo do credor, as carências e as estimativas de produção não agradaram a boa parte das pessoas e empresas que têm a receber da encarroçadora,. A companhia já destacou na história com modelos de ônibus como o Diplomata, ainda na época que se chamava Nielson, nome da família fundadora e controladora da empresa.

A Busscar previa produzir 1,8 mil carrocerias este ano, recebendo R$ 335,6 milhões. Para atingir parte desta meta, contaria com um plano do BNDES de financiamento a exportações de ônibus para a Guatemala, que ainda não saiu do papel e responderia por R$ 120 milhões do faturamento previsto.


Mas até agora, em maio, a empresa fez pouco mais de 100 unidades de carrocerias de ônibus.
Com a decisão do juiz, a Busscar mais uma vez se livra da falência.

Em entrevista ao Blog Ponto de Ônibus, na tarde desta quinta-feira, dia 24 de maio, o presidente do Sindicato dos Mecânicos de Joinville, Evangelista dos Santos, disse que, apesar da ansiedade dos trabalhadores em logo definir a questão, a entrada de novos investidores pode ser uma alternativa interessante para a categoria e outros credores.

“Nunca desejamos a falência da Busscar. Se fosse assim, poderíamos em assembléia no mês de junho de 2010 ter votado por isso. Queremos dois pontos: que os trabalhadores sejam pagos, mas que também sejam mantidos os empregos. Tudo de forma concomitante. Não adianta continuar no emprego sem receber as dívidas que são de direito e nem receber as dívidas e não ter oportunidade no mercado de trabalho. Vamos analisar as propostas agora dos investidores quando for convocada a assembléia. Um plano de recuperação é, de acordo com a lei, para recuperar a empresa e garantir o pagamento dos credores e o Plano da Busscar não possibilitaria isso em nossa visão” – disse o presidente da entidade em entrevista ao jornalista Adamo Bazani.

Os credores têm 30 dias para apresentarem novas propostas e o juiz em até dois meses deve convocar outra assembléia.  Não está descartada a possibilidade de união de credores para investirem na Busscar, que agora pode ter o capital aberto por determinação judicial.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Ônibus Brasil

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