Créditos: Guto de Castro/Acervo
Depois de firmar, em janeiro, acordo com a gestora de fundos
imobiliários RB Capital para a construção da fábrica de carrocerias de
ônibus urbanos em Lorena (SP), anunciada em julho de 2012, a Comil
pretende colocar a nova unidade em operação no quarto trimestre deste
ano. A unidade exigirá investimentos totais de R$ 110 milhões e vai mais
que dobrar a capacidade instalada atual da empresa, que pode produzir
cerca de 4 mil veículos por ano em Erechim (RS).
Segundo o diretor-geral da Comil, Sílvio Calegaro, a RB Capital
investirá R$ 57 milhões na construção da fábrica na modalidade
"build-to-suit" (sob medida para o locatário) e a arrendará para a
fabricante de carrocerias por 15 anos, renováveis por mais 15. O valor
do aluguel não foi informado. Os equipamentos exigirão aportes R$ 40
milhões, financiados com recursos próprios e pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o restante será destinado a
capital de giro.
Conforme Calegaro, a previsão é chegar ao fim de 2014 com a capacidade
instalada de um turno de produção preenchida em Lorena. Isso significa
10 ônibus por dia, ou volume anualizado de quase 2,5 mil unidades. A
Comil decidiu instalar sua segunda fábrica no Sudeste devido à
proximidade dos principais fornecedores de chassis e do maior mercado
consumidor do país. A unidade paulista empregará 500 funcionários
diretos e terceirizados, ante 2,5 mil em Erechim.
Após a inauguração da nova fábrica, a unidade do Rio Grande do Sul vai
concentrar a produção de carrocerias para ônibus rodoviários,
intermunicipais, micros e alguns modelos urbanos mais sofisticados,
disse o diretor. Em 2012, a empresa produziu 3.331 veículos, ante 4.118
em 2011, quando a unidade gaúcha operou no limite da capacidade. A
queda, conforme Calegaro, deveu-se à paralisação do mercado provocada
pela transição para a nova tecnologia de controle de emissões dos
motores a diesel no país, conhecida como Euro 5.
Para 2013 a Comil prevê uma recuperação do mercado e a produção de 3.625
carrocerias, mas com uma participação ainda muito pequena de Lorena. A
empresa também projeta um crescimento de 11,5% na receita líquida, para
R$ 518 milhões, sendo 30% provenientes do mercado externo. No ano
passado, apesar da queda na produção física, a receita líquida
permaneceu estável (R$ 464,7 milhões ante R$ 463,5 milhões em 2011)
devido à venda de produtos de maior valor, explicou o diretor. O lucro
líquido de 2012 será divulgado em março, mas foi menor do que os R$ 20,3
milhões de 2011 devido ao aumento de custos ao longo do ano passado.
Segundo Calegaro, a fabricante optou pela parceria com a BR Capital para
a construção e locação da nova fábrica para evitar a imobilização de
caixa. No ano passado a Comil também emitiu R$ 110 milhões em debêntures
não conversíveis, com vencimento em cinco anos e remuneração
equivalente a 130% da taxa DI. A operação foi combinada com um
empréstimo de R$ 70 milhões do programa BNDES-Exim (para exportação) e
serviu para antecipar o alongamento do perfil da dívida da companhia, já
que metade do passivo financeiro de R$ 242 milhões registrado no fim de
2011 venceria entre maio e julho deste ano, explicou o diretor.
Valor Econômico/Unibus RN
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