Trólebus da extinta CTU, em Olinda.
Créditos: Sérgio Martire/Acervo
Créditos: Sérgio Martire/Acervo
Pelo fato de os veículos usarem uma fonte de energia mais abundante em diversas regiões e terem equipamentos mais duráveis e desgastarem menos as peças, economicamente, o uso dos ônibus elétricos é vantajoso também.
E estes ganhos foram apurados num inédito estudo mundial feito pelo BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, pela Fundação Clinton para cidades sustentáveis e pela rede C 40, que é o Grupo das Cidades Líderes pelo Clima.
Entre junho de 2011 e outubro de 2012 foram testados 16 ônibus com diferentes tecnologias em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Santiago (no Chile) e Bogotá (na Colômbia). Os resultados mostraram que os ônibus com tecnologia limpa, elétricos, têm custos de operação até 75% menores que os veículos a diesel, mesmo em relação aos mais modernos.
O diretor da Rede C 40 no Brasil, Adalberto Maluf, que acompanhou o estudo, disse que a aquisição inicial dos ônibus elétricos tem custos maiores, mas que este investimento a mais é coberto pelos gastos menores em consumo de combustível e manutenção, já que os equipamentos dos trólebus e híbridos tendem a se desgastar em tempo maior. Além disso, pela elevação tecnológica e aumento de escala, os ônibus elétricos têm ficado mais baratos.
Trólebus da extinta CTU, rodando na Av. Dantas Barreto, centro do Recife.
Créditos: Sérgio Martire/Acervo
Em nota a imprensa, Adalberto Maluf, disse que a partir do sexto ou do sétimo ano de uso, a compra de ônibus elétrico se torna mais barata em comparação a aquisição de um ônibus convencional, levando em consideração os custos operacionais.
“Se pensarmos em um ciclo de vida completa, os ônibus elétricos já são mais econômicos do que os ônibus a diesel. A partir do sexto ou sétimo ano de operação, os elétricos já se tornam muito mais baratos considerando todos os custos de operação. Além disso, existe um grande beneficio para a saúde pública, já que eles não emitem poluentes e também reduzem muito o barulho e desconforto dentro dos ônibus, porque, em geral, eles têm piso baixo total”, afirma Adalberto.
Adalberto Maluf ainda defende que os corredores de ônibus, que apresentam viário melhor, o que pode reduzir a possibilidade de queda das alavancas dos trólebus, e espaço para ônibus maiores, abriguem redes de ônibus elétricos.
“Os corredores podem ter um lado ruim se operados (somente) com ônibus a diesel, já que podem concentrar poluentes. Por isso, o uso de tecnologias mais limpas tem o beneficio de reduzir emissões de poluentes nos corredores, além de ter um custo operacional menor por veículo se contabilizada toda sua vida útil”. – diz ainda em nota.
NO MUNDO:
Diversas cidades em todo o mundo já adotaram ônibus elétricos híbridos ou ônibus elétricos totais/puros nos sistemas de BRT – Bus Rapid Transit (corredores de ônibus modernos e segregados) ou mesmo nas vias compartilhadas com os carros.
Na China, por exemplo, quase todas as médias e grandes cidades possuem sistemas com ônibus elétricos.
Na Europa, mesmo com grandes redes de metrô e trens de subúrbio, os ônibus elétricos e híbridos são presentes. Na Inglaterra, até algumas unidades dos veículos de dois andares, marcas que caracterizam o País, já são de tecnologia elétrica – híbrida.
Estados Unidos e Canadá contam também com milhares de unidades elétricas e a intenção destes países é aumentar ainda mais esta frota.
NO BRASIL:
O País tem um potencial enorme para o retorno em maior número de ônibus não poluentes. Na esteira da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, há diversos sistemas de BRT em todo o País em construção. Estes espaços poderiam abrigar ônibus que poluem menos e duram mais, na visão de Adalberto Maluf.
O Brasil, que já esteve entre os 20 países com a maior rede de trólebus do mundo, hoje possui apenas 3 sistemas, todos no Estado de São Paulo: na Capital, operado pela Ambiental Trans basicamente na zona Leste e no Centro, no Corredor Metropolitano ABD, servido pela Metra na Capital e ABC Paulista, e, em Santos, com poucos veículos operados pela Viação Piracicabana.
Mesmo assim, a demanda por trólebus e ônibus elétricos híbridos tem aumentado, devido a encomendas internacionais e à renovação de frota, em especial de São Paulo e do ABC Paulista.
De acordo com a fabricante brasileira Eletra, localizada em São Bernardo do Campo, nos últimos doze meses, a produção mensal saltou de dois para quinze ônibus elétricos. O número de funcionários quase quadruplicou, passando de 20 empregados para 76 neste período.
O Brasil possui condições técnicas, reconhecidas até mesmo internacionalmente, para se tornar um dos maiores produtores de ônibus com tecnologia limpa no mundo. No ano passado, a Volvo começou a fabricar ônibus elétricos híbridos, em Curitiba, no Paraná, e já fez entregas para a cidade e em breve, deve ter veículos circulando na Capital Paulista.
Faltam ainda visão e sensibilidade do poder público de criar sistemas de ônibus de alta capacidade, mas que sejam menos poluentes e barulhentos. Embora é importante destacar que, mesmo movido a diesel , o ônibus já traz vantagens ambientais, pois um único veículo convencional pode substituir 40 ou 50 carros de passeio, o que reduz o trânsito e a poluição. Por passageiro, qualquer tipo de ônibus polui muito menos que um carro de passeio. Imagine então um ônibus elétrico?
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Blog Ponto de Ônibus
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