quarta-feira, 21 de março de 2012

Volare já comercializou mais de 100 unidades baseadas nas normas de combate a poluição Euro V

Empresa quer ampliar a participação no mercado de minionibus de 60% para 80% em dois anos e estar mais presente no mercado internacional

Volare apresentou nova linha de miniônibus que seguem as determinações de redução de emissão de poluentes previstas no Programa Nacional de Controle de Poluição de Veículos Automotores fase P 7, baseadas nas normas européias Euro V. As reduções de materiais particulados podem chegar a 80%. Volare já comercializou 100 unidades com a nova tecnologia e não há mais veículos Euro III no estoque. Foto: Adamo Bazani


Mesmo a comercialização de ônibus com tecnologia mais antiga de redução de poluentes baseada nas normas nacionais que seguem as regras Euro III sendo permitida até março, algumas fabricantes já vendem apenas veículos que seguem as normas novas, com base na Euro V. Isso porque os estoques acabaram.

É o caso da Volare, do Grupo da Marcopolo, líder no segmento de miniônibus no mercado nacional, com 60% das vendas. Os estoques de produtos Euro III se esgotaram e agora a fabricante só comercializa ônibus com a nova tecnologia que pode reduzir em 60 % a emissão de óxidos de nitrogênio e em até 80% em média de materiais particulados, caso seja usado o diesel S 50 (com menos partículas de enxofre em sua composição).

Milton Susin, gerente da Volare, diz que a venda de modelos novos baseados nas normas Euro V não se deve apenas ao fato de os modelos Euro III terem se esgotado pela procura maior para antecipação de renovação de frota. Antes mesmo dos ônibus com tecnologia mais antiga sumirem do estoque de 760 veículos que a empresa tinha, já havia compradores que procuravam pela nova motorização.
“Tivemos clientes que faziam questão de comprar os ônibus que já seguem as novas normas. Eles pediam já o Euro V, mesmo como Euro III ainda em estoque. E não foram poucos clientes. O temor em relação à mudança de tecnologia está mudando e tende a desaparecer com o tempo” – disse o executivo da Volare.

Segundo a empresa, mais de 100 miniônibus com os novos padrões de emissão já foram comercializados este ano dos 550 produzidos pela empresa desde 20 de janeiro. “Essa diferença entre 550 ônibus produzidos e 100 comercializados, com um estoque de cerca de 450, parece muito alta. Mas está dentro do padrão do mercado deste tipo de veículo. Oitenta por cento aproximadamente de nossas vendas são no varejo, ou seja, é diferente das vendas dos ônibus grandes que em sua maioria são feitas para os frotistas grandes. A Volare vende para o dono de pequenas quantidades de ônibus ou mesmo de um veículo só. E esse cliente quer chegar à loja e comprar o seu veículo, sem ter de esperar encomendas que levem até três meses para serem produzidas. Assim, precisamos ter uma margem de estoque. É semelhante ao comércio de veículos de passeio. O cliente quer soluções inteiras, não comprar um chassi, depois a carroceria e esperar a encomenda” – disse Susin.

A procura de miniônibus com motorização baseada nas normas Euro V, mesmo quando ainda havia modelos da tecnologia mais antiga Euro III, mostra que o comprador deste tipo de veículo está mais consciente das vantagens não apenas ambientais, mas operacionais e econômicas da nova versão.
E a Volare dá exemplos com base nos modelos de ônibus leve que produz.

Um ônibus de tecnologia Euro III, do porte dos veículos da Volare, com os motores mais antigos e sem a utilização de um agente para tratar os gases da combustão, o ARLA 32 – Agente Redutor Líquido Automotivo, percorrendo uma média 8 mil quilômetros por mês gastava no período R$ 3 mil 331,32 de óleo diesel. O mesmo veículo, com a mesma quilometragem, mas já utilizando os motores de nova tecnologia consegue consumir menos diesel. O Euro III, nestas condições, tinha consumo mensal de 1633 litros e o Euro V queima 1455 litros. O custo com o combustível, já com preços reajustados, cai de R$ 3.331,32 para R$ 3.055,50.

No entanto, alguns modelos que seguem as normas Euro V, além de diesel, necessitam da adição do ARLA 32 (Agente Redutor Líquido Automotivo), feito com base de 32% de uréia industrial, quando a tecnologia escolhida for a de redução catalítica, a SCR – Selective Catalytic Reduction. Em média, para cada 32 litros de diesel é usado 1 litro de ARLA, o que dependende do consumo e da utilização do ônibus, significa 1 abastecimento de 1 tanque de ARLA para de 3 a 5 tanques de diesel, sendo o tanque de ARLA de dimensões bem menores.

Levando em conta que o litro do ARLA está custando em média R$ 2,70, no exemplo citado acima, no qual um ônibus de pequeno porte rodando 8 mil quilômetros por mês gasta R$ 3.055, 50, ele consumira o equivalente a R$ 121,50 do fluido redutor.

Assim, o custo real de operação em relação ao consumo de um ônibus pequeno Euro V seria de R$ 3.176,50 (R$ 3.055,50 de diesel + R$ 121,50 de ARLA). Mesmo com o agente redutor, segundo as contas apresentadas pela Volare, os custos seriam menores que os ônibus de tecnologia Euro III, que estão saindo do mercado de ônibus novos, cujos gastos com combustível seriam de R$ 3 mil 331,32.
Fora este fator, a empresa diz que os motores Euro V têm durabilidade em média 20% maior. Os ciclos de manutenção, ou seja, os prazos de manutenção periódica dos ônibus também são maiores, o que significa menos gasto com peças de reposição, menor desgaste e mais disponibilidade dos ônibus para os serviços, o que representa rentabilidade para o dono do veículo.

O torque e a potência dos ônibus também aumentaram. Os motores de alguns minioinbus que eram de 155 cavalos com a tecnologia Euro III subiram para 162 cavalos seguindo as normas Euro V. Já o torque em alguns modelos pequenos que era de 550 Nm passou para 600 Nm. O nível de ruído também é menor nos novos motores, segundo a fabricante Volare.

VAI TER ARLA 32 E S 50 PARA TODO O MERCADO?
No início deste ano diversos operadores de transportes, tanto de cargas como de passageiros, se queixavam da falta do Diesel S 50 em vários postos de combustíveis. Para os frotistas de ônibus de grande porte, a carência foi menos sentida já que as empresas compram diretamente das distribuidoras.
A situação mais difícil era com os transportadores autônomos.

E esse é boa parte do perfil do cliente da Volare. Transportadores que possuem um ou poucos veículos e que atuam operacionalmente em seus próprios negócios e não somente na área administrativa.
Segundo a ANP – Agência Nacional do Petróleo, a situação foi de ajuste e os transportadores não devem ficar sem o Diesel S 50. Foi cogitada pelo mercado a possibilidade da importação em maior escala do combustível, algo não confirmado pelo governo.

Quanto ao ARLA 32, a preocupação em relação a uma possível falta do produto também rondou o mercado. A Volare diz que em suas principais unidades distribui o ARLA 32. O líquido não é perigoso em relação ao manuseio e contaminação e nem inflamável.

Outra queixa em relação ao ARLA 32 é sobre o preço do fluido. Hoje o litro custa aproximadamente R$ 2,70, valor superior que o litro do diesel. Situação que pode mudar, de acordo com o coordenador de engenharia comercial da Volare, Heiko Flöther. “Acreditamos que com a maior demanda, o ARLA 32 vai ter uma redução de preço. É questão de tempo e ajuste do próprio mercado. O ARLA não é um produto extremamente complexo” – disse Heiko.

Ele defende a tecnologia de redução catalíca seletiva, SCR – Selective Catalyst Reduction, que usa o ARLA 32 para veículos do porte de miniônibus. “O aproveitamento destes motores é maior e há menos desgaste dos componentes. A economia deste tipo de motor é mais ampla também. O resfriamento é melhor.” – explica Heiko Flöther.

Além do SCR, o mercado oferece outra tecnologia para atender às normas de redução de emissão de poluentes. Trata-se do EGR – ExhaustGas Recirculation (Recirculação de Gases de Exaustão). Como o próprio nome sugere, os gases gerados pela queima do combustível recirculam dentro do motor e são admitidos pelos cilindros. O processo também reduz a emissão de Óxidos de Nitrogênio. A emissão de óxidos de nitrogênio é decorrente do aquecimento da câmara de combustão do motor quando há associação com o oxigênio.

Na medida em que o motor absorve novamente parte destes gases, ele aproveita melhor a queima e há um esfriamento na câmara de combustão, o que reduz a emissão de Óxido de Nitrogênio, que ocorre justamente pelo calor dentro da câmara. O EGR dispensa o uso de ARLA 32. De acordo com Heiko Flöther, em alguns casos, há a possibilidade de os motores do tipo EGR terem um desgaste mais prematuro.

“Por isso que para ônibus de pequeno porte mas que têm uso intenso, acredito ser o sistema de redução catalítica o mais indicado. A durabilidade é maior e vai dar menos trabalho de manutenção. O tratamento dos gases não se dá no motor, e sim no catalisador do ônibus. O ARLA 32 provoca uma reação química e transforma o óxido de nitrogênio em nitrogênio puro e vapor” – explicou.

NOVA LINHA:
Nesta sexta-feira, dia 16 de março de 2012, a Volare apresentou à imprensa a nova linha de veículos que atendem às normas de redução de poluentes. Esteticamente, houve poucas alterações nos ônibus.
A grade frontal se tornou mais harmônica e em vez de os frisos horizontais ganhou formas como de favos.

Além disso, os modelos têm a opção de ar condicionado de teto, que distribuiu melhor por dutos o ar refrigerado nos veículos, com possibilidade inclusive de saídas individuais de ar. As mudanças maiores se concentraram no sistema de operação e gerenciamento dos motores quanto à emissão de poluição. Os chassis ganharam os avanços eletrônicos e químicos além do tanque de ARLA 32. “Os veículos poluem agora bem menos, obedecem à legislação, têm menor consumo e manutenção facilitada” – garante Milton Susin.

A adaptação das carrocerias aos novos chassis exigiu estudos mas nenhuma mudança que comprometesse a funcionalidade e o design dos ônibus. Até mesmo para os veículos destinados ao Programa Caminho da Escola não houve alterações em relação ao desempenho dos ônibus. A presença do tanque a mais para o ARLA e de outros componentes não influenciou também no fato de os veículos do Caminho da Escola normalmente enfrentarem condições difíceis de tráfego, como em terrenos desnivelados, estradas de terra e até regiões alagadas.

“O tanque de ARLA fica numa posição bem protegida e não temos problemas em relação a lei da balança pelos miniônibus serem leves.” – explicou o diretor da Volare, Milton Susin.
A nomenclatura da linha de veículos não mudou também. Ela é composta pelos seguintes modelos:
LINHA V:
Volare V 5: Motor Cummins ISF 3.8, 152 cavalos, com torque de 450 Nm a 1500 rpm. A transmissão é Eaton FS 2305 C. A capacidade do tanque de ARLA 32 é de 19 litros. Comprimento Total 5.755 mm. PBT – Peso Bruto Total: 5 mil 250 quilos
Volare V 6: Motor Cummins ISF 3.8, 152 cavalos, com torque de 450 Nm a 1500 rpm. A transmissão é Eaton FS 2305 C. A capacidade do tanque de ARLA 32 é de 19 litros. Comprimento Total: 6 mil 535 mm / 7 mil 385. Peso Bruto Total – 6 mil 100 quilos.
Volare V 8: Motor Cummins ISF 3.8, 152 cavalos, com torque de 450 Nm a 1500 rpm. A transmissão é Eaton 4505 C. A capacidade do tanque de ARLA 32 é de 19 litros. Comprimento Total: 6 mil 535 mm / 7 mil 385mm / 7mil 500 mmm. Peso Bruto Total – 7 mil 850 quilos.
LINHA W:
Volare W 8
: Motor MWM – MaxxForce 4.8, 165 cavalos, com torque de 600 Nm a 1200 rpm – 1300 rpm. A transmissão é Eaton FSO 4505 C. A capacidade do tanque de ARLA 32 é de 19 litros. Comprimento Total: 8 mil 865 mmm. Peso Bruto Total – 8 mil 500 quilos.
Volare W 9: Motor MWM – MaxxForce 4.8, 165 cavalos, com torque de 600 Nm a 1200 rpm – 1300 rpm. A transmissão é Eaton FSO 4505 C. A capacidade do tanque de ARLA 32 é de 19 litros.
Há também o modelo DW 9 que conta com motor Mercedes Benz OM 924 LA. Já a versão de carroceria W9 Limousine traz uma opção de luxo e conforto para o mercado. O interior não deve em nada para os veículos de passeio de luxo. As poltronas são mais largas, possuem telas individuas em LCD para exibição de vídeos e filmes durante a viagem, piso de madeira, combinação de tecidos, materiais plásticos e madeira que dão um tom de requinte. Os fones de ouvidos são ligados a três canais para o passageiro escolher o que ouvir e assistir. E todo esse requinte não deixa de lado a questão ecológica: os materiais empregados são 100 por cento recicláveis. As luzes são de LED e os indicadores de direção dianteiro e traseiros trazem novos conceitos de visibilidade.

Os modelos da Volare são indicados para turismo receptivo, serviços de fretamento, urbanos, rodoviários, escolares e podem ser adaptados para unidades móveis como de saúde ou segurança pública.

PERSPECTIVAS DE MERCADO:
A Volare aposta alto no crescimento do mercado de miniônibus. Hoje a marca detém 60% de participação nas vendas do segmento deste tipo de ônibus. Mas em dois anos, pretende chegar a 80% do mercado. Para os próximos cinco anos não descarta a possibilidade de ter de ampliar seu parque fabril, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

Em relação à demanda maior gerada pela Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, o mercado prevê um crescimento de 23% no segmento de turismo receptivo, que transporta turistas, delegações e autoridades. Este segmento inclui veículos diferenciados como o Limousine e minis como o restante da linha Volare.

A variedade de veículos deve crescer. “Em setembro lançaremos mais um modelo especial sobre plataforma Mercedes Benz” – adiantou Milton Susin. A definição do Finame Verde pelo BNDES também deve estimular as vendas já para este ano. A linha de crédito deve financiar entre 90% e 100 % de veículos com motorização Euro V.

“O Finame Verde será essencial. Acreditamos que pela adequação do mercado e como conseqüência de uma antecipação da renovação da frota entre abril e maio deste ano, as vendas devem se acomodar e retomar o ritmo depois disso” – disse o executivo da empresa do grupo Marcopolo.

Para Milton, além da gama de opções dos modelos e qualidade do produto, o pós venda é essencial. Tanto é que a empresa investiu em mais unidades em todo o país subindo para 110 pontos de venda e atendimento ao cliente. O próximo passo é conquista exterior.

“Os produtos Volare têm presença marcante no mercado brasileiro, mas o mercado externo ainda é pequeno. A linha Volare é a boa ideia, bem implementada e na hora certa. Precisamos mostrar isso para os outros países e vamos começar mais intensamente com nossos clientes mais regulares, como Argentina, Chile e Equador” – contou Milton Susin.

ÔNIBUS AINDA POLUENTES:
Apesar dos avanços em relação à tecnologia de redução de emissão de poluentes, com o advento de soluções alternativas ao petróleo, como ônibus elétricos-híbridos, modernização dos trolebus e com sistemas que deixam a combustão do diesel menos poluente, como os aplicados nos novos modelos Euro V, o Brasil está ainda muito atrasado em relação a composição da frota. Quase metade dos ônibus brasileiros, segundo a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, não segue a Euro. Cada um destes veículos polui o equivalente a uma frota de 55 ônibus que seguem os padrões Euro V juntos.

De acordo com a Anfavea, a distribuição da frota de ônibus brasileira em relação às tecnologias de restrição de emissão de poluentes se dá desta forma:

- 43% DOS ÔNIBUS DA FROTA BRASILEIRA SÃO “EURO 0”
- 26% DE EURO 2
- 16% SÃO ÔNIBUS QUE SEGUEM AS DETERMINAÇÕES EURO 1
- 15% – SÃO DE TECNOLOGIA EURO 3
- EURO V: A produção e comercialização começaram em janeiro e há poucas unidades no mercado.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Ônibus Brasil

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